Após abrir em leve alta, o dólar opera em forte queda nesta segunda-feira, 30. A moeda dos Estados Unidos caminha para encerrar o mês com baixa ao redor de 4%, após fechar maio em R$ 5,7205.

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Às 13h30, o dólar à vista caía 0,76%, a R$ 5,4374 na venda. Já o Ibovespa, no mesmo horário, subia 0,94%, a 138.1497,679. Veja cotações.

Os investidores monitoravam as negociações comerciais dos Estados Unidos com parceiros e aguardavam comentários de autoridades no Brasil, incluindo do ministro da Fazenda e de um diretor do Banco Central.

No pregão de sexta-feira, 27, a moeda teve queda de 0,28%, encerrando a semana a R$ 5,48, registrando baixa semanal de 0,79% e, no ano, recuo de 11,26%.

De olho nos EUA

Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a baixa volatilidade da moeda norte-americana no exterior, uma vez que os investidores seguravam suas apostas antes da divulgação de uma série de dados nesta semana e enquanto avaliam o atual cenário das disputas comerciais.

Em relação ao comércio, os mercados entram nesta segunda na última semana completa antes do prazo para o fim da pausa nas tarifas abrangentes dos EUA em julho, com o presidente Donald Trump ainda sem fechar acordos comerciais com seus principais parceiros, como o Japão e a União Europeia.

Em um sinal positivo, o Canadá revogou seu imposto sobre serviços digitais voltado para empresas de tecnologia dos EUA no domingo, poucas horas antes de entrar em vigor, em uma tentativa de avançar nas negociações comerciais.

Na frente de dados, o destaque da semana será a publicação do relatório de emprego de junho nos EUA, na quinta-feira, com os agentes em busca de sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho que possam impulsionar as chances de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve.

Nos últimos dias, operadores têm elevado as apostas em reduções de juros pelo banco central dos EUA na esteira de dados moderados de inflação e da maior pressão de Trump sobre a instituição para que retome o afrouxamento da política monetária.

Um dado fraco para a criação de empregos em junho pode gerar ainda mais expectativa por cortes de juros, o que favorece o real e outros pares do dólar. No momento, operadores projetam um corte de juros em setembro.

“Ainda consideramos um corte em julho prematuro, dado o intervalo de um mês até a próxima reunião. No entanto, dependendo dos dados disponíveis, o início do ciclo de afrouxamento — que esperávamos anteriormente para dezembro — pode ser antecipado para setembro”, disseram analistas do BTG em relatório.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,09%, a 97,280.

Cenário no Brasil

Na cena doméstica, o mercado nacional deve monitorar falas do ministro Fernando Haddad e do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen.

Haddad, junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participará a partir das 11h de cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026.

Já Guillen participará de evento organizado pelo Conselho Executivo do Banco Central Europeu em função do ECB Forum on Central Banking 2025, em Sintra, Portugal.

A volatilidade do pregão pode ser afetada pela disputa pela definição da Ptax de fim de mês e trimestre. Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.

Na semana passada, operadores relataram à Reuters um fluxo maior na saída de dólares do país com a aproximação do fim do trimestre e após a derrubada pelo Congresso das novas alíquotas impostas pelo governo para o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Analistas consultados pelo Banco Central reduziram a projeção para a inflação brasileira neste ano pela quinta semana consecutiva. O Focus mostrou que a expectativa para a inflação, medida pelo IPCA, é de 5,20% ao fim deste ano, acima da previsão de 5,24% na pesquisa anterior.