O dólar ante o real passou a exibir alta leve na manhã desta sexta-feira, 19, com provável zeragem de posições vendida por algum player, mas o fôlego é curto diante da desvalorização persistente da moeda americana no exterior em manhã de apetite moderado por risco, disse José Simão Júnior, sócio da Legend Investimento.

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O mercado de câmbio ajusta posições, mas a alta é pequena porque está custoso ficar comprado em câmbio dado o patamar de juro elevado no País, observou. O arcabouço fiscal em tramitação na Câmara traz previsibilidade por tirar o risco de explosão da dívida pública ao longo dos próximos anos, mas no curto prazo há possibilidade de aumento das despesas do governo, o que vem sendo absorvido com certa cautela pelo mercado, acrescentou a fonte.

Os investidores aguardam novos dados de atividade e inflação e comentários de autoridades monetárias, como o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell (12h), e do BC brasileiro, Roberto Campos Neto, para continuar com expectativas de eventual corte de juros, afirmou.

Às 10h22, o dólar à vista subia 0,39%, a R$ 4,9870, ante mínima intradia mais cedo a R$ 4,9464 (-0,43%). O dólar junho ganhava 0,35%, a R$ 4,9950, ante mínima em baixa a R$ 4,9565 (-0,42%).

Mais cedo, o mercado de câmbio ajustou-se à desvalorização do dólar no exterior, com uma realização após ganhos ontem por expectativas de que um acordo para resolver o impasse do teto da dívida dos EUA seja fechado em breve e sinais de dirigentes do Fed defendendo o controle da inflação em meio a sinais de economia resiliente nos EUA.

Mais cedo, os operadores olharam a queda do IBC-Br de 0,15% em março ante fevereiro, com ajuste, pior que a mediana de alta de 0,30% das projeções do mercado (-1,10% a alta de 0,90%), que tem efeito limitado na curva de juros. O enfraquecimento da economia local em março, após três altas seguidas, pode gerar novas críticas do governo à política monetária do Banco Central e pressões por queda de juros. Já a alta dos retornos dos Treasuries apoia impulso leve nos juros longos.

A produção industrial no País cresceu em 11 dos 15 locais pesquisados em março ante fevereiro e, na média global, a indústria nacional subiu 1,1% em março ante fevereiro, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em São Paulo, maior parque industrial do País, houve uma alta de 0,2%.

Os investidores aguardam comentários do presidente de Jerome Powell em busca de pistas sobre os rumos da política monetária dos Estados Unidos e alguma fala sobre o teto da dívida americana. Também vão monitorar evento do Banco Central com a participação do seu presidente, Roberto Campos Neto, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em entrevista à CNN Brasil ontem, Haddad disse que as medidas tomadas pelo governo abrem espaço para que o Banco Central reduza os juros de maneira técnica. “Dentro da técnica, é possível discutir o corte de juros.” Ao defender mudanças no regime de metas de inflação, Haddad criticou a fixação de objetivos anuais para a alta dos preços. Dando como exemplo os modelos americano e europeu, o ministro manifestou preferência por metas contínuas, a serem atingidas ao longo do tempo.

No câmbio, o fluxo comercial pode ter ajudado na queda do dólar mais cedo, em meio a alta do petróleo e de algumas commodities agrícolas. Na quarta-feira, os investidores estrangeiros aportaram R$ 747,453 milhões na B3. No mês de maio, até o momento, houve uma entrada líquida de R$ 369,339 milhões na bolsa, resultado de compras acumuladas de R$ 167,323 bilhões e vendas de R$ 166,954 bilhões. No acumulado do ano, o capital externo está positivo em R$ 11,527 bilhões.

Lá fora, além de outras divisas emergentes, o yuan se fortalece ante o dólar. A moeda chinesa ganha impulso após o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) prometer conter movimentos especulativos contra a moeda do país, quando necessário, e pedir mais estabilidade no mercado cambial.