07/08/2024 - 9:53
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar recuava frente ao real nas primeiras negociações desta quarta-feira, ampliando as perdas da véspera, à medida que investidores globais deixavam de lado os temores com uma recessão nos Estados Unidos e voltavam a buscar ativos de maior risco, provocando uma recuperação dos mercados.
Às 9h38, o dólar à vista caía 0,61%, a 5,6244 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,33%, a 5,654.5 reais na venda..
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou a terça-feira em queda de 1,44%, cotado a 5,6588 reais.
Nesta manhã, os mercados globais continuavam a retomar a normalidade após amplas quedas de índices acionários e moedas de mercados emergentes na segunda-feira, fomentadas pelas preocupações de agentes financeiros por uma recessão nos EUA, o que levou a uma grande aversão ao risco.
Outro fator para as perdas em mercados emergentes, o iene vinha experimentando grandes ganhos sobre o dólar na última semana, após o Banco do Japão elevar sua taxa de juros na semana passada, com operadores apostando em ainda mais elevações dos custos de empréstimo, o que gerou a reversão de operações de “carry trade” com a moeda japonesa.
Esses dois elementos de alta para o dólar no Brasil perdiam força nesta sessão.
No caso dos temores com a economia dos EUA, investidores passaram a observar dados mais otimistas vindos do país, como a expansão do setor de serviços, assim como falas apaziguadoras de uma autoridade do Federal Reserve.
A moeda japonesa, por sua vez, passou a recuar acentuadamente ante o dólar nesta quarta, após declarações de uma importante autoridade do Banco do Japão que minimizou as perspectivas de mais aumentos de juros no país no curto prazo.
O vice-presidente do banco central japonês, Shinichi Uchida, disse que a autoridade monetária não elevará os juros quando os mercados estiverem instáveis, acrescentando que a intensa volatilidade do mercado na última semana poderia “obviamente” mudar a trajetória dos juros.
O dólar tinha alta de 1,87% em relação ao iene, a 147,00.
“O dia hoje é de um pouco mais de tranquilidade após a alta volatilidade que a gente viu nos últimos dias”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
“Os mercados ficam mais tranquilos depois de uma declaração do Banco do Japão dizendo que deve manter a política monetária mais frouxa por conta da volatilidade dos mercados”, acrescentou.
Com isso, o dólar recuava frente a uma ampla gama de moedas emergentes, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
No cenário nacional, o mercado ainda repercutia a ata da última reunião de política monetária do Banco Central, em que as autoridades sinalizaram que não hesitarão em elevar a taxa de juros em prol da convergência da inflação se julgarem apropriado.
Essa perspectiva mais “hawkish” do BC, somada às apostas de cortes de juros no Fed, o que ampliaria o diferencial de juros entre Brasil e EUA — em tese, positivo para o real –, também favorecia a queda do dólar.
Operadores projetam que o banco central dos EUA fará um corte de 0,5 ponto percentual em sua próxima reunião, em setembro.
“A ata do Banco Central foi bem dura, trazendo mais uma vez o compromisso e o olho com os movimentos ligados à inflação”, afirmou Massote.
Para ampliar as preocupações com o nível da alta dos preços, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou mais cedo que o IGP-DI acelerou sua alta mais do que o esperado em julho devido principalmente ao avanço nos preços de commodities agrícolas e minerais para os produtores.
O IGP-DI subiu 0,83% em julho, depois de avanço de 0,50% no mês anterior, acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,69%. O resultado levou o índice a subir 4,16% em 12 meses.
Na sexta-feira, o mercado analisará dados do IPCA para julho, com expectativa de analistas de um avanço de 0,35%, ante alta de 0,21% no mês anterior.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,19%, a 103,180.