O dólar acelerou o movimento de queda ante o real nos últimos minutos, em um movimento que contribuiu para reduzir o avanço das taxas futuras de juros, inclusive com os vencimentos mais longos renovando mínimas e já indicando leve viés de baixa. Esse comportamento da moeda dos EUA começou a ganhar corpo no fim da manhã, em reação a declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Às 13h30, o dólar à vista no mercado de balcão recuava 0,25%, cotado a R$ 2,4170. Na mínima, registrada por volta de 13h20, o dólar chegou a R$ 2,4150. O dólar futuro para março também renovou mínimas e, no horário citado acima, estava com baixa de 0,47%, a R$ 2,4260.

Em entrevista à revista Exame, Tombini admitiu abertamente que “o colchão de liquidez do País (reservas internacionais de US$ 376,608 bilhões) pode ser usado para diminuir o impacto da desvalorização (do real) sobre a economia”. Além disso, ele salientou que “o Banco Central vai ajustar seus instrumentos para trazer a inflação para baixo e mantê-la sob controle”. “Mas dependemos do cenário externo”, emendou.

Isso fez com que os juros subissem de forma mais intensa pela manhã. Mas ao mesmo tempo em que o dólar aprofundava suas perdas ante o real neste começo de tarde, as taxas futuras de juros desaceleravam a alta. Às 13h30, o DI para janeiro de 2015 estava em 11,42%, de 11,37% no ajuste de ontem e ante 11,48% na máxima. O juro para janeiro de 2017 marcava 12,79%, de 12,84% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2021 indicava 13,18%, de 13,32% no ajuste da véspera e logo após tocar na mínima de 13,17%.

De acordo com um profissional da área de câmbio, as palavras de Tombini limitam a valorização do dólar e podem indicar que o BC ficará incomodado com um nível maior para a moeda. E, vale destacar, um dólar mais fraco também ajuda no controle da inflação, o que não deixa de ser um instrumento para amenizar o avanço dos preços.

A reação dos juros ao leilão de títulos feito hoje pelo Tesouro foi bastante limitada. Com exceção das Letras do Tesouro Nacional (LTN) para 2015, o órgão vendeu integralmente papéis para 2016 e 2018 e ainda Letras Financeiras do Tesouro (LFT) para 2020, com custo mais alto do que na última operação do mesmo tipo. Depois do resultado, no entanto, os juros longos desaceleraram o avanço verificado mais cedo.

Nos EUA, as vendas no varejo recuaram 0,4% em janeiro ante dezembro, pior do que a expectativa de analistas de queda de 0,1%. Já o número de trabalhadores norte-americanos que entraram pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego subiu 8 mil na semana passada, para 339 mil, quando a expectativa era de recuo para 330 mil solicitações.

Com isso, as bolsas operaram majoritariamente em baixa por lá, ainda que as perdas sejam bastante limitadas quando comparadas às verificadas no mercado doméstico. Às 13h32, o Ibovespa caía 1,61%, aos 47.440,95 pontos. As ações da Petrobras seguiam em queda de perto de 3% e as da Vale de mais de 1%. Em Nova York, o Dow Jones caía 0,25% e o S&P 500 tinha queda de 0,14%. Há pouco, o BC divulgou a taxa Ptax de hoje, que ficou em R$ 2,4238, com alta de 0,63% em relação ao fechamento de quarta-feira, 12 (R$ 2,4086).