O dólar à vista emplacou nesta quinta-feira, 29, a quarta sessão consecutiva de alta ante o real, encerrando novamente acima dos R$ 5,60, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana no exterior.

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O movimento ocorreu após dados da economia dos EUA sugerirem que o Federal Reserve aplicará um corte de 25 pontos-base nos juros em setembro, e não de 50 pontos-base.

O dólar à vista fechou em alta de 1,19%, cotado a R$ 5,6227. Nos últimos quatro dias a divisa acumulou elevação de 2,61%. Em agosto, porém, ainda contabiliza baixa de 0,59%.

Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,19%, a R$ 5,6315  na venda.

Já o Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, refletindo movimentos de realização de lucros após o índice renovar máximas recentemente, mas ainda pode fechar agosto com o melhor desempenho mensal desde novembro do ano passado.

O penúltimo pregão da semana também foi marcado por um forte tombo de 24%  das ações da Azul, que tocou mínimas históricas, em meio a preocupações com eventuais opções da companhia aérea para lidar com suas dívidas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,95%, a 136.041,35 pontos, tendo marcado 136.161,41 pontos na mínima e 137.370,36 pontos na máxima da sessão. No mês, sobe 6,56%.

O volume financeiro nesta quinta-feira somava R$ 18,74 bilhões antes dos ajustes finais.

O dólar no dia

A moeda norte-americana subiu ante o real durante praticamente todo o dia, dando continuidade ao movimento mais recente e com as cotações refletindo também o avanço da divisa dos EUA no exterior.

Pela manhã, o Departamento do Comércio dos Estados Unidos informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país subiu a uma taxa anualizada de 3,0% no segundo trimestre, conforme a segunda estimativa para o indicador. O resultado representa uma revisão para cima ante a taxa de 2,8% registrada no mês passado. Economistas consultados pela Reuters não esperavam revisão.

Além disso, o Departamento do Trabalho norte-americano informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA caíram 2.000, para 231.000, com ajuste sazonal, na semana encerrada em 24 de agosto. Economistas consultados pela Reuters previam 232.000 pedidos.

Os dois dados – PIB e auxílio-desemprego – apontaram para uma economia ainda aquecida, o que deu força aos rendimentos dos Treasuries, com investidores reduzindo as apostas de corte de 50 pontos-base dos juros nos EUA em setembro. O dólar acompanhou, sustentando altas ante as moedas fortes e em relação a boa parte das divisas de emergentes.

“Os dados dos EUA induziram a ideia de que o primeiro corte de juros do Fed será de 25 pontos-base, e não de 50. Então o investidor estrangeiro também compra dólar e volta para os EUA”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

“A diferença aqui é que quando o dólar cai, ele cai mais do que em outras praças. Quando sobe, ele também sobe mais”, acrescentou.

De fato, o real liderava as perdas ante o dólar nesta quinta-feira, considerando as moedas com negociações globais.

Operador ouvido pela Reuters pontuou ainda que a disputa pela definição da Ptax de fim de mês, que ocorre na sexta-feira, já influenciava os negócios nesta quinta-feira, com os investidores comprados impulsionando as cotações.

Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, investidores comprados (posicionados na alta do dólar) e vendidos (posicionados na queda) tentam direcionar as cotações de acordo com seus interesses.

Neste cenário, após registrar a cotação mínima de 5,5548 reais (-0,03%) às 9h, na abertura da sessão, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,6636 reais (+1,93%) às 11h32. Durante a tarde a divisa reduziu os ganhos.

No exterior, o dólar seguia em alta firme ante as moedas fortes no fim da tarde. Às 17h14, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,36%, a 101,370.

O dia do Ibovespa

O viés negativo na bolsa nesta sessão ocorre após o Ibovespa renovar máximas históricas na véspera, chegando a 137.469,26 pontos no topo intradia, com o rali recente amparado principalmente na perspectiva de queda do juro norte-americano.

Apostas de que o Federal Reserve comece a afrouxar sua política monetária já no próximo mês estimularam o fluxo do capital externo para as ações brasileiras,

Com tal suporte, o Ibovespa acumula em agosto um ganho de 6,57%, a maior alta percentual mensal desde novembro do ano passado, quando subiu 12,54%.

“Hoje, o Ibovespa (refletiu investidores) realizando lucros, com a chegada do final de agosto e recordes recentes”, afirmou o analista Régis Chinchila, da corretora Terra Investimentos.

Para ele, o aumento nas taxas futuras de juros e o avanço do dólar ante o real nesta sessão, influenciados pela “incerteza sobre as políticas monetária e fiscal no Brasil”, endossaram a correção de baixa no pregão.

Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou estável, com agentes financeiros repercutindo o balanço e previsões da Nvidia , além de dados sobre a economia dos EUA.

DESTAQUES

– AZUL PN afundou 24,14%, para a mínima de fechamento de reais, mesmo após o presidente-executivo da companhia aérea, John Rodgerson, afirmar nesta quinta-feira que a empresa está saudável financeiramente, recebendo novas aeronaves e sem planos de fazer um pedido de recuperação judicial. Na véspera, a Bloomberg News publicou, citando fontes, que a companhia está avaliando opções que vão desde uma oferta de ações até à apresentação de um pedido de recuperação judicial para fazer frente às obrigações de dívida que se aproximam. “Não temos uma empresa aérea quebrada. Temos uma empresa aérea super saudável, que vai negociar com seus parceiros”, afirmou o executivo em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.

– AZZAS 2154 ON recuou 4,23%, após anunciar nesta quinta-feira que Ruy Kameyama, atual conselheiro da companhia, será o novo presidente-executivo da AR&Co, que reúne as marcas voltadas ao público masculino. Ele substituirá Rony Meisler, que, assim como Fernando Sigal, Jayme Nigri Moszkowicz e José Alberto da Silva, fundadores da Reserva, encerrará o ciclo de suas posições executivas na AR&Co em dezembro de 2024.

– GERDAU PN avançou 2,27% e METALÚRGICA GERDAU PN subiu 1,84%, tendo no radar anúncio de que a controlada Gerdau Aços Longos levantou os valores depositados judicialmente no montante de 1,77 bilhão de reais, em decorrência do trânsito em julgado de decisão judicial de pedido de cumprimento provisório de sentença relativo ao processo sobre a exclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e Cofins.

– VALE ON fechou com decréscimo de 0,12%, em dia de desempenho misto dos contratos futuros de minério de ferro, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, encerrando as negociações do dia com alta de 0,53%, enquanto o vencimento de referência na Bolsa de Cingapura terminou quase estável.

– PETROBRAS PN terminou com variação negativa de 0,68%, após renovar máximas históricas, descolada do movimento dos preços do petróleo no exterior na sessão, que subiram após duas quedas seguidas, já que as preocupações com o fornecimento da Líbia ajudaram a compensar uma queda menor do que o esperado nos estoques de petróleo cru dos EUA. O barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou em alta de 1,64%.

– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,1%, após renovar máxima histórica de fechamento na véspera, em sessão sem direção única para os bancos do Ibovespa, tendo como pano de fundo dados de crédito do Banco Central de julho que mostraram avanço de 3,7% nas concessões de empréstimos no Brasil ante junho, entre outros números. BRADESCO PN recuou 0,26% e SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 0,22%, enquanto BANCO DO BRASIL ON avançou 0,43%.