O dólar subia ante o real nesta terça-feira, 3, recuperando algumas das perdas da sessão anterior, conforme os investidores acompanhavam as tensões comerciais no exterior, enquanto aguardam o anúncio da solução do governo para o impasse sobre os aumentos no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Às 9h46, o dólar à vista subia 0,51%, a R$ 5,7032 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,04%, a 5,711 reais na venda. Veja cotações.

Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,81%, a R$ 5,6740.

Os movimentos do real neste pregão tinham como pano de fundo uma aparente recuperação da divisa norte-americana no exterior, depois das perdas profundas obtidas na véspera na esteira de nova escalada nas disputas comerciais.

A política comercial dos EUA voltou a ocupar as atenções dos mercados depois que o presidente Donald Trump anunciou plano para dobrar as tarifas sobre aço e alumínio importados para 50% e acusou a China de violar um entendimento alcançado pelos dois países no mês anterior.

Analistas e investidores temem que as tarifas de Trump provoquem maiores danos justamente na economia norte-americana, o que, junto das incertezas sobre a política comercial, tem provocado uma abandono de ativos dos EUA, sendo o dólar o mais prejudicado desse processo.

A expectativa sobre a questão está voltada para quarta-feira, quando as tarifas mais altas sobre metais entrarão em vigor e encerra o prazo que o governo dos EUA forneceu aos parceiros para apresentarem suas melhores propostas de acordos comerciais.

“A saída de recursos dos EUA e a busca por novos destinos impulsiona o interesse pela América Latina, especialmente o Brasil… Enquanto o ‘Trumponomics’ pressiona os Treasuries, mercados emergentes se beneficiam de ‘valuations’ atrativos e um ambiente político e econômico mais interessante”, disse Larissa Quaresma, analista de Equity Research na Empiricus em nota.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,58%, a 99,158.

Também estarão no radar dados de emprego dos EUA, com a divulgação de relatório Jolts sobre vagas de emprego em aberto para abril, às 11h.

Agenda doméstica

Na cena doméstica, o mercado está atento ao cenário fiscal, uma vez que aguarda o anúncio de uma solução pelo governo para o impasse em torno dos aumentos das alíquotas do IOF, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizando que uma decisão será tomada ainda nesta terça.

Haddad afirmou a jornalistas mais cedo que se reunirá na tarde desta terça-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar medidas estruturais na área fiscal.

Em sessões recentes, os receios fiscais têm gerado pressão sobre o real, com os investidores repercutindo negativamente os aumentos no IOF como medida para equilibrar as contas públicas.

“Temos observado que o IOF acabou virando pólvora para a bomba fiscal brasileira… Uma alternativa ao IOF pode ser interessante, com algumas reformas estruturais. Expectativa é que haja alguma pacificação”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research

Na frente de dados, o IBGE informou que a produção industrial brasileira registrou alta de 0,1% em abril na comparação com o mês anterior.