Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar avançava frente ao real nesta segunda-feira, com investidores adotando cautela em início de semana que trará decisões de política monetária dos bancos centrais tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos.

Às 10:19 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,29%, a 5,2762 reais na venda, depois de mais cedo chegar a subir 0,82%, a 5,3038 reais.

Na B3, às 10:19 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,38%, a 5,2920 reais.

No exterior, a moeda norte-americana também subia, com seu índice frente a uma cesta de seis rivais fortes ganhando 0,4% e rondando seus níveis mais altos em duas décadas. Ao mesmo tempo, várias divisas emergentes ou expostas às commodities tinham fortes perdas no dia, entre elas peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano.

Investidores do mundo inteiro se mostravam cautelosos, vendendo ações e outros ativos considerados arriscados nesta segunda-feira, às vésperas da reunião de política monetária do Federal Reserve, que começa na terça e se encerra na quarta.

Recentemente, surpresas para cima em dados de inflação norte-americanos turbinaram apostas num aumento agressivo dos juros pelo banco central dos EUA, e os mercados monetários dão como praticamente certo um ajuste de 0,75 ponto percentual na taxa básica do Fed, com alguns operadores apostando na possibilidade de ajuste ainda mais intenso, de 1 ponto completo.

Além de anunciar sua decisão de política monetária, o Fed também divulgará ao fim de seu encontro desta semana uma série de projeções econômicas, que incluirão sua visão para o patamar dos juros básicos ao fim do atual ciclo de aperto.

“Com os bancos e corretoras elevando suas estimativas após o CPI (dado de inflação ao consumidor) da semana passada, sendo que alguns economistas já citam a possibilidade de um juro a 6% no final do ciclo, a previsão do Fed será de suma importância para a ancoragem das expectativas com os juros”, disseram estrategistas da Guide Investimentos em nota a clientes.

Quanto mais agressivo for o Fed em seu encontro desta semana, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, conforme os retornos da renda fixa norte-americana ficam mais atraentes e, ao mesmo tempo, crescem os temores de que condições muito restritivas nos EUA levem a economia a uma recessão.

“Como os riscos de alta permanecem para a trajetória de aperto do Fed, qualquer alívio por evitar uma alta de juro de 100 pontos-base pode ser de curta duração”, disseram estrategistas do Citi em relatório desta segunda-feira.

“Esperamos, portanto, que o rali do dólar continue, mesmo que as moedas de maior qualidade do câmbio latino-americano possam continuar a ter um desempenho superior devido ao ‘carry’ (retorno de taxa de juros).”

O real tem sido destacado por várias instituições financeiras como uma dessas moedas que tem se saído melhor entre os mercados emergentes por oferecer retornos atraentes em estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimo em um país de juro baixo e aplicação desse dinheiro numa praça mais rentável.

A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, depois que o Banco Central do Brasil promoveu um intenso ciclo de aperto monetário, com muita antecedência em relação a seus pares de países desenvolvidos. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, assim como o Fed, faz reunião nos próximos dois dias, e a maior parte dos mercados financeiros espera que a taxa Selic seja mantida no patamar ao fim do encontro. No entanto, há quem espere aumento residual dos juros a 14%.

A moeda norte-americana fechou a última sessão, na sexta-feira, em alta de 0,41%, a 5,2609 reais, maior cotação para encerramento desde 3 de agosto (5,2781 reais).

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