Após superar os R$ 5,86 no início da sessão, na esteira da vitória de Donald Trump na disputa presidencial dos Estados Unidos, o dólar à vista perdeu força no Brasil e fechou nesta quarta-feira, 6, em queda firme, abaixo de R$ 5,70, com investidores à espera de medidas efetivas do governo Lula para conter gastos.

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Na noite desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia sua decisão sobre a taxa de juros. A expectativa do mercado é por uma alta de 0,50 ponto percentual.

A disparada de ordens de “stop loss” (parada de perdas) no mercado durante o dia também favoreceu a queda do dólar ante o real, ainda que no exterior a moeda norte-americana sustentasse fortes altas ante as demais divisas.

O dólar à vista fechou o dia em baixa de 1,21%, cotado a R$ 5,6774. No ano, porém, a divisa acumula alta de 17,02%.

Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,28%, a 5,6925 reais na venda.

O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, mas distante da mínima do dia, quando recuou abaixo de 129 mil pontos, em sessão marcada pela repercussão da eleição do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, além de resultados corporativos e expectativas para a decisão do Banco Central.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,29%, a 130.287,64 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo marcado 128.822,16 pontos na mínima e 130.669,69 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava 22,6 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

O dólar no dia

O início do dia foi de forte pressão para o dólar e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil, em sintonia com a disparada da moeda norte-americana e dos rendimentos dos Treasuries no exterior.

O movimento ocorria em meio à percepção de que várias políticas de Trump serão inflacionárias e, ao mesmo tempo, favoráveis à moeda norte-americana, entre elas a alta de tarifas de importação, o bloqueio a imigrantes e a redução de impostos.

Assim, o dólar à vista atingiu o pico de 5,8611 reais (+1,98%) às 9h08, logo após a abertura.

No entanto, a moeda norte-americana foi perdendo fôlego ante o real ainda durante a manhã, em meio à leitura de que, com Trump na Casa Branca, restará ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciar medidas concretas de contenção de gastos para aliviar a pressão.

Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília contribuíram para a perda de força do dólar. Segundo ele, a rodada de reuniões entre ministros para tratar das medidas fiscais está concluída e o próximo passo de Lula provavelmente será pedir conversas com os presidentes das duas Casas do Congresso, para que se discuta o envio das medidas fiscais aos parlamentares.

“Os ministros todos estão muito conscientes da tarefa que temos pela frente de reforço do arcabouço fiscal, da previsibilidade e da sustentabilidade das finanças no médio e longo prazo. Penso que há um consenso em torno do princípio”, afirmou Haddad.

No mercado de câmbio, alguns agentes também aproveitaram as cotações mais elevadas pela manhã para vender divisas, o que contribuiu para as cotações cederem. No início da tarde o dólar já oscilava em baixa ante o real, na contramão do avanço forte da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes.

Segundo um operador ouvido pela Reuters, houve ainda disparada de ordens de stop de investidores comprados (posicionados na alta da moeda norte-americana) quando o dólar para dezembro tocou níveis abaixo dos 5,740 reais, amplificando a queda também no segmento à vista.

Neste cenário, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,6649 reais (-1,43%) às 15h18, para depois encerrar pouco acima disso. Da máxima para a mínima a moeda norte-americana oscilou 20 centavos de real, em um sinal de forte volatilidade no dia.

As atenções agora se voltam para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre juros, na noite desta quarta-feira. A expectativa majoritária do mercado é de alta de 50 pontos-base da Selic, para 11,25% ao ano, mas investidores estarão atentos ao comunicado da decisão.

A quinta-feira ainda promete ser um dia de volatilidade alta no câmbio, com os desdobramentos da eleição norte-americana, a decisão do Copom e o anúncio do Federal Reserve sobre juros fazendo preço. O Fed decide nesta quinta-feira sua nova taxa de juros.

Às 17h31, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 1,65%, a 105,070.