Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda de mais de 1% e no menor patamar em mais de um mês nesta quinta-feira, na casa de 4,76 reais, com os negócios mais uma vez orientados pela direção dos preços de ativos de risco no exterior, que melhoraram na parte da tarde e minaram a atratividade da moeda norte-americana.

O dólar à vista caiu 1,23%, a 4,7619 reais na venda. É o valor mais baixo desde 20 de abril (4,6186 reais).

Na jornada, a cotação variou de 4,8449 reais (+0,50%) a 4,7509 reais (-1,45%).

O real teve neste pregão o maior ganho ante o dólar considerando uma cesta de 33 pares relevantes.

Na parcial da semana, o dólar perde 2,25%, aprofundando a queda no mês para 3,67%. Em 2022, a moeda cede 14,56%.

A semana tem sido de recuperação para várias divisas de risco, com destaque para o real, que lidera os ganhos num grupo que conta ainda com as moedas de México (que se valoriza 0,4% ante o dólar), Colômbia (+1,3%), Turquia (-2,8%), Rússia (-4,3%), Peru (+1,9%), Chile (+1,5%) e África do Sul (+0,7%).

O mote é comum: a perspectiva de que o banco central dos Estados Unidos talvez não precise subir tanto os juros, uma vez que a economia norte-americana já começa a dar sinais de resfriamento.

A possibilidade de altas mais fortes das taxas nos EUA havia assustado investidores de mercados emergentes porque, tradicionalmente, esse movimento drena recursos desses países, já que aplicadores se sentem mais atraídos pelo retorno na margem maior e pela estabilidade do mercado de risco-base da comunidade financeira.

O resultado é um fortalecimento do dólar, uma vez que mais investidores convertem suas divisas de origem para a dos EUA.

Com as reavaliações iniciais sobre os passos do Fed, contudo, operadores passaram a desmontar parte das posições construídas em cima da tese de aperto monetário mais contundente, o que tem ditado uma correção do dólar.

Aqui, a cotação recua 7,63% desde a máxima de fechamento de 5,1554 reais de 9 de maio, a mais alta desde meados de março. No exterior, o dólar já cai 3,1% desde os picos em 20 anos alcançados duas semanas atrás.

“Hoje saiu o dado do PIB americano, que veio um pouco mais fraco e alimentou no mercado esperança de um Fed mais brando”, disse Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio, para quem o mercado segue se movimentando “muito com o sentimento sobre o Fed”.

“A eleição (de outubro no Brasil) sem dúvida vai trazer volatilidade, mas sem dúvida o assunto do momento são os juros americanos, até onde eles vão”, completou.

No curtíssimo prazo, a queda recente do dólar pode atrair algumas compras, pelo menos é o que indicam alguns indicadores técnicos. A linha da taxa de câmbio tem tangenciado a curva inferior das Bandas de Bollinger, uma ferramenta de análise técnica de volatilidade, sem romper definitivamente os suportes, o que pode ser lido como algum esgotamento da força vendedora.

Associado a um índice de força relativa de 14 dias (IFR-14) em 37 (próximo, portanto, de 30, abaixo do qual um ativo é considerado excessivamente fraco), a moeda pode passar por algum ajuste antes de voltar a cair, a julgar por recentes episódios semelhantes.

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