O dólar teve forte queda no Brasil nesta quinta-feira, voltando para abaixo de R$ 5,50, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter interrompido, na véspera, a série recente de ataques ao Banco Central e à política monetária, reforçando, por outro lado, o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal.

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A moeda norte-americana à vista encerrou o dia cotada a R$ 5,4863 na venda, em baixa de 1,49%. Em 2024, porém, a divisa ainda acumula alta de 13,08%. Na terça-feira, antes da mudança de tom do governo, o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,70. Veja cotações

Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,21%, a R$ 5,5015 na venda.

E o Ibovespa fechou acima dos 126 mil pontos pela primeira vez desde maio nesta quinta-feira, confirmando a quarta alta seguida, com sinalizações do governo federal em prol de cortes de gastos agradando agentes financeiros em um pregão de volume reduzido por feriado nos Estados Unidos.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,40%, a 126.163,98 pontos, marcando 126.659,95 pontos na máxima e 125.665,59 pontos na mínima da sessão.

O volume financeiro somava R$ 16,4 bilhões antes dos ajustes finais, de uma média diária de R$ 23,67 bilhões em 2024, enfraquecido por feriado do Dia da Independência nos EUA.

O dólar no dia

Com os mercados fechados nos Estados Unidos em função de feriado, a liquidez foi menor no Brasil nesta quinta-feira, com investidores focados exclusivamente em Brasília.

Na sessão de quarta-feira, Lula interrompeu uma sequência recente de críticas quase diárias ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao atual nível da taxa Selic e ao mercado financeiro, preferindo defender o ajuste das contas públicas.

À noite, com os mercados já fechados, foi a vez de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião com Lula, afirmar que o presidente determinou o cumprimento do arcabouço fiscal e que a equipe econômica já identificou R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias a serem cortadas no Orçamento de 2025.

Nesta quinta-feira, Lula voltou a participar de dois eventos públicos no interior de São Paulo, mas como na véspera não fez críticas ao Banco Central ou à política monetária. Neste cenário, o dólar voltou a ter fortes perdas ante o real, retornando para abaixo dos 5,50 reais.

“(Houve uma) mudança muito clara do tom que vinha sendo utilizado (pelo governo) na segunda e na terça-feira. Então, o mercado se desarmou completamente ontem, com a bolsa subindo, a curva de juros cedendo bem e o real se apreciando bastante”, pontuou pela manhã Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes. “Hoje o movimento continua.”

Após atingir a máxima de R$ 5,5097  (-1,07%) às 9h02, pouco depois da abertura, o dólar à vista registrou a mínima de R$ 5,4668 (-1,84%) às 9h58.

“Naturalmente que a situação interna melhorou. Caso o payroll amanhã (sexta-feira) e o CPI aumentem a aposta de corte de juros pelo Fed, poderemos ver o real continuar se apreciando”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em referência às próximas divulgações econômicas de peso nos Estados Unidos.

Nesta quinta-feira, com o mercado norte-americano fechado, a liquidez no exterior também foi reduzida. Às 17h10, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,16%, a 105,130.