27/05/2025 - 10:18
O dólar à vista tinha baixa ante o real nesta terça-feira, 27, devolvendo alguns dos ganhos da véspera, à medida que os investidores avaliavam dados de inflação no Brasil, enquanto seguem de olho em notícias sobre a política comercial dos Estados Unidos.
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Às 12h15, o dólar à vista caía 0,23%, a R$ 5,654 na venda. Veja cotações.
Já o Ibovespa avança nesta terça-feira, 27, recuperando os 140 mil pontos e renovando máxima, endossado pelo IPCA-15, que ficou abaixo das estimativas de analistas em maio, bem como pelo viés positivo no mercado acionário nos Estados Unidos e alívio nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano.
Por volta de 11h30, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 1,37%, a 140.015,34 pontos, tendo chegado a 140.381,93 na máxima, novo recorde intradia. O volume financeiro somava R$ 6,4 bilhões. Mais tarde, por volta de 12h10, o índice perdeu fôlego e operava em alta de 1,23%, aos 139.833,90.
O dia do Ibovespa
A sessão desta terça começou com o mercado nacional analisando os mais recentes números do IPCA-15, com o IBGE informando que o índice subiu 0,36% em maio, abaixo do avanço de 0,44% projetado em pesquisa da Reuters com analistas.
Em 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 5,40%, desacelerando em relação ao avanço de 5,49% no mês anterior.
Os resultados pareciam deixar os agentes financeiros um pouco mais otimistas em relação ao cenário inflacionário no Brasil, refletindo em quedas nas taxas de juros futuras para o curto prazo.
Operadores passaram a precificar chance de 97% de que o Banco Central vai manter a taxa Selic em 14,75% ao ano na reunião do próximo mês, acima da probabilidade de 92% antes da divulgação dos dados.
“É curioso notar a inflação relativamente comportada mesmo com um mercado de trabalho apertado e atividade aquecida… Isso dá uma tendência baixista para as expectativas e reforça a tese de fim do aperto monetário, o que anima os ativos brasileiros”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
“A surpresa positiva do IPCA-15 pode contribuir para um ambiente de maior conforto para o Banco Central avaliar uma eventual pausa no ciclo ou uma elevação mais branda de 0,25 p.p., caso a evolução dos serviços e do núcleo de inflação siga persistente”, avaliou o economista Arnaldo Lima, da Polo Capital.
Lima ponderou que as expectativas de inflação continuam desancoradas, mas ainda assim disse que não há dúvidas de que o dado de hoje entra no radar como um vetor relevante de alívio.
O mercado, entretanto, ainda mantém cautela devido às preocupações com o cenário fiscal brasileiro, uma vez que seguem receosos com o anúncio pelo governo na semana passada de aumentos nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Após repercussão negativa da medida, o governo recuou em alguns elementos do plano, mas, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda procura por uma forma de compensar o que deixará de levantar em arrecadação com o recuo anunciado.
No cenário externo, havia mais fatores para fomentar o apetite por risco. Os mercados ainda digeriam o recuo do presidente dos EUA, Donald Trump, ao adiar o prazo para a implementação de tarifas de 50% sobre a União Europeia.
Após telefonema com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, Trump disse no domingo que adiaria a implementação da taxa sobre os produtos europeus para 9 de julho, ante o prazo anterior de 1º de junho, para permitir negociações entre as duas partes.
A notícia gerava alívio nos investidores, com muitos reagindo somente nesta terça devido ao fechamento dos mercados nos EUA na véspera.
Também era um fator positivo a forte queda nos rendimentos dos Treasuries, que ocorriam na esteira das perdas nos rendimentos dos títulos japoneses, após matéria da Reuters indicar que o Ministério das Finanças japonês pode reduzir a emissão de títulos de longo prazo.
O movimento derrubava as taxas de juros futuras no Brasil. O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,32%, a 99,269.
O Banco Central realizará nesta terça-feira um leilão de venda de dólar com compromisso de recompra visando rolar vencimento programado para 2 de julho. A autarquia informou que as propostas para o leilão de linha serão acolhidas das 10h30 às 10h35 e será aceito no máximo US$ 1 bilhão.
Nos EUA, Wall Street reabriu após o fim de semana prolongado por feriado na segunda-feira com viés positivo, em meio a noticiário menos negativo sobre a relação comercial entre EUA e União Europeia. O S&P 500 subia 1,55%, enquanto o rendimento do Treasury de 10 anos cedia a 4,4535%.
No domingo, o presidente Donald Trump recuou de sua ameaça de impor tarifas de 50% sobre as importações da UE no próximo mês, restabelecendo o prazo de 9 de julho para permitir que as negociações entre Washington e o bloco produzam um acordo.
DESTAQUES
– ITAÚ UNIBANCO PN avançava 1,9%, em dia no qual os bancos figuravam entre os principais suportes para a alta do Ibovespa, com BRADESCO PN subindo 2,86%, BANCO DO BRASIL ON em alta de 1,46% e SANTANDER BRASIL UNIT valorizando-se 1,29%.
– VAMOS ON avançava 9,69%, apoiada pelo alívio nas taxas dos contratos de DI, que favorecia também papéis como CVC BRASIL ON, em alta de 6,67%; MAGAZINE LUIZA ON, com ganho de 4,76%; ASSAÍ ON, com elevação de 7,14%; e LOCALIZA ON, subindo 5,29%.
– AZZAS 2154 ON valorizava-se 3,61%, tendo também no radar relatório do Citi, que aumentou o preço-alvo das ações para R$52 e reiterou recomendação de compra/alto risco, citando que a relação risco versus retorno dos papéis permanece enviesada para cima.
– PETROBRAS PN subia 0,58%, mesmo com o declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent recuava 0,76%. A estatal informou na véspera que está considerando uma “potencial emissão de debêntures incentivadas” de até R$3 bilhões.
– PETZ ON recuava 0,69%, em meio a preocupações com maior escrutínio do Cade sobre a operação de fusão da companhia com a Cobasi. Nota técnica produzida pelo Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do órgão antitruste citou riscos à concorrência, especialmente no segmento de varejo físico.
– VALE ON tinha variação negativa de 0,5%, conforme os contratos futuros do minério de ferro caíram pela terceira sessão consecutiva com novos rumores sobre cortes na produção de aço bruto na China. CSN MINERAÇÃO ON caía 4,53%.