SÃO PAULO (Reuters) – O dólar começou a semana em firme queda no Brasil e o real foi o destaque positivo nos mercados globais de câmbio, conforme investidores viram a moeda brasileira como mais atrativa em novo dia de valorização das commodities e em meio a perspectiva de continuação das altas de juros por aqui.

O dólar à vista caiu 0,99% nesta segunda-feira, a 4,6500 reais. É o menor patamar para um fechamento desde o último dia 4, quando a cotação ficou em 4,6075 reais, piso desde 4 de março de 2020.

A queda de 0,99% é a mais forte também desde 4 de abril passado (-1,27%).

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O dia foi de menor liquidez de forma geral, com os mercados voltando da Páscoa, e novo rali das taxas de títulos nos EUA com queda das ações renovou o apelo por estratégias vencedoras em ambiente de elevada inflação e juros em alta.

E esse é o caso do real, que valorizou-se quase 10% (em termos nominais) ante o dólar desde 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o que precedeu uma alta frenética nos preços das matérias-primas, melhorando o cenário para fluxo de moeda estrangeira ao Brasil.

“Os altos preços das commodities… vão continuar a colocar um piso sob os ativos brasileiros. E para investidores dispostos a encarar a volatilidade relacionada à incerteza política na eleição deste ano, acreditamos haver espaço para mais altas para os ativos brasileiros”, disseram em relatório de estratégia Kathryn Rooney Vera e Gregan Anderson, da firma de investimentos Bulltick.

O índice CRM de commodities, uma referência global para os preços das matérias-primas, subiu 1,29% nesta segunda-feira e alcançou o maior patamar desde setembro de 2012.

Mais cedo, dados de inflação no Brasil voltaram a mostrar taxas acima do esperado, turbinando apostas de que o Banco Central terá de manter o ciclo de aperto monetário. A taxa básica de juros, a Selic, está em 11,75% ao ano e já há quem a veja em 14% ao ano.

Enquanto a taxa embutida nos contratos a termo de reais para 12 meses já beira 13% ao ano, o yield implícito em contratos semelhantes em peso chileno –outro destaque nos mercados globais de câmbio por motivos semelhantes ao do real– fica em 8%.