Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda frente ao real pelo segundo pregão consecutivo nesta segunda-feira, refletindo alta no preço de commodities importantes e alguma trégua no mercado de câmbio internacional, em dia de liquidez reduzida por feriado nos Estados Unidos.

A moeda norte-americana à vista recuou 0,64%, a 5,1533 reais na venda, menor patamar para encerramento desde terça-feira da semana passada (5,1120 reais). As perdas desta sessão se seguiram a uma baixa de 0,99% no fechamento da última sexta, a 5,1867 reais.

Na B3, às 17:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,29%, a 5,1895 reais.

O dia teve volumes reduzidos e noticiário menos intenso devido ao feriado do Dia do Trabalho nos EUA, que manteve os mercados de títulos e ações do país –referências internacionais para investimentos– fechados nesta segunda-feira.

Em meio à falta de grandes catalisadores, um índice que mede o comportamento do dólar contra uma cesta de moedas fortes caía 0,2% nesta tarde, mantendo-se abaixo de picos em 20 anos atingidos na semana passada.

Na contramão do exterior, Ibovespa sobe 1,21%, a 112,2 mil, 3º ganho seguido

A sessão também contou com avanço nos preços de várias commodities importantes, como petróleo e minério de ferro, o que colaborou tanto para a valorização do real no dia quanto para o salto do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, que fechou acima dos 112 mil pontos, comentou um operador.

Apesar do alento no mercado doméstico neste início de semana, preocupações sobre a trajetória futura de aperto monetário dos principais bancos centrais do mundo continuam em foco, antes de reunião do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira. A instituição provavelmente elevará sua taxa de juros pelo segundo encontro seguido, mesmo diante de riscos crescentes de recessão em meio a uma crise energética.

Nos EUA, o Federal Reserve também deve dar sequência a seu ciclo de aperto monetário em reunião dos dias 20 e 21 de setembro, e a maior parte dos mercados espera um terceiro ajuste consecutivo de 0,75 ponto percentual nos juros.

“O Fed ainda tem bastante chance de ser agressivo (no aperto monetário). Isso tornaria nossa moeda menos atraente em comparação com o dólar em termos de carrego”, disse à Reuters Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas.

Seu comentário faz referência a estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com a tomada de empréstimo num país de juro baixo e aplicação desses recursos num mercado com rendimentos mais altos. Num geral, quanto mais sobem as taxas de determinado país, mais interessante em termos de retorno potencial fica sua moeda.

Apesar dos desafios representados pelo aperto monetário em andamento nos EUA, “ainda gosto do real”, afirmou Hwang, em parte devido ao nível elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%.

Ela acredita que o dólar possa encerrar este ano em torno ou até ligeiramente abaixo da marca psicológica de 5 reais, mas prevê “muita flutuação” da moeda ao longo dos próximos meses, devido à corrida eleitoral doméstica e a temores sobre como ficará a saúde fiscal do Brasil após a escolha do próximo presidente.

O Société Générale, mais pessimista, estima que o dólar fechará este ano em 5,50 reais, disparando ao fim de junho de 2023 a 5,95 reais, impulsionado tanto pelo cenário internacional adverso quanto pelos receios fiscais domésticos acerca do período pós-eleição, disse o banco em relatório.

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