Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar começou a quinta-feira em alta, mas rapidamente passou a perder fôlego até virar e fechar em queda de mais de 1%, a maior em uma semana, seguindo o dia fraco para a divisa norte-americana no exterior na véspera da divulgação de importantes dados de emprego nos EUA.

O dólar à vista caiu 1,05%, a 5,2228 reais na venda, maior desvalorização desde 28 de julho (-1,66%) e quebrando uma série de quatro pregões de alta na qual acumulou ganho de 2,25%.

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Ao longo do dia, a cotação variou de 5,2968 reais (+0,35%) a 5,1993 reais (-1,49%).

No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de moedas fortes acelerou a queda para 0,67% no fim da tarde, para perto das mínimas da sessão.

Moedas de perfil semelhante ao real, como as de México, Colômbia, Chile e África do Sul –todas correlacionadas aos preços das matérias-primas– ganharam terreno, dando respaldo ao câmbio doméstico.

Passadas as tensões sino-americanas desta semana, o foco do mercado se volta integralmente para dados do mercado de trabalho dos EUA referentes a julho e com divulgação prevista para sexta-feira.

O Fed tem buscado desacelerar a economia de maneira suave por meio de altas de juros que causem algum abrandamento no mercado de trabalho e descompressão na pressão inflacionária. E a expectativa é que em julho a abertura líquida de vagas tenha se reduzido para 250 mil, ante 372 mil em junho.

Analistas, contudo, dizem que chegar ao equilíbrio de esfriar a economia sem levá-la à recessão é uma tarefa hercúlea.

“Existe alguma possibilidade de que o dólar possa subir mesmo se os rendimentos (dos títulos) caírem e os dados dos EUA vierem fracos caso o mercado preveja uma transição de pouso suave para pouso mais difícil que deflagre fluxos de refúgio para o dólar”, disse em nota Charu Chanana, estrategista do Saxo Markets.

O real, nesse contexto, poderia ter alguma blindagem dos juros mais altos no Brasil. O Banco Central elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,75% ao ano, na véspera, mas indicou que pode ter encerrado o ciclo de aperto monetário.

“Apesar da leitura mais ‘dovish’ do comunicado, o real não deveria ser afetado, pois a taxa Selic já se encontra em patamar bastante elevado, favorecendo operações de carrego, apoiando um fluxo financeiro favorável e desestimulando operações de hedge cambial”, disse em análise Sérgio Goldenstein, chefe da área de estratégia da corretora Renascença.

A taxa nominal de retorno de contratos a termo de taxa de câmbio dólar/real, embora em queda, ainda ostenta 12,7%, acima dos pouco mais de 10% oferecidos por contratos em pesos mexicano, colombiano e chileno.

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