Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar acelerava a queda frente ao real nesta sexta-feira, em movimento de ajuste após rali recente e conforme operadores digeriam um relatório de emprego norte-americano misto para agosto, mas a moeda ainda caminhava para forte valorização semanal.

Às 10:24 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,99%, a 5,1867 reais na venda, acelerando suas perdas depois de uma abertura levemente no vermelho. A moeda caiu 1,22% no menor nível do dia, a 5,1745 reais.

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Na B3, às 10:24 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,07%, a 5,2235 reais.

A moeda norte-americana começou a aprofundar sua queda após relatório do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos mostrar que os empregadores norte-americanos contrataram 315 mil trabalhadores em agosto, apenas um pouco mais do que o esperado, enquanto a taxa de desemprego aumentou para 3,7%, contra expectativa de manutenção no nível de 3,5%.

Enquanto isso, o salário médio por hora desacelerou a alta para 0,3% em agosto, contra 0,5% em julho.

“(Dados de emprego amigáveis aos mercados), com baixa surpresa no número principal, baixa revisão do passado, aumento do desemprego e da taxa de participação, além da leitura melhor em salários”, disse em publicação no Twitter Arthur Mota, da equipe de estratégia e macro do BTG Pactual.

Na esteira dos dados, o índice do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes caía 0,37%, a 109,180, afastando-se de uma máxima em 20 anos atingida na véspera, em linha com baixa nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. No mercado de ações, as principais bolsas europeias tinham ganhos, bem como os índices de Wall Street. [.NPT] [.EUPT]

“Acredito que tivemos, por um lado, o dólar mais fraco no exterior após os dados (de emprego dos EUA), mas também entendo que temos um movimento de realização nítido do dólar neste patamar de 5,20, 5,22 reais, seja pelo fluxo que vem para renda variável, seja pela atração do exportador, que vende moeda nesse patamar”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Ele destacou que a moeda norte-americana disparou mais de 4% no acumulado dos últimos três pregões, fechando a quinta-feira em 5,2386 reais, maior valor desde 3 de agosto (5,2781). É normal, depois de variações expressivas do dólar, haver momentos pontuais de ajuste de posições.

No entanto, as perdas desta sessão não eram suficientes para compensar o rali recente do dólar, e a divisa caminhava para fechar a semana em alta de 2,2%, “ainda muito em função das expectativas de inflação e juros nos EUA”, segundo Bergallo.

O mercado global teme que o Federal Reserve continue elevando os custos dos empréstimos da maior economia do mundo de maneira agressiva, uma vez que isso tende a restringir a atividade num momento já desafiador, em meio a problemas de abastecimento persistentes e à guerra na Ucrânia. Muitos temem uma recessão, embora seja consenso que a Europa parece mais inclinada a uma contração significativa da economia do que os EUA.

Juros altos nos EUA, além de elevarem a cautela em relação à saúde econômica, também beneficiam o dólar por impulsionar os retornos da renda fixa norte-americana, atraindo investimentos para esse mercado.

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