22/08/2025 - 12:09
O dólar à vista recuava mais de 1% ante o real nesta sexta-feira, 22, na esteira das fortes perdas da moeda norte-americana no exterior, à medida que os investidores reagiam ao discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson, que abriu a porta para um corte na taxa de juros em setembro.
Às 12h25, o dólar à vista caía 1,15%, a R$5,4143 na venda. Veja cotação.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 1,03%, a R$5,429 na venda.
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Em seu discurso no evento promovido pelo banco central dos Estados Unidos, Powell abriu a porta para cortar os juros, mas não se comprometeu, navegando por uma linha tênue ao reconhecer os riscos crescentes para o mercado de trabalho, mas também apontar que os riscos de uma inflação mais alta permanecem.
“Embora o mercado de trabalho pareça estar em equilíbrio, trata-se de um equilíbrio curioso, resultante de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores. Essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando. E, se esses riscos se materializarem, isso pode acontecer rapidamente”, disse Powell.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,98%, a 97,645.
Após o discurso, operadores aumentaram suas apostas de que o Fed poderá realizar um corte de 0,25 ponto percentual em setembro, agora em 84% segundo dados da LSEG. Antes da fala de Powell, a probabilidade chegou a se aproximar de 65%.
Os comentários do chair do Fed eram aguardados durante toda a semana pelos agentes financeiros. Em sessões recentes, a moeda norte-americana teve baixa volatilidade no exterior, em meio à cautela dos mercados.
A economia dos EUA tem mostrado sinais mistos em meio à imposição de tarifas mais elevadas pelo presidente Donald Trump. Enquanto o mercado de trabalho desacelera, alguns indicadores de inflação, como os preços ao produtor, têm registrado maiores pressões altistas.
Nesta sexta, Powell ofereceu pouca orientação sobre quando ou com que velocidade os juros podem cair, reiterando que os dados a serem divulgados antes da reunião de 16 e 17 de setembro serão importantes para determinar a decisão das autoridades.
O discurso provavelmente fomentará ainda mais a pressão de Trump, que tem pedido a renúncia de Powell e o corte dos juros, argumentando não haver risco inflacionário.
Na cena doméstica, os fatores locais eram deixados de lado diante do foco em Powell. Ao longo da semana, as atenções estiveram voltadas para o impasse entre Brasil e EUA, conforme o governo segue tentando negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros.