Em um dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não discursou contra o Banco Central e a atual política monetária, o dólar finalmente encontrou espaço para cair ante o real e voltar a ser cotado abaixo dos R$ 5,60, em meio à expectativa de que o governo atue de fato para conter a crise de confiança que elevou as cotações nas últimas semanas.

O dólar à vista encerrou a quarta-feira cotado a R$ 5,5693 na venda, em baixa de 1,72%. Na véspera, a moeda havia terminado em R$ 5,6665, no maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022. Veja cotações.

Já o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, encerrou om dia com alta de 0,82%, a 125.804,68 pontos, maior patamar de fechamento desde 21 de maio.

Lula aproveitou cerimônia de lançamento do Plano Safra para a agricultura familiar para afirmar que a responsabilidade fiscal é um compromisso de seu governo, após uma disparada do dólar nos últimos dias em meio a uma desconfiança do mercado com a situação fiscal do país e desconforto com declarações do presidente sobre o Banco Central.

“A gente vai ter uma política econômica sem causar sobressalto a ninguém, a gente vai ter uma política econômica que vai fazer esse país crescer, a gente vai continuar fazendo transferência de renda, e a gente ao mesmo tempo vai continuar com a responsabilidade que nós sempre tivemos”, disse Lula. “Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso deste governo desde 2003, e a gente manterá ele à risca”, acrescentou.

Em meio à pressão de alta para o dólar, Lula vai se reunir nesta tarde com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, entre outros.

Após o evento da tarde no Planalto, Haddad disse a jornalistas que a diretoria do BC tem autonomia para atuar no câmbio como entender conveniente e que não há orientação contrária. Ele acrescentou que acredita que o dólar vá se acomodar, reforçando que a responsabilidade fiscal é um compromisso da vida pública de Lula.

O forte recuo do dólar ante o real nesta quarta-feira foi favorecido ainda pela baixa firme da moeda norte-americana no exterior, na esteira de dados abaixo do esperado da economia norte-americana e da divulgação da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve (Fed).

Juros futuros também caem

As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira com fortes baixas, o que fez a curva a termo voltar a precificar chances maiores de manutenção da taxa Selic em 10,50% este mês. O movimento também encontrou respaldo do exterior, onde as taxas dos Treasuries cederam na esteira de dados fracos da economia norte-americana.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,695%, ante 10,782% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,525%, ante 11,702% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,84%, ante 12,017%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,3%, ante 12,457%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,29%, ante 12,452%.