SÃO PAULO (Reuters) – O dólar alternava estabilidade e leve queda nesta terça-feira, com o sentimento do mercado global se recuperando após o resgate do Credit Suisse, enquanto investidores aguardam a conclusão das reuniões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, em meio a expectativas pelo novo arcabouço fiscal doméstico.

Às 9:53 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,06%, a 5,2398 reais na venda.

Na B3, às 9:53 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,02%, a 5,2515 reais.

A aquisição do Credit Suisse pelo UBS no fim de semana, bem como medidas tomadas pelos principais bancos centrais de forma a aumentar a liquidez, diminuiu os temores de contágio no setor bancário mais amplo, embora muitos analistas acreditem que uma crise ainda não foi totalmente evitada após o colapso de credores de médio porte nos Estados Unidos.

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De qualquer forma, o alívio temporário dos receios globais abria espaço para a desvalorização do dólar nesta terça-feira, com o índice que compara a divisa a uma cesta de pares fortes caindo cerca de 0,25%.

Segundo Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, a fraqueza internacional do dólar também era alimentada por movimento de valorização de commodities importantes nesta manhã, enquanto investidores aguardam ainda a conclusão da reunião de dois dias do Federal Reserve, que começa nesta terça.

A maioria dos participantes do mercado precifica uma alta de juros de 0,25 ponto percentual pelo Fed, mas uma minoria (20%) não espera qualquer alteração nos juros norte-americanos no encontro de política monetária.

“O Fed virou a grande incógnita do mercado… Não se sabe se vai ser 0,25 (ponto percentual), se vai ser zero ou se vai ter uma redução (nos juros), dado o novo cenário no sistema financeiro americano, com o colapso daqueles bancos”, disse Velloni.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) também se reúne nesta terça e na quarta, com ampla expectativa de manutenção da taxa Selic em 13,75%.

“Acreditamos que uma mudança na estratégia (e sinalização) de política monetária seria prematura neste momento, dada… a falta de evidências sobre o tamanho dos impactos potenciais do crédito ou da desaceleração global sobre a atividade (e, portanto, inflação)” no Brasil, disse em relatório Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander Brasil.

Segundo Velloni, da Frente, o desempenho dos ativos domésticos era limitado nesta terça-feira pela “dificuldade do (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad de aprovar o arcabouço fiscal dentro do próprio governo… isso continua deixando o mercado sob alerta e não conseguindo acompanhar da mesma forma o mercado externo”.

O governo iniciou reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO) nesta terça-feira para debater a proposta de Haddad para as contas públicas. A JEO, que toma decisões sobre o Orçamento, geralmente é formada pelos ministros da Casa Civil, Fazenda, Planejamento e Gestão.

No entanto, a Fazenda informou que Haddad não participaria da reunião, e o ministro estava sendo representado pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron.

Na véspera, a moeda norte-americana fechou o dia cotada a 5,2429 reais na venda, em baixa de 0,54%.

(Por Luana Maria Benedito)

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