31/01/2019 - 18:47
O dólar à vista fechou a quinta-feira, 31, em baixa de 0,99% e terminou o dia no menor valor desde 26 de outubro do ano passado, ou seja, antes do segundo turno das eleições, cotado em R$ 3,6590. Fatores técnicos, principalmente a definição do referencial Ptax de janeiro, e conjunturais, como a queda da moeda americana no exterior ante emergentes e renovadas expectativas de avanço da reforma da Previdência com o fim do recesso no Congresso, ajudaram o real a se valorizar. Com isso, a moeda brasileira foi uma das divisas que mais ganharam valor perante o dólar nesta quinta no mercado financeiro internacional. Em janeiro, o dólar acumulou queda de 5,6%, a maior desde outubro, quando recuou 8%. O dólar só caiu mais no mês ante o rublo russo (-5,5%) e o rand da África do Sul (-8%).
Os vendidos em dólar, ou seja, que apostam na queda da moeda, levaram a melhor na disputa pela Ptax, o referencial que servirá a partir de sexta-feira para a liquidação e ajustes de contratos futuros de câmbio e de swap cambial. A Ptax caiu 1,7% hoje e encerrou janeiro em R$ 3,6519.
Na avaliação do economista-chefe para a América Latina da Continuum Economics, Pedro Tuesta, a mensagem ‘dovish’ do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que vai manter os juros baixos por mais tempo se aliou ao otimismo local com a Previdência e a tendência é que o dólar se consolide abaixo dos R$ 3,70 nos próximos dias. A queda do risco-país, medido pelo Credit Default Swap (CDS), também ajudou a retirar pressão no câmbio. Nesta quinta, o indicador caiu para 162 pontos, o menor nível desde março e semelhante ao patamar que o País tinha quando era classificado como grau de investimento.
Sinalizações do governo de avanço na elaboração da reforma da Previdência deram novo ânimo aos investidores. Na tarde desta quinta, o porta-voz do Planalto disse que o texto está em fase final de elaboração. Além disso, a sinalização é de que os militares entrem na reforma, mesmo que as mudanças no sistema deles possam ser feitas por projeto de lei. Para o economista-chefe da Legacy Capital, Pedro Jobim, há chances de o texto passar no Congresso ainda neste primeiro semestre. “O capital político do governo é forte”, disse ele. Jobim acredita que, o mais provável é que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) seja reeleito presidente da Câmara nesta sexta-feira, com apoio mínimo da esquerda, o que reforça a visão de que a reforma da Previdência vai avançar.
Nos EUA, aumentou após a reunião do Fed a visão de que vai demorar mais tempo para os juros voltarem a subir. Os estrategistas do JPMorgan falam da chance de a pausa nos aumentos ser estendida para 2020. Este cenário, deve ajudar a enfraquecer o dólar no mercado internacional, ressalta relatório do JP nesta quinta-feira.