O dólar é negociado em queda firme contra o real nesta quinta-feira, 20, após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na véspera de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, encerrando um ciclo de sete cortes de juros consecutivos.

Perto as 12h, o dólar à vista caía 0,47%, a R$ 5,428 na venda. Na mínima até o momento, chegou a R$ 5,404. Veja cotações.

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Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4407 na venda, em leve alta de 0,13%, atingindo a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023.

O desempenho do dólar no Brasil está na contramão de seus resultados no exterior. O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,26%, a 105,480.

Alívio nos mercados

No comunicado, o BC afirmou que o ciclo de queda foi interrompido por conta do cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por “elevação das projeções de inflação”, sem dar maiores pistas das decisões que serão tomadas nas próximas reuniões.

“Depois dos ruídos causados na última reunião pela decisão dividida, dessa vez o colegiado chegou num consenso. Os nove diretores votaram de forma igual. Acredito que isso foi muito importante para reforçar que as decisões foram tomadas de forma técnica e não com interferência política e assim eliminar qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária”, avaliou Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital.

O alívio no dólar ainda podia ser visto pela ótica de que uma Selic mais alta no Brasil torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimos em países de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.

Assim, a divisa norte-americana devolvia alguns do ganhos acumulados em sessões recentes, quando as dúvidas do mercado em relação ao compromisso do governo com o ajuste fiscal se sobrepôs ao apetite por risco no exterior.