O dólar está chegando como nunca, numa onda de crescimento geométrico. Na semana passada, os números registrados desse tsunami surpreenderam até os mais otimistas. A entrada líquida de dólares no País até o início de junho alcançou a fabulosa marca de US$ 42,65 bilhões. 

No acumulado é um volume quase seis vezes maior que o verificado no mesmo período do ano passado. E não há perspectiva de uma inversão de mão. A conta inclui não apenas investimentos diretos e empréstimos como também receitas de exportações recorde. A soma de todos os fatores positivos do mercado interno vem favorecendo o fluxo.

 

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Tecnicamente, os exportadores são os primeiros a gritar contra essa maré, que encarece o preço de suas mercadorias e encolhe o número de pedidos externos. Mas, pelo que se verifica no levantamento, nos últimos dois meses a via comercial foi o principal fator de engorda do resultado. O Banco Central aponta que somente em maio último as exportações superaram as importações em mais de US$ 7,26 bilhões. 

 

Um desempenho surpreendente, o melhor já verificado desde abril de 2008. O ganho de eficiência das linhas de produção, aliado a investimentos tecnológicos, contribuiu para tamanho retorno. E essa é uma situação que põe por terra a surrada alegação de que é impossível para a economia nacional avançar com uma defasagem do câmbio tão acentuada. 

 

Diversos setores – industriais e agrícolas – saíram favorecidos com a possibilidade de importar matérias-primas a preços baixos. Mais bem equipados, conseguiram ganhos de produtividade, aumentaram sua capacidade de oferta e, em contrapartida, lucraram mais. Nesse quadro, a ideia de uma volta ao regime de controle de capitais deve ser totalmente descartada. A política do dólar flutuante tem gerado benefícios indiscutíveis, calando os argumentos de seus opositores.