SÃO PAULO (Reuters) -O dólar despencava mais de 4% frente ao real nesta segunda-feira, ficando a caminho de registrar sua maior queda percentual diária desde meados de 2018, depois que o desempenho melhor do que o esperado do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições de domingo, somado à formação de um Senado conservador, melhorou a perspectiva de investidores sobre a agenda econômica do próximo governo.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado no domingo, mas disputará um tenso segundo turno com Bolsonaro, que superou o estimado pelas principais pesquisas de opinião e ficou a pouco mais de 5 pontos de distância do ex-presidente.

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E, com mais da metade dos senadores eleitos tendo Bolsonaro como principal cabo eleitoral, o entendimento nos mercados é de que, mesmo que Lula consiga a vitória, terá dificuldades para avançar com a agenda econômica dispendiosa prometida durante sua campanha. O petista prometeu repetidas vezes que, se eleito, abandoria a regra do teto de gastos, a principal âncora fiscal do Brasil.

Às 13:02 (de Brasília), o dólar à vista recuava 4,00%, a 5,1786 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda norte-americana caiu 4,32%, a 5,1612 reais, menor patamar intradiário desde o último dia 22, e ficando mais de 20 centavos abaixo da cotação de fechamento da sessão passada.

Caso mantenha o ritmo de perdas atual até o fim das negociações, o dólar registrará sua maior queda diária desde o recuo de 5,6% visto em 8 de junho de 2018. Na ocasião, a divisa norte-americana foi abatida por intervenção do Banco Central no câmbio e teve seu tombo mais expressivo desde outubro de 2008.

Na B3, às 13:02 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 4,02%, a 5,2115 reais.

O real era, de longe, a moeda com o melhor desempenho global nesta sessão.

Com o mercado doméstico focado em digerir o resultado do primeiro turno eleitoral, o noticiário externo ficava em segundo plano. O índice do dólar frente a uma cesta de pares fortes caía 0,4%, com investidores ainda monitorando as sinalizações de política monetária dos principais bancos centrais e os riscos de que fortes aumentos de juros levem a uma recessão global.

Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista teve variação positiva de 0,01%, a 5,3941 reais.