SÃO PAULO (Reuters) – O dólar saltava mais de 3% contra o real nesta quinta-feira, acompanhando disparada internacional da divisa norte-americana à medida que operadores ajustavam suas expectativas para a política monetária dos Estados Unidos, cujo banco central subiu os juros na véspera na maior dose em mais de duas décadas.

O ajuste de 0,5 ponto percentual nos custos dos empréstimos, anunciado ao fim de uma reunião de dois dias na quarta-feira, foi acompanhado de um comentário notável do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, de que um aumento mais agressivo nos juros, de 0,75 ponto, não estava sendo considerado para os próximos encontros do banco.

A declaração aliviou ativos de risco na última sessão e fez o dólar despencar tanto no exterior quanto no mercado local. Esse movimento, no entanto, tinha forte reversão nesta quinta-feira, com investidores continuando a acreditar que o Fed será forçado a endurecer a postura no combate à inflação, que está nos maiores patamares em 40 anos na maior economia do mundo.

Os juros futuros dos Estados Unidos, por exemplo, precificavam uma chance de 75% de um aperto monetário de 0,75 ponto pelo Fed em sua reunião do próximo mês, mesmo após Powell ter descartado tal movimento.

Nesse contexto, às 13:40 (de Brasília), o dólar à vista avançava 3,08%, a 5,0530 reais na venda. No pico da sessão, o dólar chegou a saltar 3,21%, a 5,0592 reais.

A última vez que o dólar fechou um pregão com alta superior à apresentada na tarde desta quinta-feira foi no dia 22 de abril passado, quando havia avançado mais de 4% e marcado seu maior ganho percentual diário desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020.

Na B3, às 13:40 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 2,63%, a 5,0920 reais.

A disparada no mercado local estava em linha com o salto de quase 1% do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes, que renovou uma máxima desde dezembro de 2002 mais cedo. A moeda norte-americana também avançava expressivamente contra pares arriscados do real, como rand sul-africano (+3,5%), dólar australiano (+2,4%) e peso mexicano (+1,3%).

O movimento de aversão a risco se estendia para o mercado de ações, com um dos três principais índices de Wall Street, o Nasdaq, chegando a despencar 5%. As baixas lá fora contaminavam o Ibovespa, que perdia 3,5% no dia.

(Por Luana Maria Benedito)

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