O dólar abriu em leve baixa nesta quinta-feira, 19, em ajuste ao fechamento de quarta-feira, 18, – quando o contrato da moeda norte-americana para março fechou em baixa ao passo que houve avanço no mercado à vista -, mas logo passou a subir ante o real nesta manhã. A mesma correção técnica é observada nos juros futuros, embora ainda prevaleça um viés negativo nas taxas dos DIs. A influência da ata do Federal Reserve, que trouxe esse comportamento desigual na véspera no mercado cambial doméstico e provoca ajustes nos juros futuros, é ofuscada pelas negociações com a Grécia. O país mediterrâneo enviou nesta manhã um pedido à União Europeia (UE) para estender em seis meses o atual acordo de empréstimo, mas o tom ainda é de cautela nos negócios. Internamente, os investidores aguardam novidades do encontro do diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu, com analistas hoje, e monitoram também as movimentações da presidente Dilma Rousseff em Brasília.

Às 9h20, no mercado de balcão, o dólar à vista valia R$ 2,8550 (+0,39%), na máxima do dia, após abrir cotado a R$ 2,8410 (-0,12%). No mercado futuro, o contrato do dólar para março era cotado a R$ 2,8610 (+0,60%), depois de uma abertura a R$ 2,8515 (+0,26%).

Os juros futuros são guiados pelo dólar doméstico neste início de pregão, sendo que o tradicional leilão de títulos públicos tende a sustentar os vencimentos mais longos. Na BM&FBovespa, o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 13,07%, na máxima, de 13,10% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 12,63%, também na máxima, de 12,67%.

No exterior, o juro da T-note de 10 anos estava em 2,063%, de 2,080% no fim da tarde de ontem em Nova York, ainda sob influência da ata do Fed, que ontem indicou que os juros norte-americanos devem seguir baixos pelo menos até junho deste ano.

Mas os investidores estão mais atentos à Grécia, que apresentou formalmente hoje um pedido para estender em seis meses o atual programa de socorro financeiro, de 240 bilhões de euros e que termina no fim deste mês. O envio foi confirmado pelo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e a expectativa, agora, é de que a proposta seja avaliada pelos ministros de Finanças da zona do euro, em reunião amanhã, em Bruxelas.

O euro ganhou força ante o dólar, em reação à notícia sobre a Grécia, mas logo depois passou a renovar mínimas do dia. Ao mesmo tempo, o dólar se fortaleceu ante o iene, indo às máximas da sessão. Ainda no mesmo horário, o euro valia US$ 1,1394, de US$ 1,1402 no fim da tarde de ontem em Nova York, enquanto o dólar subia a 118,87 ienes, de 118,62 ienes.

Entre as bolsas, a situação grega não afastou o tom de cautela, uma vez que o texto pode ser simplesmente rejeitado, o que deixa os índices acionários na Europa e em Wall Street na linha d’água. Também às 9h20, a Bolsa de Frankfurt oscilava com +0,27%, enquanto o futuro do S&P 500 recuava 0,14%. Por sua vez, a Bolsa de Atenas saltava quase 3%, mais cedo, com os ganhos liderados pelas ações dos bancos. Já o Ibovespa futuro caía 0,37%, aos 51.810 pontos.

Na agenda econômica no exterior, as atenções se dividem entre a ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), às 10h30, e os indicadores econômicos norte-americanos. Às 11h30, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos EUA e, às 13 horas, é a vez dos indicadores antecedentes em janeiro, além do índice regional de atividade na Filadélfia em fevereiro e também dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país. Nesse mesmo horário, de volta à zona do euro, sai a leitura preliminar do mês do índice de confiança do consumidor.

No Brasil, as atenções se voltam para os números semanais do fluxo cambial, às 12h30. Já a presidente Dilma Rousseff recebe, às 10 horas, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o diretor de política econômica do Banco Central, Luiz Awazu, reúne-se com analistas do mercado financeiro para auxiliar na confecção do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sem horário definido. Cabe lembrar que ontem Dilma reuniu-se em Brasília com seis ministros da coordenação política, a fim de acertar a condução dos trabalhos no Congresso, a partir da semana que vem.

Mais cedo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 0,16% na segunda prévia de fevereiro, ante avanço de 0,55% em igual leitura do mesmo índice em janeiro. O resultado ficou no piso das estimativas coletadas pelo AE Projeções, que iam de 0,16% a 0,33%, com mediana em 0,20%. Na primeira prévia do mês, o IGP-M havia subido 0,09%. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) subiu 1,57% na segunda quadrissemana de fevereiro, ante 1,78% na primeira quadrissemana. A taxa ficou abaixo do piso do intervalo das estimativas (de 1,60% a 1,85%).