Em um dia sem notícias de impacto na área econômica, o dólar fechou nesta quarta-feira, 19, em alta ante o real e novamente acima dos R$ 5,70, acompanhando o viés positivo para a moeda norte-americana no exterior, em meio a novas ameaças de imposição de tarifas pelos EUA.

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O dólar à vista fechou em alta de 0,65%, aos R$ 5,7258, após ter registrado na véspera a menor cotação de encerramento no ano, de R$ 5,6887. Em 2025 a moeda norte-americana acumula queda de 7,33%. Veja cotações.

Às 17h04 na B3 o dólar para março — atualmente o mais líquido — subia 0,61%, aos R$ 5,7345.

O sinal negativo prevaleceu na bolsa paulista nesta quarta-feira, reflexo de movimentos de realização de lucros, com as ações do Banco do Brasil entre as maiores pressões de baixa do Ibovespa, tendo no radar a divulgação do resultado do último trimestre e do ano de 2024 após o fechamento.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,98%, a 127.267,18 pontos, de acordo com dados preliminares, após marcar 128.528,28 pontos na máxima e 127.028,24 pontos na mínima do dia.

O volume financeiro no pregão somava R$18,3 bilhões antes dos ajustes finais.

Na noite de terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que pretende impor tarifas sobre automóveis “em torno de 25%” e taxas de importações semelhantes sobre semicondutores e produtos farmacêuticos. Na sexta-feira, Trump já havia dito que as tarifas sobre automóveis seriam aplicadas em 2 de abril.

A possibilidade de acirramento da guerra comercial — vista como um fator inflacionário para os EUA, que poderia levar a juros mais altos — deu força ao dólar ante diversas divisas. No Brasil, a moeda norte-americana à vista marcou a cotação máxima de R$ 5,7334 (+0,79%) às 10h04.

No entanto, as cotações perderam força no Brasil ao longo da manhã e chegaram a recuar no começo da tarde. Às 12h38, o dólar à vista marcou a menor cotação do pregão, de R$ 5,6829 (-0,10%).

Operador ouvido pela Reuters pontuou que um dos motivos para a volatilidade do dólar ante o real foi uma grande operação realizada por investidor estrangeiro no mercado futuro, comprando grande lote de moeda no início da sessão e vendendo posteriormente. Completada a operação, o dólar voltou a subir ante o real, alinhando-se novamente ao exterior.

Outra pauta do dia foi a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), mostrando que as propostas iniciais de políticas do presidente norte-americano, Donald Trump, geraram preocupação na instituição com o aumento da inflação, com empresas dizendo ao banco central dos Estados Unidos que, em geral, esperam aumentar os preços para repassar aos consumidores os custos das tarifas de importação, disseram formuladores de política monetária em uma reunião realizada cerca de uma semana após a posse de Trump em 20 de janeiro.

Os participantes da reunião de política monetária de 28 e 29 de janeiro do banco central “no geral apontaram riscos de alta para as perspectivas de inflação”, em vez de riscos para o mercado de trabalho, de acordo com a ata do encontro divulgada nesta quarta-feira.

Cenário doméstico

No Brasil, alguns agentes também aproveitaram os recuos mais recentes do dólar para realizar lucros, comprando moeda, em sintonia com a realização vista nos mercados de ações e de DIs (Depósitos Interfinanceiros).

Pela manhã, o Banco Central vendeu 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 2,335 bilhões em fevereiro até o dia 14, com saída de US$ 1,628 bilhão pela via financeira e saída de US$ 707 milhões pela via comercial.

Às 17h12, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,17%, a 107,180.