12/05/2025 - 17:12
O dólar fechou a segunda-feira em alta ante o real, acompanhando o avanço da moeda norte-americana ante a maior parte das demais divisas no exterior, após o acordo tarifário entre Estados Unidos e China reduzir a probabilidade de uma recessão na economia norte-americana.
+Ibovespa fecha estável aos 136 mil pontos após acordo EUA-China; Petrobras e Vale avançam
O dólar à vista fechou em alta de 0,50%, aos R$5,6833. No mês, a divisa acumula elevação de 0,12%. Às 17h04 na B3 o dólar para junho — atualmente o mais líquido — subia 0,60%, aos R$5,7085.
+Veja números e novas tarifas da pausa na guerra comercial entre China e EUA
No fim de semana Estados Unidos e China chegaram a um acordo tarifário durante as negociações de autoridades em Genebra, na Suíça, mas foi nesta segunda-feira que os detalhes foram divulgados.
Os EUA reduzirão as tarifas extras impostas às importações chinesas em abril deste ano de 145% para 30%, enquanto as taxas chinesas sobre as importações dos EUA cairão de 125% para 10%, informaram os dois países. As novas medidas ficarão em vigor por 90 dias.
O alívio trazido pelo acordo fez investidores reduzirem posições em ativos de segurança, como os títulos norte-americanos e moedas como o iene e a libra, e buscarem ativos mais arriscados, como ações.
Com a venda de títulos, os rendimentos dos Treasuries avançaram, o que se refletiu na alta das taxas dos DIs no Brasil, em sintonia com a alta do dólar ante o real.
Dólar bateu R$ 5,70 no intradia
No mercado de moedas, isso se traduziu na venda de divisas de segurança como o iene, a libra e o euro, impulsionando o dólar. A moeda norte-americana também se valorizou ante a maior parte das divisas de emergentes e exportadores de commodities, incluindo o real, em meio à percepção de que o acordo com a China é um fator positivo para a economia dos EUA.
No pico do dia, às 15h15, o dólar à vista foi cotado a R$5,7071 (+0,92%).
“O câmbio caiu no meio desta guerra tarifária porque os investidores viram que os EUA eram o país que tinha mais a perder. Como a guerra tarifária expulsou os investidores para outras praças, como a Suíça e o Reino Unido, o acordo com a China faz com que os investidores voltem para os EUA”, pontuou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, destacando o avanço forte do índice do dólar ao longo do dia.
Às 17h11, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 1,17%, a 101,770.
O avanço do dólar ante o real ocorreu ainda que, no exterior, commodities como o petróleo e o minério de ferro -produtos importantes da pauta exportadora brasileira — tenham apresentado ganhos fortes. O petróleo subia mais de 1% no fim da tarde, enquanto o minério de ferro negociado na China fechou com alta superior a 3%.
“Embora as commodities tenham registrado alta, impulsionadas pela perspectiva de maior demanda chinesa após o acordo, o impacto sobre o dólar mostrou-se limitado”, pontuou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.
“Isso ocorre porque a trégua comercial, apesar de benéfica à economia global, reorganiza os fluxos de capital estrangeiro… Entre os diversos fatores influenciando o mercado hoje – como a valorização das commodities, o aumento do apetite por risco e a alta das bolsas globais – prevaleceu o fortalecimento global do dólar, levando a uma sessão de queda do real”, acrescentou.
A forte influência do acordo comercial EUA-China deixou em segundo plano, no Brasil, a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao UOL. Nela, o ministro disse que a inflação vai se acomodar se as metas fiscais do governo federal forem cumpridas e o Banco Central fizer seu papel.
“A Fazenda não está pensando em nada, do ponto de vista fiscal, além de cumprir as metas estabelecidas, não há outro plano de voo que não seja esse”, disse Haddad.
Pela manhã, o boletim Focus do Banco Central mostrou uma pequena alteração na projeção mediana do mercado para o dólar no fim deste ano, de R$5,86 para R$5,85 – ainda assim uma cotação acima do visto em sessões mais recentes, quando a taxa de câmbio se manteve abaixo dos R$5,80.
“Minha percepção é de que, no curto prazo, os dados de inflação no Brasil abrem caminho para mais um ajuste residual da (taxa básica) Selic pelo Banco Central, o que tende a colaborar com a valorização do real. Mas no médio e no longo prazo devem surgir novas instabilidades no exterior, com o governo Trump, e o cenário é desafiador para moedas como o real e o peso mexicano”, avaliou Galhardo.
Pela manhã o BC vendeu toda a oferta de 25.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.