18/07/2025 - 17:25
A cotação do dólar terminou a sexta-feira, 18, em alta no mercado brasileiro, em meio à repercussão da operação da Polícia Federal que teve o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo.
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Durante o dia, a moeda norte-americana atingiu R$5,5875 no mercado à vista, subindo 0,72% no fechamento – patamar mais alto desde 4 de junho. No acumulado da semana, a alta foi de 0,71%. O dólar futuro com vencimento em agosto, o mais negociado na B3, era cotado a R$5,6040 por volta das 17h07, com valorização de 0,66%.
As atenções dos investidores foram direcionadas, logo cedo, à operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Jair Bolsonaro foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, teve as redes sociais bloqueadas e precisará permanecer em casa durante a noite e nos fins de semana, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes. A decisão ainda veta contato com embaixadas e com seu filho Eduardo Bolsonaro.
O STF associou a movimentação à tentativa de golpe de Estado e, segundo Moraes, as ações de Jair e Eduardo Bolsonaro configuram execução de crimes como coação no andamento do processo, obstrução de investigações e violação da soberania nacional. A maioria da primeira turma do Supremo validou a decisão nesta sexta-feira.
Enquanto isso, o temor no mercado gira em torno de uma possível retaliação comercial. Donald Trump, ao longo da semana, reforçou a intenção de aplicar tarifas de 50% a produtos brasileiros. Essa sinalização tem peso especial porque Eduardo Bolsonaro tem atuado nos EUA em defesa das propostas de Trump, especialmente no contexto comercial.
Perto das 15h46, o dólar atingiu seu ponto máximo no dia: R$5,5992, com avanço de 0,93%. No lado oposto, a mínima foi registrada às 11h05, quando a moeda recuou a R$5,5239, refletindo um alívio temporário no exterior.
Apesar da perda do dólar frente a outras moedas globais — o índice DXY cedia 0,05% às 17h15 —, o real destoou desse movimento. A percepção de risco por causa do ambiente doméstico acabou afastando o real da trajetória das demais divisas emergentes.
O economista sênior do Inter, André Valério, avaliou que os fatores internos pesaram mais: “O real… não foi capaz de surfar essa tendência, tendo um dos piores desempenhos entre seus pares. Esse descolamento se deu por conta dos acontecimentos políticos locais, com a Polícia Federal cumprindo ordem judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Para Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, o nervosismo do mercado está ligado à espera de algum posicionamento mais firme de Trump: “A ação contra Bolsonaro faz o dólar subir, porque o mercado aguarda alguma reação de Trump. Estão todos apreensivos com a possibilidade de Trump aumentar as tarifas brasileiras”.
Além da questão cambial, o ambiente político também foi fonte de desconforto entre os investidores. A percepção de enfraquecimento da direita ganhou força, atingindo inclusive nomes considerados viáveis para 2026, como o governador paulista Tarcísio de Freitas. Internamente, ele tem enfrentado dificuldades para alinhar o apoio a Bolsonaro e a possível taxação americana.
No período da tarde, sem citar diretamente o Brasil, Trump comentou sobre o Brics. Disse que, caso o bloco ganhe força real algum dia, ele atuará de forma dura para enfraquecê-lo. “Quando ouvi sobre esse grupo do Brics, seis países, basicamente, eu os ataquei com muita, muita força. E se algum dia eles realmente se formarem de modo significativo, isso acabará muito rapidamente”, afirmou.
Mais cedo, o Banco Central do Brasil vendeu todos os 35 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados na operação de rolagem.
Com informações da Reuters