O dólar encerrou nesta terça-feira, 30, última sessão do ano, em queda firme ante o real, em uma sessão marcada por ajustes técnicos da moeda em meio à formação da Ptax de fim de mês e à baixa volatilidade às vésperas do feriado de Ano Novo. Já o Ibovespa fechou em alta, em um ano de recordes na bolsa paulista e com o índice registrando o melhor desempenho anual desde 2016, endossado principalmente por recursos estrangeiros.

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A moeda norte-americana à vista fechou o dia em queda de 1,58%, aos R$ 5,4890. No ano, a moeda norte-americana acumulou perda de 11,17%. Já o índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,40%, a 161.125,37 pontos, acumulando ganho de 1,29% em dezembro e de 33,95% no ano — melhor desempenho anual desde 2016, quando avançou 38,93%.

Nesta terça-feira, o Ibovespa chegou a 162.075,04 pontos na máxima e marcou 160.491,30 pontos na mínima do dia, em um pregão com baixa liquidez, com o volume financeiro somando apenas R$ 16 bilhões, de uma média diária de R$ 24,4 bilhões no ano.

As negociações serão retomadas agora apenas na sexta-feira.

O dólar no dia

O menor volume de negócios abriu margem para movimentos mais expressivos da moeda nesta terça-feira.

“É um ajuste. A alta [de segunda-feira] não se sustentava, era fruto de uma liquidez reduzida que acaba permitindo algumas distorções mais agudas no intradia”, disse o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo.

Além da baixa liquidez do período, os movimentos do dólar também foram impactados pela formação da Ptax. Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, ela serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

A Ptax fechou a terça-feira a R$5,5018 para compra e a R$5,5024 para a venda, conforme o Banco Central.

Olhando para o desempenho do dólar no ano, houve o impacto dos juros no Brasil e do próprio dólar no exterior.

“O cenário de juros altos aqui naturalmente ajudou o desempenho do real. Não podemos deixar de comentar também que o dólar caiu globalmente”, disse Bergallo, da FB Capital.

Para 2026, apesar do cenário externo favorável aos mercados emergentes com a perspectiva de cortes de juros pelo Fed, o fator eleitoral deve ter maior peso sobre o real.

“Nesse início de ano a tendência é de regulação no mercado, com queda do dólar contra o real, mas logo depois disso entra o cenário político e aí a tendência vai ser a fuga de ativos de risco”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Às 17h48, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,23%, a 98,236.

O destaque da agenda externa foi a divulgação da ata da última reunião do Fed. O documento mostrou que a autarquia concordou em cortar a taxa básica de juros em sua reunião de dezembro somente depois de um debate com muitas nuances sobre os riscos que a economia norte-americana enfrenta no momento.

De acordo com a ata, até mesmo alguns dos que apoiaram o corte de juros reconheceram que “a decisão foi finamente equilibrada ou que eles poderiam ter apoiado a manutenção do intervalo da taxa básica inalterado”, dados os diferentes riscos enfrentados pela economia dos EUA.

O dia do Ibovespa

As ações brasileiras beneficiaram-se ao longo do ano de um movimento de rotação global de recursos, em um ambiente de flexibilização da política monetária norte-americana e perspectivas de um ciclo de corte da taxa de juros do Brasil em 2026.

No começo de dezembro, o índice chegou a superar momentaneamente os 165 mil pontos pela primeira vez. De acordo com a B3, foram 32 recordes de fechamento no ano. Alguns papéis acumularam valorizações de três dígitos.

Os estrangeiros ajudaram. De acordo com dados da bolsa, até o dia 26, as compras desses investidores superavam as vendas em quase R$27 bilhões em 2025, em números que não incluem IPOs e follow-ons. A fatia deles nas negociações alcançava 58,3%.

“O ano de 2025 foi marcado por começar (com o Ibovespa) praticamente na mínima do ano e terminar próximo a sua máxima histórica. A tendência para o ano de 2026 segue para cima e consistente até este momento”, afirmaram analistas do Itaú BBA.

Na última sessão do ano, dados de emprego e sobre as contas públicas ocuparam as atenções na agenda doméstica, enquanto a ata da última — e dividida — decisão de política monetária do Federal Reserve foi o destaque na pauta internacional.

DESTAQUES

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,65%, em sessão positiva para bancos, com BRADESCO PN encerrando em alta de 0,16%, BANCO DO BRASIL ON valorizando-se 0,92%, SANTANDER BRASIL UNIT avançando 2,1% e BTG PACTUAL UNIT fechando com elevação de 0,51%.

– VALE ON terminou com decréscimo de 0,22%, tendo trocado de sinal algumas vezes no pregão, em dia de declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações com queda de 0,44%, a 789 iuanes (US$112,86) a tonelada.

– PETROBRAS PN subiu 0,29%, em pregão com oscilação modesta dos preços do petróleo no exterior e decisão de petroleiros da estatal que atuam na Bacia de Campos de encerrar uma greve iniciada em 15 de dezembro e aprovar uma última proposta de acordo coletivo apresentada pela empresa.

– NATURA ON avançou 3,04%, buscando uma trégua no último pregão de um ano marcado por fortes perdas da fabricante de cosméticos, que figurou entre as maiores quedas do Ibovespa em 2025, com um declínio acumulado de 41,61%. Apenas em dezembro, registrou uma perda de 10,13%.

– EMBRAER ON caiu 1,45%, refletindo ajustes, após ter renovado máximas históricas na semana passada, quando foi negociada acima de R$91 pela primeira vez.