11/01/2022 - 17:59
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em expressiva queda nesta terça-feira, marcando tanto a maior baixa percentual diária quanto o menor patamar de fechamento no ano, com investidores replicando o movimento global de fraqueza da moeda norte-americana após algum alívio com as perspectivas para a política monetária nos EUA.
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O foco dos mercados nesta terça recaiu sobre o depoimento do chefe do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell, para sua renomeação –e, como esperado, Powell teceu comentários sobre política monetária e inflação.
As mensagens, porém, foram vistas como em linha com o esperado ou mesmo menos contundentes. Powell observou que os membros do Fed ainda estão debatendo abordagens para reduzir o balanço da instituição e que às vezes pode levar duas, três ou quatro reuniões para que uma decisão seja tomada.
A sinalização pelo BC dos EUA sobre corte no tamanho de sua carteira de ativos provocou um rali do dólar na semana passada, e os comentários menos assertivos de Powell nesta terça sobre o tema contribuíram para uma realização de lucros na moeda norte-americana.
O dólar à vista cedeu 1,63%, a 5,5801 reais. É a maior desvalorização diária e o menor patamar desde 30 de dezembro, quando a cotação registrou declínio de 2,11%, para 5,5735 reais.
Na B3, às 17:32 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,59%, a 5,5995 reais.
Lá fora, o índice do dólar frente a uma cesta de divisas de países ricos perdia 0,34%, nas mínimas da sessão norte-americana. Um índice de moedas emergentes saltava 0,59%, maior ganho diário desde 24 de dezembro passado.
O real liderou os ganhos entre as principais moedas globais nesta sessão, mas a divisa brasileira tem sido vista como bastante descontada, e em 2021 engatou o quinto ano consecutivo de perdas.
Dados de uma agência dos EUA mostraram que as apostas na desvalorização do real por parte de especuladores que operam na Bolsa Mercantil de Chicago caíram na virada do ano ao menor patamar desde outubro.
“Ainda assim, penso que vivemos em um ambiente de dólar forte no mundo”, disse Alvaro Bandeira, economista-chefe no banco digital Modalmais, citando também que a dinâmica brasileira de “muita confusão, muita encrenca, eleições de outubro” indica uma moeda “deslocada para cima”.
“Não fizemos as reformas que deveríamos ter feito, a economia está mostrando complicações e até abril, maio não teremos muita definição no campo político, então vamos viver com muita volatilidade”, afirmou.
“A única coisa que vejo como possível de melhorar o cenário é um discurso mais ao centro da esquerda e da direita reduzindo a polarização –ou seja, um Lula mais suave e um Bolsonaro também”, afirmou Bandeira.
As mais recentes pesquisas de intenção de votos apontam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, como líderes na disputa eleitoral para a Presidência da República.
Da pauta local, vale citar que a inflação ao consumidor de 2021 medida pelo IPCA saltou mais de 10%, ficando bem acima da meta e do limite do intervalo de tolerância definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em carta aberta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, disse que a instituição tem tomado as devidas providências para que o IPCA atinja as metas estabelecidas para 2022, 2023 e 2024. O BC tem seguido com um agressivo ciclo de alta de juros, movimento que teoricamente pode beneficiar o real.