06/10/2021 - 17:57
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou numa nova máxima desde abril nesta quarta-feira, mas apenas em ligeira elevação e bem abaixo dos picos de mais cedo, quando superou 5,53 reais, com o mercado cambial operando sob a batuta externa em meio a esperanças de um acordo de dívida nos EUA.
O dólar à vista teve variação positiva de 0,01%, a 5,4857 reais na venda. É o maior patamar desde 23 de abril (5,4967 reais).
A cotação virou para terreno positivo nos minutos finais dos negócios, após a partir do meio da tarde passar a operar em queda conforme os mercados globais melhoraram o sinal em conjunto por expectativas de um desejado fim para o impasse sobre o teto da dívida norte-americana, que no extremo poderia levar os EUA a um chocante calote que abalaria as estruturas do mercado financeiro.
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Esse receio manteve o dólar pressionado até o meio da tarde. Foi quando o principal republicano do Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, disse que seu partido apoiaria uma extensão do teto da dívida federal até dezembro. O Senado adiou uma votação sobre o tema que estava prevista para esta quarta-feira, enquanto os democratas consideravam a proposta republicana.
Na mínima da sessão, atingida perto de 16h (de Brasília), o dólar caiu 0,16%, a 5,4761 reais. Na máxima, alcançada às 13h39 (quando os mercados ainda estavam sob intenso estresse), bateu 5,5380 reais, ganho de 0,97%.
A taxa de câmbio operou sob pressão pela manhã também pela decepção com o desempenho do varejo brasileiro em agosto. O dado se soma a evidências de que a economia está perdendo tração, movimento que deve se intensificar em 2022 à medida que o Banco Central é forçado a subir os juros para debelar a inflação que em 12 meses supera 10%.
Os ruídos domésticos associados a um ambiente internacional menos amigável vão adicionar pressão de alta ao dólar no Brasil, avaliaram profissionais do Citi, que elevaram de 5,33 reais para 5,47 reais a estimativa para a moeda ao fim deste ano. Para 2022, o número foi aumentado a 5,49 reais, de 5,40 reais.
“Embora não vislumbremos espaço para melhora no médio prazo das incertezas fiscais e políticas (no Brasil), a normalização da política monetária nos EUA é o principal evento pela frente que pode levar a um cenário externo menos favorável para as moedas emergentes em geral, por meio do fortalecimento do dólar”, disseram em nota.