As incertezas quanto à inflação e, principalmente em relação à dinâmica da política monetária a ser seguida pelos bancos centrais das principais economias do globo, levaram ao fortalecimento do dólar frente a divisas fortes e de emergentes na sessão desta quinta-feira, 18. No Brasil, porém, o interesse de investidores estrangeiros por ativos locais que se perpetua, atenuou a depreciação do real.

Nesse sentido, depois de atingir o pico intraday, a R$ 5,2069, na etapa vespertina, o moeda voltou para chegar ao encerramento do pregão à vista a R$ 5,1720, em alta de 0,08%, maior nível desde 4 de agosto (R$ 5,2204). Ainda assim, segue com perdas de 0,04% no acumulado deste mês frente ao real.

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Matheus Pizzani, economista da CM Capital, ressalta que a situação econômica na Europa, com a inflação muito elevada, e uma leitura mais hawkish da ata da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que foi divulgada na quarta colocam um viés mais negativo com relação à postura que as autoridades monetárias devem ter nos próximos encontros para definir o nível do juro.

Dados finais confirmaram nesta quinta que a taxa anual da inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro acelerou para o nível inédito de 8,9% em julho, ainda refletindo os efeitos da guerra da Rússia na Ucrânia. O salto recorde mantém a pressão para que o Banco Central Europeu (BCE) siga elevando seus juros básicos. Para a Oxford Economics, a alta deve ser de 50 pontos-base em setembro, apesar da piora nas perspectivas de crescimento do bloco.

Do outro lado do Atlântico, o presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, afirmou nesta quinta-feira que “se inclina por uma alta de 75 pontos-base neste momento” nos juros, na próxima reunião do Fed, em setembro. Em entrevista ao Wall Street Journal, ele disse também que ainda não é possível afirmar que o pico do atual ciclo de inflação tenha passado. Para ele, que vota nas reuniões, continua a ser importante que o Fed eleve os juros para a faixa de 3,75% a 4,00% até o fim deste ano.

Já o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, explicou que cerca de dois terços da inflação dos Estados Unidos devem ter sua causa em fatores externos ao país, como a alta do preço do petróleo e gargalos de oferta e reflexos da guerra da Rússia na Ucrânia. Assim, fatores domésticos seriam responsáveis por um terço.

No Brasil, a valorização do dólar tem sido contida pelo ingresso de investimentos estrangeiros. Em evento do BTG Pactual, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o real foi a melhor moeda do ano com desempenho melhor que outras divisas. “Entendemos que o fluxo deve se intensificar para projetos mais longos. Tem movimento da Petrobras que impacta.”