O dólar à vista oscilou em margens estreitas ante o real nesta quinta-feira, firmando-se em baixa na reta final da sessão, com as cotações acompanhando a queda da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes no exterior.

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O dólar à vista fechou em baixa de 0,57%, cotado a R$ 5,6177. Em setembro, a divisa acumula queda de 0,33%. Veja cotações.

Às 17h15, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,85%, a 5,6300 reais na venda.

O Ibovespa também fechou em queda nesta quinta-feira, com as blue chips Petrobras e Itaú Unibanco entre as maiores pressões negativas, enquanto os papéis da Vale ofereceram contrapeso, subindo cerca de 1% na esteira da alta do preço do minério de ferro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,48%, a 134.029,43 pontos, marcando 134.776,87 pontos na máxima e 133.591,04 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somava R$ 16,7 bilhões.

O dólar no dia

Pela manhã o dólar se manteve no território positivo ante o real, mas com ganhos limitados, na ausência de gatilhos para movimentos mais intensos.

Nos EUA, dados do Departamento do Trabalho mostraram que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) aumentou 0,2% em agosto, após ter ficado estável em julho, em número revisado. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 0,1% do índice.

Além disso, o órgão informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 2.000 na semana encerrada em 7 de setembro, para 230.000, em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam exatamente 230.000 pedidos para a última semana.

Os números dos EUA mantiveram a perspectiva de que o Federal Reserve cortará os juros em 25 pontos-base na próxima semana, e não em 50 pontos-base, o que dava suporte aos rendimentos dos Treasuries. No entanto, o dólar cedia ante a maior parte das demais divisas, o que acabou conduzindo as cotações para o território negativo também no Brasil.

Operador ouvido pela Reuters chamou a atenção para a liquidez reduzida no mercado de câmbio brasileiro nesta quinta-feira, o que acabou favorecendo a renovação de mínimas do dólar ante o real na reta final dos negócios.

Após marcar a máxima de 5,6775 reais (+0,49%) às 11h55, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,6152 reais (-0,61%) às 16h50, já perto do fechamento. Neste horário, no mercado futuro a negociação do dólar para outubro — atualmente o primeiro vencimento e o mais líquido — somava 172 mil contratos, montante abaixo da média para o horário.

No exterior, o dólar seguia em baixa ante a maior parte das divisas no fim da tarde. Um dos destaques era queda da moeda norte-americana ante o euro, com a moeda única sendo impulsionada por indicações de autoridades de que o Banco Central Europeu (BCE) não deve cortar juros novamente em outubro.

Às 17h13 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, entre elas o euro — caía 0,51%, a 101,260.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

O dia do Ibovespa

De acordo com o analista Alex Carvalho, CM Capital, o Ibovespa, a correção negativa generalizada dos bancos e a queda das ações de Petrobras descolaram a bolsa paulista do movimento mais positivo nas praças acionárias nos Estados Unidos e Europa, embora alta de Vale tenha minimizado as perdas do Ibovespa.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou com elevação de 0,75%, enquanto o europeu STOXX 600 subiu 0,80%, após o Banco Central Europeu (BCE) confirmar expectativas e cortar novamente as taxas de juros na zona do euro.

A queda de papéis de empresas de setores mais cíclicos, mais sensíveis a juros, também chamou a atenção, com a estrategista de ações Jennie Li, da XP, enxergando o movimento como um reflexo da curva de DI, que por sua vez acompanhou o movimento dos Treasuries e segue se ajustando a expectativas para a Selic.

Li chamou a atenção para dados de vendas no varejo no Brasil divulgadas mais cedo nesta quinta-feira, que voltaram a crescer em julho, com aumento de 0,6% frente ao mês anterior, após retração de 0,9% em junho. A previsão era alta de 0,5%.

“Dados no Brasil continuam mostrando que a economia continua forte, continua resiliente… Isso reforça bastante o cenário de que…o próximo passo do Copom provavelmente vai ser de uma alta da taxa Selic”, afirmou, referindo-se ao Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Os contratos de DI embutiam no final do dia uma chance de quase 90% de um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic na próxima quarta-feira, quando o Copom encerra sua reunião de dois dias e divulga a decisão no final o dia.

Nesta quinta-feira, economistas do Itaú revisaram cenário, passando a esperar um ciclo de alta de juros 1,50 ponto percentual começando no próximo dia 18, “em um contexto de taxa de câmbio pressionada, expectativas de inflação desancoradas e alguma revisão – ainda que pequena – do hiato do PIB”.

A equipe chefiada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita estima Selic de 11,75% ao final de 2024, com uma alta adicional em janeiro de 2025, alcançando um nível terminal de 12%.

Para Li, da XP, o movimento na bolsa paulista também refletiu certa cautela para os eventos da próxima semana, notadamente as decisões de juros do BC brasileiro e do Federal Reserve, ambas na quarta-feira. “Mercado está em compasso de espera para ver o que vai acontecer na semana que vem”, disse.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN caiu 1,13%, apesar da alta do petróleo no exterior. Citando a queda recente da commodity, o Goldman Sachs revisou projeção de dividendo extraordinário potencial da estatal a até 6 bilhões de dólares, sendo 4 bilhões até o final de 2024 e 2 bilhões no primeiro semestre de 2025. Os analistas do banco também cortaram em 10% o preço-alvo das ações ON e PN, para 43,40 e 39,40 reais, respectivamente.

– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,1%, em dia negativo para o setor, com BANCO DO BRASIL ON fechando em baixa de 1,13%, BRADESCO PN cedendo 0,45% e SANTANDER BRASIL UNIT terminando em queda de 0,97%.

– VALE ON avançou 0,9%, favorecida pela alta dos futuros do minério de ferro na Ásia, enquanto agentes financeiros também analisam noticiário recente da mineradora. CSN MINERAÇÃO ON subiu 3,27%.

– BRAVA ENERGIA ON recuou 5,06%, retomando a tendência negativa dos últimos pregões, após uma trégua na véspera, quando fechou em alta de 5% após divulgar que o Ibama emitiu licença de operação do navio-plataforma FPSO Atlanta.

– CVC BRASIL ON caiu 2,67%, revertendo a alta da abertura, quando reagiu ao anúncio da véspera da operadora e agência de viagens de que chegou a acordo para novo reperfilamento de determinadas debêntures, que deve ajudar a dar flexibilidade para a empresa melhorar sua estrutura de capital. Na máxima pela manhã, chegou a avançar 8,56%, a 2,03 reais.

– RAÍZEN PN fechou em alta de 2,34%, tendo como pano de fundo anúncio pela Raízen Fuels Finance de 1 bilhão de dólares em bonds verdes de 10 anos no mercado externo. Os recursos serão destinados a financiamento e refinanciamento de ativos e projetos verdes elegíveis, gestão de passivos e finalidades gerais da companhia.