05/11/2024 - 17:23
O dólar se firmou em baixa no Brasil durante a tarde desta terça-feira, 5, após o governo antecipar um encontro de ministros em Brasília para discutir medidas na área fiscal, em um dia de cautela nos mercados globais com a eleição presidencial nos Estados Unidos.
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O dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,62%, cotado a R$ 5,7472. No ano, porém, a divisa acumula alta de 18,46%. Veja cotações.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,82%, a 5,7575 reais na venda.
O Ibovespa fechou praticamente estável nesta terça-feira, tendo Itaú Unibanco como destaque com avanço de 2,7% após resultado trimestral, com o maior banco do país revisando para cima a previsão de crescimento de crédito e sinalizando dividendo extraordinário para 2024.
Expectativas relacionadas a um aguardado pacote fiscal do governo também afetaram as negociações na B3, assim como apostas sobre o desfecho da eleição presidencial norte-americana, em meio à disputa acirrada entre a democrata e vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente republicano Donald Trump.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,11%, a 130.660,75 pontos, tendo marcado 129.692,26 pontos na mínima e 130.768,59 pontos na máxima do dia. O volume financeiro no pregão somou 19,5 bilhões de reais.
O dólar no dia
No início do dia a moeda norte-americana chegou a subir ante o real, para acima de 5,80, se recuperando após o forte recuo da véspera.
Mas a divisa retornou para perto da estabilidade ainda pela manhã, com investidores de olho nas eleições norte-americanas e em Brasília, onde o governo segue discutindo medidas na área fiscal.
O cenário mudou no início da tarde quando surgiu a informação de que uma reunião na Casa Civil do governo em Brasília, para discutir cortes de gastos, havia sido antecipada das 16h para as 14h10. O encontro reuniu o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, a ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, e o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.
Embora a Casa Civil tenha informado que não haveria entrevista no fim do encontro, o mercado gostou da antecipação.
“Houve uma mudança brusca (no dólar) porque a reunião prevista para as 16h foi antecipada”, comentou durante a tarde Lucélia Freitas Aguiar, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
“Os investidores aguardam com grande expectativa (o anúncio), para verificar onde haverá cortes. Quando surge algo, o pessoal se agarra e isso pega bastante nos preços”, acrescentou.
Assim, após ter atingido a cotação máxima de 5,8061 reais (+0,39%) às 9h33, o dólar à vista marcou a mínima de 5,7415 reais (-0,72%) às 15h16 — quando os ministros seguiam reunidos no Planalto discutindo a contenção de gastos.
No exterior, o dólar também recuava ante a maior parte das demais divisas no fim da tarde, em meio ao cenário eleitoral ainda nebuloso nos EUA.
As apostas de eventual vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris voltaram a afetar boa parte dos mercados nesta terça-feira, após na véspera a expectativa de vitória dela ter ganhado força a partir de uma pesquisa eleitoral no Estado de Iowa, que mostrou vantagem para a vice-presidente.
Em tese, eventual vitória de Trump seria desfavorável a moedas como o peso mexicano, mas a divisa do México, assim como o real, se fortalecia no fim da tarde ante o dólar.
Às 17h12, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,48%, a 103,430.
No fim da manhã, o BC vendeu 14.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.
O dia do Ibovespa
De acordo com o analista Hayson Silva, da corretora Nova Futura Investimentos, o Ibovespa se afastou das mínimas com a antecipação de uma reunião com uma série de ministros, entre eles Fernando Haddad, da Fazenda, e Rui Costa, da Casa Civil, para continuar as tratativas sobre corte de gastos.
A antecipação “aumentou a expectativa de um anúncio sobre medidas fiscais”, observou Silva, acrescentando que a possibilidade de um pacote fiscal sair favoreceu o Ibovespa, mesmo em um cenário de cautela diante da eleição nos EUA e o risco de uma contagem de votos prolongada.
“No Brasil, a agenda fiscal segue como um tema chave”, reforçou o analista.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com ministros na véspera para definir o pacote, mas o encontro terminou sem anúncio. Também na segunda, Haddad afirmou que as medidas estavam adiantadas, prevendo um anúncio para esta semana.
Conforme notou o sócio e advisor da Blue3 Willian Queiroz, o mercado está precificando “praticamente minuto a minuto” qualquer especulação envolvendo a proposta fiscal. E sem um cenário mais concreto, uma ideia mais clara do desfecho das negociações, “a cada notícia há uma reviravolta”, acrescentou.
DESTAQUES
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 3%, após reportar um lucro líquido gerencial de 10,675 bilhões de reais, uma alta de 18% ano a ano, que superou ligeiramente previsões de analistas. O maior banco do país por ativos também revisou para cima previsão de crescimento da carteira de crédito, e o CEO Milton Maluhy Filho afirmou que o banco “certamente” pagará dividendos extraordinários referentes ao exercício de 2024, com base nas informações que dispõe atualmente.
– RD SAÚDE ON subiu 3,06%, também entre as maiores altas do pregão. Analistas do UBS BB chamaram a atenção para dados da IQVIA mostrando que a abertura de farmácias ganhou tração em 2024, com as grandes redes, como RD, e associações continuando a ganhar participação de mercado. “O market share de 15,7% da RD no Brasil ainda sugere espaço para expansão sólida nos próximos anos”, afirmaram Vinicius Strano e equipe em relatório enviado a clientes nesta terça-feira.
– TOTVS ON avançou 3,74%, no quinto pregão seguido de alta, em meio a especulações envolvendo interesse da companhia na Linx. A Totvs também divulga na quarta-feira seu resultado trimestral, após o fechamento do mercado.
– TIM BRASIL ON caiu 3,93%, mesmo após divulgar que seu lucro líquido normalizado do terceiro trimestre cresceu 11,2% no comparativo anual, para 805 milhões de reais, bem como que irá remunerar seus acionistas em cerca de 3,5 bilhões de reais, com referência ao ano de 2024. A empresa manteve suas projeções para 2024 a 2026. No setor, TELEFÔNICA BRASIL ON, que opera sob a marca Vivo e divulga balanço nesta terça-feira ainda, recuou 0,69%.
– CARREFOUR BRASIL ON fechou em queda de 5,17%, em sessão de correção, após seis pregões seguidos de alta, período em que acumulou um ganho de cerca de 16%. No setor, GPA ON, que divulga balanço após o fechamento, encerrou o pregão com alta de 0,95%.
– PETROBRAS PN cedeu 0,31%, apesar do avanço do petróleo no exterior, onde o barril de Brent subiu 0,6%. PETROBRAS ON perdeu 0,5%.
– VALE ON caiu 0,88%, perdendo o fôlego positivo da primeira etapa, quando buscou suporte no avanço dos futuros de minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 2,53%, a 791 iuanes (111,33 dólares) a tonelada métrica. No início da sessão, atingiu o maior valor desde 17 de outubro, 798 iuanes por tonelada.