O dólar fechou nesta segunda-feira, 30, em leve alta ante o real, numa sessão marcada pela disputa de fim de mês e de trimestre pela formação da taxa Ptax e pelo avanço da moeda norte-americana também no exterior.

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O dólar à vista fechou em alta de 0,24%, cotado a R$ 5,4491. A divisa acumulou queda de 3,32% em setembro e baixa de 2,53% no terceiro trimestre do ano. Veja cotações.

Às 17h07, o dólar futuro para novembro — que nesta segunda-feira passou a ser o mais líquido do mercado brasileiro — subia 0,21%, aos 5,4690 reais.

Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Nesta segunda-feira a disputa se tornou ainda mais importante já que a Ptax também era a do encerramento do trimestre, servindo de referência para balanços de empresas com operações internacionais.

Já o Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, com Assaí desabando para uma mínima histórica em meio a desconforto com decisão da Receita Federal sobre contingências tributárias, enquanto Azul foi destaque positivo ainda sob efeito de expectativas sobre negociação com credores.

Dados sobre as contas públicas piores do que o esperado e nova revisão para cima nas previsões do mercado para a Selic – de 11,50% para 11,75% em 2024 e de 10,50% para 10,75% em 2025 – apuradas pela pesquisa Focus do Banco Central adicionaram pressão negativa ao pregão brasileiro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,42%, a 132.168,54 pontos, tendo marcado 133.119,79 pontos na máxima e 131.932,13 pontos na mínima do dia, de acordo com dados preliminares. O volume financeiro somava 16,9 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

O dólar no dia

No início da sessão o dólar chegou a oscilar em baixa ante o real, com as moedas de países exportadores de commodities sendo novamente favorecidas pelo anúncio de mais estímulos econômicos na China.

O banco central da China informou no domingo que dirá aos bancos para reduzirem as taxas de hipoteca para empréstimos imobiliários existentes antes de 31 de outubro, como parte de medidas abrangentes a fim de apoiar o mercado imobiliário do país.

Além disso, três grandes cidades — Guangzhou, Shenzhen e Xangai — suspenderam restrições importantes à compra de casas.

Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,4060 reais (-0,56%) na venda às 9h15.

No entanto, o dólar passou a se fortalecer logo depois, com investidores comprados na moeda norte-americana puxando as cotações com foco na Ptax.

Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Nesta segunda-feira a disputa se tornou ainda mais importante já que a Ptax também era a do encerramento do trimestre, servindo de referência para balanços de empresas com operações internacionais.

“Tivemos uma abertura em queda alinhada com nossos pares. Dados da China impulsionaram as moedas emergentes, com o avanço do minério de ferro por lá, em reação aos estímulos prometidos para a economia chinesa”, comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

Segundo ele, o mercado também seguia cético em relação ao equilíbrio fiscal no Brasil, o que favorecia a montagem de posições defensivas no dólar.

No exterior, a moeda norte-americana também passou a ganhar força ante boa parte das demais divisas, com investidores à espera de um discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, durante a tarde.

Às 10h50, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,4749 reais (+0,71%).

Definida a Ptax de fim de mês (5,4481 reais para venda) no início da tarde, o dólar passou a oscilar mais livremente no Brasil, sem influências técnicas, o que fez as cotações desacelerarem.

A partir das 14h55, quando Powell começou a falar, os rendimentos dos Treasuries aceleraram os ganhos, o que também deu força as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil. O dólar retomou parte do fôlego ante o real, mas não o suficiente para renovar as máximas do dia.

Em sua fala, Powell afirmou que prevê mais dois cortes nas taxas de juros dos EUA este ano, totalizando 50 pontos-base, “se a economia tiver o desempenho esperado”, embora o Fed possa fazer cortes mais rápidos, se necessário, ou mais lentos.

Neste cenário, no fim da tarde o dólar seguia em alta firme ante moedas fortes no exterior e ante boa parte das demais divisas de emergentes ou exportadores de commodities. Às 17h24, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,31%, a 100,750.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

O dia do Ibovespa

Dados sobre as contas públicas piores do que as estimativas e nova revisão para cima nas previsões do mercado para a Selic — de 11,50% para 11,75% em 2024 e de 10,50% para 10,75% em 2025 — apuradas pela pesquisa Focus do Banco Central adicionaram pressão negativa ao pregão brasileiro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,69%, a 131.816,44 pontos, na mínima do dia, tendo marcado 133.119,79 pontos na máxima da sessão. No mês, acumulou queda de 3,08%. O volume financeiro somou 20,9 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

De acordo com a equipe da Ágora Investimentos, após forte movimento de recuperação na última semana, o Ibovespa sinalizou formação de topo na região de resistência dos 133.950 pontos e média diária de 21 períodos. “A leitura é de possível retomada do movimento negativo em direção ao suporte nos 129.900 pontos”.

 

DESTAQUES

– ASSAÍ ON caiu 8%, a 7,47 reais, após a Receita Federal cobrar da empresa arrolamento de bens no valor de 1,265 bilhão de reais, em meio à “existência de contingências” tributárias em discussão do GPA. O Assaí afirmou que vai recorrer. No setor, GPA ON perdeu 1,05% e CARREFOUR BRASIL ON fechou em baixa de 0,32%.

– ITAÚ UNIBANCO PN recuou 1,77%, enquanto BRADESCO PN cedeu 1,61% e SANTANDER BRASIL UNIT encerrou com decréscimo de 1,01%. BANCO DO BRASIL ON perdeu 0,26%.

– VALE ON terminou com declínio de 0,7%, perdendo fôlego durante a sessão, após avançar mais de 2% no começo do pregão, quando foi favorecida pelo salto dos preços do minério de ferro na China após novas medidas de Pequim para estimular o mercado imobiliário da segunda maior economia do mundo.

– PETROBRAS PN fechou com variação negativa de 0,28%, em dia de fraqueza dos preços do petróleo Brent, usado como referência pela estatal, que encerrou o dia em baixa de 0,29%.

– MAGAZINE LUIZA ON caiu 3%, renovando mínimas desde o grupamento de ações em maio, dado o ambiente macro prospectivo desafvorável com altas de juros no horizonte.

– AZUL PN valorizou-se 4,87%, no terceiro pregão seguido de alta, conforme permanecessem as expectativas de um acordo da companhia aérea com credores. No final da sexta-feira, a empresa disse que as negociações mostram “bom ritmo”, mas que ela ainda não firmou acordos vinculantes para uma reestruturação de sua dívida com grupos que incluem arrendedores de aeronaves.

– VAMOS ON avançou 1,69%, na esteira de proposta de reorganização societária da acionista controladora, a Simpar, para tornar a operação da Vamos Locação exclusiva e inteiramente dedicada ao segmento de locação de caminhões, máquinas e equipamentos e combinar os negócios da Vamos Concessionárias com a Automob. SIMPAR ON, que não está no Ibovespa, subiu 6,27%.