30/07/2024 - 17:23
O dólar à vista fechou a terça-feira, 30, perto da estabilidade ante o real, após ter apresentado ganhos mais firmes pela manhã, com investidores antecipando parte da disputa pela formação da Ptax de fim de mês e à espera das decisões sobre juros do Banco do Japão, do Federal Reserve nos Estados Unidos e do Banco Central do Brasil, todas na quarta-feira, 31.
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O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,6197 na venda, em leve baixa de 0,10%. No mês a divisa acumula alta de 0,52%. Veja cotações.
Às 17h03, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,10%, a R$ 5,6230 na venda.
Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, com as ações da Vale e da Petrobras respondendo pelas maiores pressões de baixa na esteira da queda do minério de ferro e do petróleo no exterior, em pregão também marcado por cautela antes de decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
A safra de balanços de empresas brasileiras também repercutiu no pregão, com Klabin na coluna positiva, enquanto CCR e Telefônica Brasil figuraram entre as quedas da sessão após a divulgação dos respectivos resultados do segundo trimestre do ano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,64%, a 126.139,21 pontos, tendo marcado 126.950,76 pontos na máxima e 125.972,91 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$ 17 bilhões.
O dólar no dia
Desde cedo a expectativa para as decisões de política monetária na quarta-feira permeavam os negócios, com parte dos investidores controlando o apetite ao risco no mercado brasileiro.
Parte da disputa pela Ptax, a ser definida na quarta, também foi antecipada, com investidores comprados (posicionados na alta das cotações) empurrando o dólar para cima.
“Ontem o real descolou das demais moedas no exterior e subiu, mas hoje há uma pequena correção. Também já vimos movimentação em torno da Ptax”, pontuou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.
Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de 5,6115 reais (-0,25%) às 9h01 e a máxima de 5,6645 reais (+0,69%) às 10h05 — horário próximo de uma das janelas de coleta de preços pelo BC para formação da Ptax no dia.
Apesar do movimento mais intenso pela manhã, o dólar perdeu força à tarde e se reaproximou da estabilidade ante o real. O movimento ocorreu enquanto, no exterior, a moeda norte-americana seguiu sustentando altas ante divisas como o peso colombiano e o peso mexicano.
No meio da tarde de quarta-feira sairá a decisão do Federal Reserve sobre juros e na sequência o chair da instituição, Jerome Powell, falará à imprensa.
A quarta-feira terá ainda a decisão do Banco do Japão — aguardada com ansiedade pelo mercado de câmbio, já que a apreciação do iene nas últimas semanas tem servido de motivo para o avanço do dólar ante várias divisas de emergentes, como o real.
À noite será a vez de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciar sua decisão sobre a taxa básica Selic. Há um consenso no mercado de que a taxa será mantida em 10,50% ao ano, mas os agentes estarão atentos às indicações do BC para as próximas reuniões. A dúvida é se o Copom sinalizará a possibilidade de elevação de juros à frente — algo que já vem sendo considerado por algumas casas.
“Acredito que pouca coisa deve mudar. O Copom deve fazer um comunicado mais conservador no sentido de uma política monetária mais restritiva, mas sem dar muita direção”, opinou Galhardo. Para os economistas da Guide Investimentos, a piora do cenário deve levar o Copom a sustentar “a mensagem de ‘pulso firme’ na condução da política monetária, principalmente em um ambiente caracterizado por uma forte pressão sobre o câmbio”.
“Ainda assim, não enxergamos a necessidade de subir o juro nas próximas decisões, uma vez que, no atual cenário, acreditamos que o patamar atual da Selic já é contracionista o suficiente para que a inflação convirja para a meta no horizonte relevante para a atuação da política monetária caso se sustente na maior parte de 2025”, acrescentaram Victor Beyruti Guglielmi e Yuri Alves em relatório enviado pela Guide a clientes.
Às 17h10, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,03%, a 104,550.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
O dia do Ibovespa
Nos EUA, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve divulga comunicado sobre sua decisão de política monetária às 15h (horário de Brasília) e o chair do banco central norte-americano, Jerome Powell, fala com jornalistas na sequência, a partir das 15h30.
Não se espera mudança na taxa, que está na faixa de 5,25% a 5,50% desde julho do ano passado. Mas há expectativa quanto ao “statement” e aos comentários de Powell, principalmente eventuais sinais sobre os próximos passos, com o mercado apostando que o Fed começará a cortar os juros em setembro.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, por sua vez, divulga o comunicado com a sua decisão após o fechamento do mercado. Uma vez que também não há previsão de mudança na Selic, atualmente em 10,50%, o foco estará nas palavras do colegiado presidido por Roberto Campos Neto.
De acordo com o head de análises da Warren Investimentos, Frederico Nobre, a bolsa refletiu um movimento de realização de lucros combinado com a cautela prá-Copom e pré-Fomc, enquanto as commodities não ajudaram. “É uma certa aversão a risco, um movimento mais macro mesmo”, pontuou.
Apesar da segunda queda seguida, o Ibovespa ainda acumula um ganho de 1,8% no mês.
A safra de balanços de empresas brasileiras também repercutiu no pregão, com Klabin na coluna positiva, enquanto CCR e Telefônica Brasil figuraram entre as quedas da sessão após a divulgação dos respectivos resultados no segundo trimestre do ano.
Na avaliação de Nobre, a temporada deve se intensificar na primeira e segunda semanas de agosto, e a partir da segunda quinzena do mês será possível ter uma visão mais ampla para entender os aspectos macro das divulgações do período.
DESTAQUES
– VALE ON recuou 2,21%, na esteira da queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em baixa de 2,77%.
– PETROBRAS PN caiu 0,62%, diante do declínio do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em baixa de 1,44%. A estatal também reportou na véspera que a sua produção de petróleo no Brasil cresceu 2,6% entre abril e junho ante igual período do ano passado.
– SÃO MARTINHO ON fechou em baixa de 4,41%, tendo como pano de fundo relatório de analistas da XP cortando a recomendação dos papéis para “neutra”, citando que o mercado global de açúcar passa por incertezas significativas e que os preços do açúcar estão em uma tendência de baixa.
– LOJAS RENNER ON perdeu 3,55%, em dia de ajustes, após três altas seguidas, período em que a varejista de vestuário acumulou uma alta de quase 5%.
– USIMINAS PNA avançou 4,63%, em dia de recuperação após perder quase 27% no acumulado dos dois pregões anteriores na esteira da decepção com o balanço do segundo trimestre e preocupações sobre pressões de custos. No setor, CSN ON caiu 1,68% e GERDAU PN cedeu 0,5%.
– EMBRAER ON valorizou-se 4,26%, renovando máxima histórica de fechamento a 42,85 reais. Analistas do BTG Pactual reiteraram recomendação de “compra” para as ações, citando em relatório melhora do “momentum” de todas as divisões da empresa e tendência positiva para os lucros.
– MARFRIG ON encerrou em alta de 2,95%, com empresas de proteínas majoritariamente no azul, em meio a perspectivas favoráveis para os resultados de modo geral no segundo trimestre. JBS ON subiu 2,92% e MINERVA ON ganhou 1,77%. BRF ON fechou estável.
– 3R PETROLEUM ON subiu 1,52% tendo no radar a divulgação do balanço do segundo trimestre após o fechamento do mercado. Ainda no setor, PRIO ON fechou com decréscimo de 0,3% e PETRORECONCAVO ON ganhou 0,34%.
– KLABIN UNIT fechou com acréscimo de 0,78%, após reportar Ebitda ajustado de 2,05 bilhões de reais no segundo trimestre, crescimento de 53% na mesma comparação, com maiores vendas de papel e celulose e custo caixa total menor, superando previsões de analistas.
– CCR ON recuou 1,93%, tendo como pano de fundo resultado do segundo trimestre, mesmo com lucro líquido ajustado de 411 milhões de reais, mais que o dobro do resultado do mesmo período de 2023 e levemente acima do esperado pela média do mercado. O Ebitda ajustado cresceu 14,4%.
– TELEFÔNICA BRASIL ON cedeu 1,99%, após balanço do período de abril a junho, com alta de 8,9% no lucro líquido, a 1,22 bilhão de reais, um pouco abaixo do esperado no mercado. A Telefônica Brasil disse que está perto de conseguir uma licença de serviços financeiros junto ao Banco Central