10/07/2024 - 17:14
O dólar à vista fechou a quarta-feira, 10, estável ante o real, ainda acima dos R$ 5,40, após ter oscilado abaixo deste nível pela manhã, com as cotações reagindo positivamente ao dado de inflação melhor que o esperado no Brasil.
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A moeda norte-americana à vista encerrou cotada a R$ 5,4132 na venda, em leve baixa de 0,01%. Em 2024, a divisa acumula elevação de 11,58%. Veja cotações
Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,17%, a 5,4255 reais na venda.
O Ibovespa fechou com uma alta modesta nesta quarta-feira, mas confirmando o oitavo pregão seguido no azul, embora distante da máxima do dia, conforme movimentos de realização de lucros atenuaram o efeito benigno do viés positivo em Wall Street e do IPCA abaixo do esperado no mês passado.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,09%, a 127.218,24 pontos, após chegar a 127.769,25 pontos na máxima da sessão. Na mínima, marcou 126.928,28 pontos. É a maior série de altas desde maio de 2023, quando também subiu em oito sessões consecutivas.
O volume financeiro, contudo, permanece fraco: somou apenas R$ 20,17 bilhões, contra uma média diária no ano de R$ 23,5 bilhões.
O dólar no dia
O destaque do dia era a divulgação do IPCA, o índice oficial de inflação no Brasil, no início da sessão.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o indicador subiu 0,21% em junho, após alta de 0,46% no mês anterior. No acumulado de 12 meses até junho, o IPCA teve alta de 4,23%, contra elevação de 3,93% do mês anterior.
Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,32% em junho e elevação de 4,35% em 12 meses.
O dado de inflação melhor que o esperado abriu espaço para a queda firme das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) e para o recuo do dólar ante o real. Às 9h55, sob a influência do IPCA, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de R$ 5,3724 (-0,77%).
Ainda pela manhã, no entanto, o dólar recuperou parte da força, se reaproximando da estabilidade, com alguns investidores realizando lucros e se reposicionando quando as cotações bateram em 5,40 reais.
Profissional ouvido pela Reuters pontuou que, após os recuos recentes, não havia mais tanto espaço para o dólar se manter em queda. Ele lembrou que desde a quarta-feira passada, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e a política monetária, o dólar vem se afastando do pico de 5,70 reais.
Na máxima desta quarta-feira, às 14h33, o dólar à vista foi cotado a R$ 5,4277 (+0,25%).
“A gente tem que ter algum evento mais consistente no mercado, como a redução da taxa de juros nos Estados Unidos, para o dólar cair mais”, corroborou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Até lá, o dólar vai ficar testando resistências, e 5,40 reais é uma resistência forte.”
No exterior, investidores estiveram atentos ao segundo dia de depoimento do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Congresso dos EUA.
Em sua fala Powell disse que ainda não está pronto para concluir que a inflação nos EUA está caindo de forma sustentável para 2%, a meta perseguida pela instituição, mas afirmou que tem “alguma confiança nisso”. O chair do Fed disse ainda que a inflação baixou, mas os preços ainda estão altos.
Às 17h08, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,09%, a 105,020.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 840 milhões em julho até o dia 5, com saída líquida de US$ 1,465 bilhão pela via financeira e entrada de US$ 625 milhões pela via comercial.
Ibovespa no dia
“Era para o Ibovespa estar voando hoje, porque tudo está conspirando a favor, com exceção do preço do minério de ferro”, afirmou o chefe da EQI Research, Luís Moran, destacando o desempenho positivo das bolsas em Nova York, o alívio nos Treasuries, bem como a inflação abaixo do previsto no Brasil.
Para ele, o movimento mais contido na bolsa paulista refletiu realização de lucros. “Subiu muito rápido e muito forte. É uma realização, claramente. Mas tem papel que, mesmo tendo avançado bastante nesses últimos dias, ainda tem muito espaço pra subir”, ressaltou.
Desde que atingiu a mínima do ano em 17 de junho, de 118.685,10 pontos no intradia, o Ibovespa recuou em apenas dois dos 17 pregões seguintes, acumulando até a máxima desta quarta-feira uma valorização de 7,65%.
De acordo com o sócio e chefe da área de análise da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, o IPCA abaixo do esperado foi uma notícia positiva nesta sessão, mas o Ibovespa permanece negativo no ano e tende a continuar à mercê da volatilidade ditada pelo exterior e por ruídos políticos no Brasil.
“Há uma falsa sensação de que o mercado está subindo muito”, afirmou, destacando que no final do ano passado o Ibovespa estava em 134 mil pontos. “Não estamos em um cenário de retomada econômica… ou de arrefecimento de juros, dólar ou mesmo ruídos políticos”, acrescentou.
Apesar da série de ganhos, o Ibovespa ainda acumula um declínio de 5,19% no ano.
Nesta quarta-feira, o IBGE divulgou uma alta de 0,21% no IPCA em junho, desacelerando frente ao avanço de 0,46% em maio e ficando abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, que apontavam alta de 0,32%. Em 12 meses, a taxa acelerou, ficando acima de 4%, mas o aumento foi menor que o esperado.
Os números endossaram a continuidade da queda das taxas dos contratos de DI, principalmente nos vencimentos mais longos, beneficiando ações de empresas sensíveis a juros, embora algumas tenham reduzido ou revertido ganhos durante a sessão.
No final do dia, a curva de DI precificava 90% de chance de manutenção da Selic em 10,50% no fim deste mês e possibilidade de 10% de alta de 25 pontos-base. No início da semana passada, as apostas majoritárias eram de elevação da Selic — algo que o próprio Banco Central tem indicado que não está em seu cenário-base.
DESTAQUES
– LWSA ON avançou 3,56%, tendo como pano de fundo relatório do BTG Pactual reiterando recomendação de “compra”, com os analistas afirmando que a queda acumulada no ano — que deixou a ação perto do preço do IPO — não faz sentido e que veem crescimento mais forte da empresa à frente.
– EZTEC ON subiu 3,19%, com o setor de construção como um todo se beneficiando do alívio na curva de juros. O índice do setor imobiliário, que inclui ainda empresas de shopping centers, fechou em alta de 0,6%. MRV&CO ON ganhou 2,32%.
– SANTANDER BRASIL UNIT encerrou em alta de 3,63%, capitaneando os ganhos dos grandes bancos de varejo no Ibovespa. Na sequência, BRADESCO PN subiu 1,69%, BANCO DO BRASIL ON avançou 1,56% e ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 1,06%.
– VAMOS ON valorizou-se 1,99%, apoiada pelo alívio na curva de DI, mas também tendo no radar relatório do JPMorgan elevando a recomendação das ações para “overweight”, com preço-alvo de 13,50 reais — um upside potencial de 49% frente à cotação de fechamento da véspera, de 9,06 reais.
– AZUL PN caiu 4,83%, após cinco altas seguidas, com relatório do JPMorgan cortando a recomendação dos papéis para “neutra” e reduzindo o preço-alvo de 24,50 reais para 19 reais. A Azul também afirmou na véspera que segue conversando com o Grupo Abra, holding controladora da Gol, mas que, até o presente momento, “não houve qualquer definição a respeito da implementação de qualquer negócio, tampouco estrutura”.
– VALE ON fechou em queda de 1,35%, acompanhando o declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com perda de 0,5%, a 834 iuanes (114,70 dólares) a tonelada.
– PETROBRAS PN perdeu 0,94%, apesar da melhora dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent terminou negociado em alta de 0,5%, a 85,08 dólares. A companhia assinou com a Yara Brasil um “master agreement” para estruturar potencial parceria de negócios em fertilizantes.