(Reuters) – Depois de recuar mais de 1% na quarta-feira, o dólar fechou esta quinta-feira praticamente estável, após ter oscilado entre altas e baixas ao longo da sessão, com investidores em compasso de espera para a apresentação do novo arcabouço fiscal do governo, aguardada para este mês.

Profissionais do mercado afirmaram que a falta de ruídos mais recentes entre o governo Lula e o Banco Central, além dos avanços na proposta de arcabouço fiscal, trouxe um viés de baixa para a moeda norte-americana.

Por outro lado, no cenário externo, permanecia a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode acelerar a alta de juros nos Estados Unidos, o que mantém a pressão sobre moedas de países emergentes, como o Brasil.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1404 reais, em leve alta de 0,03%.

Espera de sinais do arcabouço fiscal e dúvida sobre China inibem alta do Ibovespa

Na B3, às 17:50 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,35%, a 5,1870 reais.

Na quarta-feira, o câmbio brasileiro passou por uma sessão de ajustes, com participantes do mercado reduzindo posições defensivas na moeda norte-americana e estrangeiros elevando aportes em ações e juros futuros. Isso fez o dólar ceder 1,05%, para a faixa dos 5,13 reais.

Passados os ajustes, o dólar oscilou nesta quinta-feira, sem força para se firmar em alta ou em baixa. De acordo com o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel, dois fatores seguiram atuando no mercado de câmbio.

“Temos o (presidente do Fed) Jerome Powell indicando esta semana no Congresso que a inflação parece não estar sob controle ainda, o que acaba atraindo capital para os EUA. E temos a provável apresentação, pelo governo brasileiro, do novo arcabouço fiscal, o que ajudou o mercado, principalmente na quarta-feira”, disse.

Para Felipe Novaes, chefe da mesa de operações do C6 Bank, o fluxo de moeda estrangeira está positivo para o Brasil nesta semana, muito em função da ausência de ruídos no governo.

“Aparentemente, o Ministério da Fazenda está chegando a um formato do novo arcabouço fiscal, que foi apresentado ao BC e, nesta quinta-feira, ao Ministério do Planejamento”, pontuou Novaes.

De fato, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve reunido com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, na terça-feira e com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, nesta quinta. Após almoço com Haddad, Tebet chegou a afirmar que o novo arcabouço fiscal “vai agradar a todos, inclusive o mercado”.

“Parece haver sintonia entre Fazenda, Planejamento e BC, para apresentar um arcabouço fiscal que seja crível. As sinalizações são boas, então o mercado desconta prêmios dos ativos”, avaliou Novaes.

Neste cenário, o dólar chegou a marcar a mínima de 5,1100 reais às 11h02, em baixa de 0,57%. À tarde, a moeda norte-americana atingiu a máxima de 5,1602 (+0,41%), mas foi incapaz de se sustentar nesta faixa, voltando para perto da estabilidade.

No exterior, o dólar cedia no fim da tarde, com investidores a espera dos dados sobre a criação de empregos nos Estados Unidos, a serem divulgados na sexta-feira.

Às 17:50 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,33%, a 105,280.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16 mil contratos de swap ofertados em operação de rolagem dos vencimentos de abril.

 

(Fabrício de Castro)

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