O dólar fechou a sexta-feira em alta no Brasil, pouco acima dos R$ 5,70, com as cotações refletindo a cautela dos investidores quanto à política fiscal do governo Lula e os receios em torno da eventual vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA.

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O dólar à vista fechou em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,7066. Com o movimento do dia, a moeda encerrou a semana com elevação acumulada de 0,11%. Foi a quarta semana consecutiva de alta do dólar ante o real, em um movimento sincronizado aos avanços semanais consecutivos da divisa dos EUA no exterior.

Às 17h11, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,71%, a 5,7120 reais na venda. Veja cotações.

O Ibovespa fechou com declínio discreto nesta sexta-feira, conforme a alta nas taxas dos DI, em parte pelo desconforto de agentes financeiros com o cenário fiscal brasileiro, que ofuscou a repercussão positiva a resultados corporativos acima do esperado, entre eles os números de Vale, Usiminas e Suzano.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,09%, a 129.955,51 pontos, de acordo com dados preliminares, após tendo marcado 129.805,95 pontos na mínima e alcançado 130.529,22 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava 16,8 bilhões de reais antes dos ajustes.

Com tal desempenho, o Ibovespa acumulou na semana uma variação negativa de 0,42%.

O dólar no dia

Em um dia de agenda relativamente esvaziada no Brasil e nos EUA, os agentes se apegaram ao cenário mais amplo para operar. Se na véspera declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, trouxeram alívio para a curva de juros brasileira e para o dólar, nesta sexta-feira os receios com as contas públicas voltaram a sustentar os prêmios e as cotações.

Nos últimos dias autoridades do governo reiteraram a intenção de anunciar, após as eleições municipais do próximo fim de semana, medidas de contenção de gastos. À espera de ações concretas para redução de despesas, o mercado tem demonstrado cautela, protegendo-se no dólar e exigindo mais prêmios na renda fixa.

O exterior também tem influenciado diretamente as cotações, em meio à expectativa de que o republicano Donald Trump possa vencer a democrata Kamala Harris na eleição presidencial dos EUA em 5 de novembro.

A eventual de vitória de Trump é interpretada como potencialmente inflacionária para a economia dos EUA, o que tem dado força aos rendimentos dos Treasuries e, em paralelo, ao dólar e às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil.

Nesta sexta-feira, o “fator-Trump” voltou a sustentar o dólar no exterior, assim como alguns dados da economia norte-americana.

No Brasil, o dólar oscilou em alta durante toda a sessão, da mínima de 5,6660 reais (+0,04%) às 9h00, na abertura, à máxima de 5,7139 reais (+0,89%) às 14h44.

Às 17h11, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,24%, a 104,300.

No fim da manhã, o BC vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.