O dólar fechou nesta segunda-feira, 5, em alta ante o real, mas ainda abaixo dos R$ 5,70, em uma sessão no geral negativa para os ativos brasileiros e marcada pela expectativa antes das decisões sobre juros no Brasil e nos EUA, na próxima quarta-feira, 7.

O dólar à vista fechou em alta de 0,61%, aos R$ 5,6905. No ano, a divisa acumula baixa de 7,91%.

“A ausência de notícias a respeito das negociações de Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, ampliou as incertezas e pressionou o câmbio, que opera com liquidez reduzida devido aos feriados na China e Reino Unido”, explicou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

Veja as cotações completas.

Às 17h02 na B3 o dólar para junho — atualmente o mais líquido — subia 0,54%, aos R$5,7255.

Já o Ibovespa caiu mais de 1% nesta segunda-feira, voltando ao patamar de 133 mil pontos, puxado em maior parte pelo declínio das ações da Petrobras, que anunciou seu terceiro corte no preço do diesel este ano, para uma mínima desde agosto de 2023.

As ações de Cogna e Yduqs se destacaram entre as principais altas percentuais do índice, embaladas por noticiário envolvendo conversas entre as duas gigantes do setor educacional para uma possível fusão.

O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, recuou 1,22%, a 133.491,23 pontos, tendo oscilado a 133.389,92 no pior momento e a 135.198,13 no melhor momento da sessão. O volume financeiro somou R$ 21,6 bilhões.

O dólar no dia

Pela manhã, os investidores ponderavam tanto as novas notícias sobre a guerra tarifária desencadeada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, quanto novos dados econômicos dos Estados Unidos.

Trump anunciou no domingo, 4, uma tarifa de 100% sobre os filmes produzidos fora do país, dizendo que a indústria cinematográfica norte-americana está tendo uma “morte muito rápida” devido a incentivos que outros países estão oferecendo para atrair cineastas. Além disso, afirmou que deseja um acordo justo com a China, seu principal alvo na guerra tarifária, mas não se aprofundou no assunto.

Já o Instituto de Gestão de Fornecimento informou na manhã desta segunda-feira que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor de serviços dos EUA aumentou de 50,8 em março para 51,6 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam queda para 50,2.

Uma leitura do PMI acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia norte-americana. O instituto associa uma leitura acima de 49 ao longo do tempo com o crescimento da economia como um todo.

“O ISM lá fora veio mais forte que o esperado, e as (taxas dos) Treasuries passaram a abrir logo depois da divulgação do índice. O DXY (índice do dólar) estava caindo e reduziu a queda”, pontuou o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo. “Acho que teve aí um impacto (sobre o câmbio no Brasil)”, acrescentou.

Após marcar a cotação mínima de R$5,6287 (-0,48%) às 9h25, antes da divulgação dos dados nos EUA, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,6910 (+0,62%) às 15h43.

O avanço do dólar ante o real também encontrava suporte na baixa forte do petróleo no exterior — produto importante da pauta exportadora brasileira — e no recuo do Ibovespa, superior a 1%.

Além disso, o mercado operava em meio à expectativa pela “superquarta”, quando o Federal Reserve e o Banco Central do Brasil anunciarão suas decisões sobre juros.

Enquanto os títulos norte-americanos precificavam à tarde 97,6% de chances de o Fed manter os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, no Brasil o mercado de DIs (Depósitos Interfinanceiros) precificava 73% de chances de alta de 50 pontos-base da Selic, hoje em 14,25% ao ano.

No exterior, às 17h13, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,09%, a 99,781.

Pela manhã, o boletim Focus do Banco Central indicou que a mediana das projeções do mercado para o dólar no fim de 2025 passou de R$ 5,90 para R$ 5,86.

Também pela manhã, o BC vendeu toda a oferta de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.

O dia do Ibovespa

Segundo o Itaú BBA, a perda do primeiro suporte, em 134.200 pontos, leva aos próximos suportes em 132.100, 128.700 e 127.900 pontos, ainda mantendo o índice em tendência de alta no curto prazo, segundo análise técnica Diário do Grafista.

Em Wall Street, os índices fecharam em queda, com o S&P caindo 0,64% e interrompendo uma sequência de nove sessões de altas, após uma nova tarifa de 100% dos Estados Unidos sobre filmes produzidos fora do país reacender preocupações com os efeitos de uma guerra comercial global.

Os primeiros dias de maio contam com uma série de resultados corporativos trimestrais no Brasil, incluindo, nesta segunda-feira, os números de GPA, BB Seguridade, TIM e Motiva, que serão conhecidos após o fechamento do mercado.

O calendário à frente segue cheio. Além de indicadores econômicos, são esperadas para a semana ainda reuniões de política monetária, com destaque para as decisões do Banco Central brasileiro e do Federal Reserve na chamada “super quarta”.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN caiu 3,73% e PETROBRAS ON perdeu 2,81%, entre as principais pressões negativas sobre o Ibovespa, após a petroleira informar que reduzirá a partir de terça-feira seu preço médio de venda de diesel para as distribuidoras em 4,7%, para R$3,27 por litro, menor patamar nominal desde agosto de 2023. O movimento também foi endossado pela queda nos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou em baixa de 1,73%, a US$60,23. No setor, PRIO ON caiu 2,64%, PETRORECÔNCAVO ON cedeu 4,16% e BRAVA ENERGIA ON declinou 4,28%. A Brava informou nesta segunda que vai iniciar a perfuração de mais dois poços no campo de Atlanta, na Bacia de Santos, até o final do ano.

– COGNA ON disparou 8,81% e YDUQS ON subiu 2,13%, tendo como pano de fundo notícia do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, de que os presidentes dos conselhos de administração de ambas as empresas teriam se reunido para voltar a discutir uma potencial fusão entre as gigantes educacionais.

– ITAÚ UNIBANCO <PN ITUB4.SA> caiu 1,78%, também exercendo forte pressão sobre o índice da bolsa paulista, enquanto SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 0,55%, BANCO DO BRASIL ON fechou com variação positiva de 0,76% e BRADESCO PN desvalorizou-se 0,92%.

– VALE ON subiu 0,3%, em mais uma sessão sem a referência dos preços futuros do minério de ferro, uma vez que os mercados financeiros da China seguem fechados por feriado. As negociações serão retomadas na terça-feira.

– DIRECIONAL ON e SMARTFIT ON subiram 0,44% e 0,71%, respectivamente, em pregão de estreia no Ibovespa, que passou a adotar nova composição quadrimestral da carteira teórica nesta segunda-feira.

– GPA ON recuou 2,31%, na terceira sessão consecutiva de queda, onde acumulou desvalorização de 17%. O grupo realizou nesta segunda assembleia geral extraordinária para eleger 9 novos membros do conselho de administração com mandato unificado de dois anos, que incluiu os investidores Ronaldo Iabrudi, Rafael Ferri, Sebastián Dario Los — indicado por Nelson Tanure — e André Luiz Coelho Diniz, presidente da rede de supermercados Coelho Diniz, conforme ata da reunião.