09/06/2025 - 12:24
Após retomar o patamar de R$ 5,60 pela manhã, o dólar perdeu força e fechou o dia em leve baixa, dividido entre o recuo da moeda norte-americana no exterior e o noticiário sobre as medidas fiscais a serem propostas pelo governo Lula em substituição à alta do IOF.
O dólar à vista fechou o dia em leve baixa de 0,13%, aos R$ 5,5626, renovando o menor valor de fechamento para o ano de 2025. Este também é a menor cotação de fechamento desde 8 de outubro do ano passado, quando terminou em R$5,5334.
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Em 2025, a divisa dos EUA acumula perdas de 9,98%.
Às 17h45, o dólar à vista caía 0,12%, a R$ 5,5855 na venda. Veja cotações.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,30%, a R$ 5,5701 — menor valor de fechamento desde 8 de outubro do ano passado.
Já o Ibovespa também fechou com uma queda modesta, distante da mínima do pregão, em sessão marcada pela repercussão de novas medidas fiscais, enquanto Gerdau disparou com “upgrade” do UBS BB diante do efeito benigno esperado pelo recente aumento da tarifa de importação do aço pelos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,33%, a 135.655,06 pontos, segundo dados preliminares, após chegar a 134.118,64 pontos na mínima do dia. No melhor momento, marcou 136.105,81 pontos. O volume financeiro somava R$17,3 bilhões antes dos ajustes finais.
O dólar no dia
Na noite de domingo, Haddad disse que chegou a um acordo com os líderes do Congresso para “recalibrar” o decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no mês passado, anunciando a apresentação de uma medida provisória ainda nesta semana com as propostas que compensarão o novo decreto.
Segundo Haddad, a MP incluirá taxação de 5% para títulos que atualmente são isentos, uma maior taxação de “bets” e a aproximação das alíquotas pagas por instituições financeiras na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com a eliminação da alíquota mais baixa que hoje beneficia fintechs.
Para além da MP, o ministro apontou que governo e Congresso concordaram em discutir a redução da carga de isenções fiscais em “pelo menos 10%”, além de rever projetos de diminuição dos gastos primários que já estão em tramitação no Legislativo.
Durante toda a semana passada, investidores manifestaram expectativa com o resultado da reunião de membros do governo com os parlamentares, em meio à percepção de que o anúncio de Haddad e sinais de maior articulação entre Executivo e Legislativo na pauta fiscal poderiam levar a um maior otimismo com os ativos brasileiros.
Os recuos no projeto original do IOF, que havia repercutido mal em parte do mercado e entre parlamentares, têm sido em geral bem recebidos.
“O governo conseguiu alinhar uma comunicação diferente em relação ao que vimos duas semanas atrás. No dia do anúncio da alta do IOF, veio junto com uma política de corte de gastos. O que então, teoricamente deveria ter sido positivo, acabou tendo o efeito contrário no mercado”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
“Então, a partir do momento em que o governo consegue articulação com o Congresso, mantendo a pauta de equilíbrio fiscal, a reação é sempre boa”, completou.
Por outro lado, o ambiente ainda estava sendo moldado pela cautela vinda do exterior, limitando os ganhos do real, conforme os mercados globais aguardam os desenvolvimentos de uma reunião entre autoridades norte-americanas e chinesas nesta segunda, em Londres.
Em local não revelado, os dois lados tentarão voltar aos trilhos com um acordo preliminar firmado no mês passado em Genebra, que baixou brevemente a temperatura entre Washington e Pequim e gerou alívio entre investidores afetados durante meses pelas tarifas altas do presidente Donald Trump.
Estão presentes uma delegação dos EUA liderada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, e um contingente chinês liderado pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,04%, a 99,068.
O dia do Ibovespa
No domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que chegou a um acordo com líderes do Congresso para recalibrar o decreto do IOF e mencionou a taxação de títulos isentos e taxas maiores sobre apostas esportivas, além de aproximação das alíquotas da CSLL paga por instituições financeiras.
O pacote será apresentado após o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Brasil, o que está previsto para a terça-feira. Haddad não apresentou os potenciais impactos fiscais das iniciativas.
Fontes com conhecimento do assunto afirmaram a Reuters que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também vai propor uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras que hoje têm cobrança escalonada de 15% a 22,5% a depender do prazo do resgate.
“O novo pacote fiscal também se concentra fortemente em aumentar impostos e receita, em vez de cortar e controlar o aumento de gastos, e não contém elementos fiscais estruturais relevantes”, destacou Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs.
“É improvável que o novo pacote de aumentos, na forma como foi anunciado, impressione o mercado, visto que não aborda as principais vulnerabilidades fiscais e a necessidade de conter e cortar gastos”, acrescentou, afirmando esperar que o pacote tributário proposto seja diluído no Congresso Nacional.
De acordo com análise gráfica da equipe da Ágora Investimentos, em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira, o Ibovespa encerrou a semana passada sugerindo manutenção do viés de baixa em direção à região de suporte dos 135 mil pontos, permanecendo em estrutura neutra no curto prazo.