O dólar à vista opera com recuo ante o real nesta sexta-feira, 11, devolvendo os ganhos da véspera, à medida que os investidores faziam reajustes nas posições e aproveitavam o apetite por risco nos mercados globais, apesar da nova escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

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Por volta de 13h20, o dólar à vista caía 0,24%, a R$ 5,872 na venda. Mais cedo, a divisa chegou à mínima de R$ 5,842. Na semana, a moeda acumula alta de 0,35%. Veja cotações.

Já o Ibovespa buscava se firmar no azul nesta sexta-feira, puxado pela Vale e com apoio de Wall Street, embora persistam receios gerados pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, após Pequim retaliar norte-americanos com anúncio de nova alta nas tarifas de importação.

Às 13h32, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,70%, a 127.242,77 pontos, já tendo recuado a 126.121,06 na mínima até o momento. O volume financeiro na sessão somava R$ 2,49 bilhões.

O dólar no dia

Os ganhos do real ocorriam na esteira dos avanços de seus pares frente à divisa dos EUA, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno, que se beneficiavam das altas dos preços de commodities no exterior, como o minério de ferro.

Investidores também pareciam motivados a buscar ativos mais arriscados diante dos ganhos em mercados acionários, com avanços na Ásia e em futuros de Wall Street, repercutindo balanços fortes por parte de grandes bancos norte-americanos nesta sexta.

Após as fortes perdas entre emergentes na véspera, os agentes financeiros ainda aproveitavam para realizar lucros e ajustar suas posições ao fim de uma semana de extrema volatilidade em meio à incerteza comercial no exterior.

No Brasil, o dólar à vista havia fechado em alta de 0,89% na véspera, a R$ 5,8990.

“Estamos então seguindo em linha com o exterior. Futuros em Wall Street se recuperando, que foi o que derrubou a gente ontem. Então, natural esse ajuste”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

O movimento da sessão ocorria apesar de nova escalada na guerra comercial entre EUA e China, que vinha deixando os investidores mais receosos ao risco em países emergentes ao longo da semana.

Mais cedo, a China aumentou suas tarifas sobre as importações de produtos dos EUA para 125%, revidando a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de aumentar as tarifas para a segunda maior economia do mundo a 145%.

O anúncio de Trump veio em resposta à imposição por Pequim de tarifa de 84% sobre as mercadorias dos EUA, quando a China retaliou uma imposição de tarifa anterior feita pelos EUA.

Na semana passada, Trump disse que colocaria taxa de 54% sobre o país asiático, levando a China a anunciar uma tarifa de 34% sobre os produtos norte-americanos. Em seguida, os EUA impuseram taxa de 104% sobre os produtos chineses, provocando a tarifa retaliatória de 84%.

Segundo Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank, as tensões comerciais também podem estar contribuindo para o enfraquecimento do dólar e de outros ativos dos EUA, como os Treasuries, uma vez que cresce a percepção de que a maior economia do mundo será prejudicada pela disputa.

“A narrativa de ‘vender tudo dos EUA’ estava viva e ativa nos mercados. Em períodos normais de estresse, os ativos dos EUA se saíram bem. Isso virou de cabeça para baixo desde a semana passada, com os investidores parecendo perder a confiança na posição dos EUA como o pilar do excepcionalismo”, afirmou Moutinho.

Analistas temem que a disputa comercial com a China possa reacender a inflação nos EUA e provocar uma recessão econômica devido à dependência de muitas empresas norte-americanas em relação às importações vindas da China.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 1,08%, a 99,437.

Na cena doméstica, o dia era marcado pela divulgação de dados econômicos.

A atividade econômica brasileira cresceu mais do que o esperado em fevereiro com impulso do setor agropecuário, mesmo em meio ao ciclo de aperto de juros e às expectativas de desaceleração da economia, de acordo com dados do Banco Central.

Já o IBGE informou que o IPCA de março desacelerou em linha com o esperado em relação ao mês anterior, com a inflação atingindo o patamar de 5,48% em 12 meses.

O dia do Ibovespa

A China aumentou suas taxas sobre importações de produtos norte-americanos para 125%, revidando a decisão do presidente Donald Trump de elevar novamente as tarifas para a segunda maior economia do mundo.

Em Wall Street, o S&P 500 buscava se firmar no azul, em alta de 0,5%, com agentes financeiros repercutindo também os números do JPMorgan no primeiro trimestre do ano.

“O temor das tarifas continua dominando a atenção dos investidores”, afirmou a XP em relatório a clientes.

No Brasil, o IPCA desacelerou em março, com uma alta de 0,56%, de 1,31% em fevereiro, em linha com as previsões do mercado. Em 12 meses, porém, chegou a 5,48%, dentro do esperado, mas ainda mais distante da meta de inflação.

Também na agenda, o IBC-Br, calculado pelo Banco Central e considerado um sinalizador do PIB, cresceu 0,4% em fevereiro, em dado dessazonalizado, acima das expectativas no mercado (+0,15%), mas abaixo da alta de 0,9% em janeiro.

DESTAQUES

– VALE ON subia 0,78%, acompanhando o avanço dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com alta de 0,71%, a 708 iuans (US$96,70) a tonelada, registrando uma perda semanal de 4,8%.

– ITAÚ UNIBANCO PN mostrava acréscimo de 0,44%, em dia majoritariamente positivo no setor, com BRADESCO PN subindo 1,53%, BANCO DO BRASIL ON registrava variação positiva de 0,07% e SANTANDER BRASIL UNIT valorizava-se 1,33%.

– PETROBRAS PN recuava 0,1%, em dia volátil, após fortes perdas na véspera, enquanto BRAVA ON buscava uma recuperação, com alta de 3,11%. Os preços do petróleo no exterior chegaram a trabalhar no azul mais cedo, mas abandonaram os ganhos e o barril do Brent caía 0,13%.

– SLC AGRÍCOLA ON avançava 3,79%, tendo no radar relatório de analistas do Citi afirmando que esperam que as ações da companhia tenham um bom desempenho nos próximos dias, devido às incertezas sobre tarifas de importação – que podem beneficiar o agronegócio brasileiro – e à tendência de alta do câmbio.

– CYRELA ON recuava 1,37% após reportar prévia operacional com aumento de 34% nas vendas do primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$2,1 bilhões. Os lançamentos do período totalizaram R$3,4 bilhões, um crescimento de 183%.

– DIRECIONAL ON caía 1,7%. A empresa que não está listada no Ibovespa reportou na noite da véspera ligeira alta de vendas, lançamentos praticamente estáveis e consumo de caixa para o primeiro trimestre.