O dólar à vista recuava ante o real nesta segunda-feira, 16, conforme os investidores se posicionavam antes das decisões de uma série de bancos centrais ao longo da semana, enquanto o foco permanecia em torno do aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio e das incertezas comerciais.

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Às 15h30, o dólar à vista caía 0,90%, a R$ 5,4936 na venda, renovando mínimas no ano. Já o Ibovespa subia 1,78%, a 139.659,53 pontos. Veja cotações.

Os movimentos do real nesta sessão tinham como pano de fundo a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, com o dólar devolvendo ganhos obtidos na semana anterior na esteira da escalada do conflito entre Israel e Irã.

Em momentos de tensões geopolíticas, o dólar em geral é visto como um ativo seguro e tende a ser favorecido pelo sentimento de aversão ao risco que domina os mercados. Esse cenário foi observado na sexta, quando a moeda dos Estados Unidos avançou sobre seus pares.

Neste pregão, no entanto, o dólar não conseguia sustentar seus ganhos, já que os investidores seguem demonstrando uma certa aversão a ativos dos EUA em meio às incertezas provocadas pela política comercial errática do presidente Donald Trump, que gera preocupações de desaceleração econômica global.

Os mercados estão ansiosos com a aproximação do prazo que Trump estabeleceu para fechar acordos comerciais, que se dá em três semanas, com os EUA distantes de entendimentos com seus principais parceiros, como Japão e União Europeia.

O receio pelo retorno das taxas punitivas no próximo mês ofuscava momentaneamente os temores gerados pela guerra no Oriente Médio.

“As tensões geopolíticas têm proporcionado pouco impulso ao dólar até o momento, refletindo a persistente desconfiança dos mercados em seu status de porto-seguro”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank. “Os investidores estão relutantes em desfazer suas posições vendidas em dólar.”

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,29%, a 97,991.

Os agentes financeiros também estão se posicionando para uma série de decisões de política monetária nesta semana, incluindo do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.

A autoridade monetária norte-americana divulgará sua decisão na quarta, com ampla expectativa de que mantenha a taxa de juros inalterada mais uma vez, enquanto avalia os impactos econômicos das políticas do governo Trump.

Já o BC brasileiro entrará no encontro desta semana com suas opções em aberto, com as apostas de investidores divididas entre a manutenção dos juros em 14,75% ano — com 68% de chance — e uma alta de 0,25 ponto percentual — com 32% — para o anúncio de quarta-feira, segundo dados da LSEG.

“Não há consenso se o Copom manterá a Selic ou se vai promover um último ajuste. A inflação continua pressionada, e a incerteza fiscal voltou ao centro do debate”, afirmou Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP, em nota.

Na frente de dados, a economia no Brasil iniciou o segundo trimestre com crescimento acima do esperado em abril, de acordo com dados do BC. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve expansão de 0,2% em abril, ante projeção de ganho de 0,1%.

O Ibovespa avançava nesta segunda-feira, favorecido pela melhora nos mercados acionários globais, embora agentes financeiros continuem monitorando o conflito entre Israel e Irã, em semana também marcada por decisões de política monetária no mundo.

Às 11h50, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 1,88%, a 139.746,21 pontos. O volume financeiro somava R$ 4,9 bilhões.

Na visão da equipe da Ágora Investimentos, o começo mais positivo da semana reflete possivelmente um movimento de recuperação técnica dos ativos, que tende a ajudar o pregão brasileiro.

O norte-americano S&P 500 avançava 1%, ampliando os ganhos após o Wall Street Journal noticiar que o Irã busca negociações com os Estados Unidos e Israel e que está enviando mensagem por intermediários para acabar com as hostilidades.

“Essa recuperação externa também pode impulsionar os ativos locais”, avaliou a equipe da corretora em relatório a clientes.

A Ágora ainda chamou a atenção para a pauta da semana, com uma “super” quarta-feira, com anúncios de decisões de juros de Brasil e Estados Unidos.

No cenário local, a corretora citou ainda a possível votação, na Câmara dos Deputados, de projeto da oposição que suspende decreto do governo que trata das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

DESTAQUES

– VALE ON subia 3,43%, após anunciar que obteve a licença prévia para o projeto de cobre Bacaba, no Pará, que busca estender a vida útil do Complexo Minerador de Sossego, contribuindo com uma produção média anual de aproximadamente 50 mil toneladas ao longo de oito anos de operação.

– ITAÚ UNIBANCO PN valorizava-se 2,16%, com o setor de bancos como um todo mostrando desempenho robusto. BANCO DO BRASIL ON tinha elevação de 1,81%, BRADESCO PN ganhava 1,72% e SANTANDER BRASIL UNIT mostrava acréscimo de 1,31%.

– PETROBRAS PN cedia 0,71%, com os preços do petróleo no exterior em queda após a disparada no final da semana passada pelo aumento da tensão no Oriente Médio. O barril do Brent perdia 3,76%. PETROBRAS ON tinha variação positiva de 0,11%.

– MAGAZINE LUIZA ON avançava 5,03%, buscando no ambiente mais positivo, incluindo alívio na inclinação da curva de DI, apoio para recuperar parte das perdas do último pregão, quando fechou com declínio de 7%. VAMOS ON disparava 8,62% e ASSAÍ ON ganhava 3,67%.

– EMBRAER ON subia 4,43%, tendo no radar o Paris Airshow, bem como anúncio pela companhia de que Portugal decidiu comprar um sexto cargueiro KC-390, em acordo com pretensão de incluir 10 opções de compra do avião pelo governo português.