16/07/2025 - 17:48
O dólar encerrou a quarta-feira praticamente estável ante o real, em meio às incertezas em torno da tarifação de 50% dos produtos brasileiros pelos Estados Unidos, da disputa entre governo e Congresso pelo IOF e das ameaças de mudança no comando do Federal Reserve.
A cautela entre os investidores fez o dólar à vista fechar com leve alta de 0,03%, aos R$ 5,5611. No ano a divisa acumula baixa de 10%.
Já o Ibovespa fechou com alta modesta nesta quarta-feira, após oscilar entre altas e baixas na sessão, à medida que investidores monitoravam o noticiário político local e as discussões tarifárias envolvendo Brasil e Estados Unidos, enquanto as ações do GPA figuraram como destaque positivo.
Pela manhã o dólar chegou a se reaproximar dos R$ 5,60 em meio ao desconforto dos agentes em relação à guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump.
Na véspera, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, disse que iniciou uma investigação sobre práticas comerciais “injustas” do Brasil, uma semana depois de o presidente Donald Trump ameaçar impor uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto.
Internamente, a falta de solução para a disputa em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) era outro fator de influência no câmbio. Na terça-feira, a audiência de conciliação promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) entre governo e Congresso terminou sem acordo.
O avanço do dólar no exterior pela manhã, após a divulgação de dados de preços ao produtor nos EUA em junho, era outro fator de sustentação das cotações no Brasil.
Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de R$5,5958 (+0,65%) às 10h49.
O ambiente começou a mudar no fim da manhã, após a CBS e a Bloomberg informarem que Trump havia indicado a um grupo de republicanos da Câmara que demitiria o chair do Federal Reserve, Jerome Powell. A ameaça fez os rendimentos de curto prazo dos títulos norte-americanos despencarem e o dólar se enfraquecer ante as demais divisas.
No Brasil, o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$5,5414 (-0,33%) às 14h30 — já após Trump, com uma mensagem dúbia, ter afirmado que não planeja demitir Powell.
Até o fim da sessão a divisa retornou para a estabilidade no Brasil, conforme um profissional ouvido pela Reuters, em função das incertezas no cenário.
Às 17h10, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,28%, a 98,305.
Pela manhã, o BC vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem.
Ibovespa quebra sequência de perdas
Já o Ibovespa fechou com alta modesta nesta quarta-feira, após oscilar entre altas e baixas na sessão, à medida que investidores monitoravam o noticiário político local e as discussões tarifárias envolvendo Brasil e Estados Unidos, enquanto as ações do GPA figuraram como destaque positivo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com acréscimo de 0,19%, a 135.510,99 pontos, tendo marcado 134.265,3 pontos na mínima e 135.640,67 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somou R$33,4 bilhões, em pregão também marcado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa.
O avanço põe fim à sequência de sete quedas consecutivas do índice da bolsa paulista, em meio às tensões comerciais desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na semana passada tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta que é urgente a negociação com os EUA, mas ponderou não ver problema se houver necessidade de prorrogar o prazo para as tratativas.
Os comentários seguem uma agenda de reuniões de Alckmin com representantes do comércio, indústria e com a Câmara Americana de Comércio nesta quarta, e o anúncio pelo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, na véspera, da abertura de uma investigação sobre práticas comerciais “injustas” do Brasil.
“Essa piora específica em relação às tarifas direcionadas ao Brasil… podem continuar trazendo volatilidade e incerteza”, afirmou a analista de renda variável Bruna Sene, da Rico.
“Por outro lado, a visão de que, por ora, o Brasil não vai retaliar é bem-vista nos mercados”, acrescentou Sene.
Na visão de estrategistas do Citi, a tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros não deve vigorar por muito tempo.
“O presidente Trump demonstrou flexibilidade em negociações comerciais anteriores. No caso da China, por exemplo, a Casa Branca inicialmente anunciou tarifas de até 150%, que depois foram reduzidas após negociações. Padrões semelhantes foram observados com outros países, o que sugere que a tarifa de 50% sobre o Brasil pode ser revista caso haja avanços nas conversas diplomáticas”, afirmaram em relatório.
Na terça-feira, o governo brasileiro enviou uma carta aos EUA pedindo diálogo sobre as alíquotas.
Ainda na cena local, agentes financeiros permaneceram aguardando novos desdobramentos em relação ao impasse envolvendo governo e Congresso sobre o IOF, além da tramitação da PEC que altera a forma como o governo contabiliza os pagamentos de precatórios a partir de 2027, aprovada na Câmara na madrugada.
Em Wall Street, os índices de referência terminaram em alta, com o Nasdaq registrando seu recorde mais recente, apesar de uma meia hora caótica, quando notícias sugeriram que Trump estava planejando demitir o chair do Federal Reserve, Jerome Powell.
O S&P 500 ganhou 0,32%, o Nasdaq avançou 0,26% e o Dow Jones subiu 0,53%.
DESTAQUES
– GPA ON saltou 10,66%, principal variação positiva do Ibovespa, ampliando a valorização mensal para 14,61% e tendo como pano de fundo comunicação do grupo, após o fechamento do mercado na terça-feira, de que membros da família Coelho Diniz, dona da rede de supermercados de mesmo nome, elevaram a participação na companhia para 17,7%. Em meados de maio, a fatia da família na varejista era de 10%. O GPA também tem André Luiz Coelho Diniz entre seus conselheiros.
– VALE ON subiu 0,91%, endossada pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 1,05%, a 773 iuanes (US$107,70) a tonelada.
– BANCO DO BRASIL ON perdeu 0,1%, devolvendo parte das perdas na sessão depois que o JPMorgan reduziu o preço-alvo para o papel de R$28 para R$26, citando preocupações com o aumento da inadimplência no agronegócio, onde o BB possui atuação significativa. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,49%, BRADESCO PN caiu 0,25% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou em queda de 0,36%.
– PETROBRAS PN caiu 0,5% e PETROBRAS ON perdeu 0,86%, em linha com o declínio do petróleo no exterior, onde o barril do Brent cedeu 0,28%, a US$68,52.
– USIMINAS PNA perdeu 4,52%, com o “downgrade” da recomendação do Goldman Sachs para “neutra” e redução do preço-alvo para R$5,2, ante R$8,4. “Apesar dos ganhos recentes nas ações e da rentabilidade, acreditamos que a Usiminas ainda enfrenta desafios cíclicos e estruturais significativos, principalmente devido ao nível elevado (e competitivo) das exportações de aço da China em 2025, assim como à necessidade de investimentos contínuos acima do nível de depreciação para melhorar a eficiência e a competitividade estrutural”, disseram analistas no relatório do GS.
– HAPVIDA ON cedeu 0,24%, diminuindo a queda no pregão após o UBS BB cortar preço-alvo de R$60 para R$55, incorporando uma recuperação mais lenta da base de beneficiários, mas mantendo recomendação de “compra”. O UBS BB disse antecipar um “trimestre desafiador” para a Hapvida e apontou impacto no crescimento da receita devido à base de beneficiários quase estável, piora no índice de sinistralidade (MLR) na comparação anual e pressões nas margens operacionais devido a cobranças retroativas da ANS.