Após sete sessões consecutivas de baixa, o dólar fechou nesta quinta-feira, 20, em alta ante o real, acompanhando o avanço da moeda norte-americana no exterior após o Federal Reserve indicar que não tem pressa para cortar juros nos EUA.

+ Em ranking de juros reais, Brasil só perde para Turquia, Argentina e Rússia

Alguns agentes também aproveitaram a sequência mais recente de baixas do dólar no Brasil para comprar moeda, o que deu suporte às cotações.

O dólar à vista fechou em alta de 0,49%, aos R$ 5,6763, após ter atingido na véspera a menor cotação em cinco meses. Veja cotações.

Às 17h05 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,42%, aos R$ 5,6870.

Já o Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, após seis altas consecutivas, reflexo de realização de lucros, com as ações da Embraer entre os maiores declínios, enquanto os papéis da Minerva dispararam mais de 8% após resultado trimestral e perspectiva de redução da dívida.

O penúltimo pregão da semana também foi marcado pela repercussão da decisão de política monetária do Banco Central brasileiro, que confirmou as expectativas e elevou a Selic para 14,25% ao ano na véspera, enquanto indicou um ajuste menor na próxima reunião, em maio, se confirmado o cenário esperado.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,42%, a 131.954,9 pontos, após marcar 132.712,52 pontos na máxima e 131.813,03 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$24,14 bilhões, em sessão véspera de vencimento de opções sobre ações na B3.

O dólar no dia

A moeda norte-americana oscilou em alta por praticamente toda a sessão, com alguns exportadores aproveitando as cotações mais baixas para comprar divisas. O movimento era amparado pelo exterior, onde o dólar também subia ante a maior parte das demais moedas desde cedo.

O avanço era uma reação a comentários do chair do Fed, Jerome Powell, na véspera, sobre a possibilidade de corte de juros norte-americanos este ano.

“Não teremos pressa para agir”, disse Powell, após o Fed ter mantido sua taxa de juros na faixa entre 4,25% e 4,50%. Ao mesmo tempo. Powell afirmou que é muito cedo para determinar o impacto que as tarifas de importação cobradas pelos EUA podem ter sobre a inflação.

Em meio às incertezas sobre a política monetária norte-americana, os rendimentos dos Treasuries recuavam nesta quinta-feira, mas o dólar sustentava ganhos desde cedo. No Brasil, após marcar a cotação mínima de R$5,6473 (-0,02%) às 10h03, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,6822 (+0,59%) às 13h18.

O noticiário interno, apesar de influenciar os DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta quinta-feira, ficou em segundo plano no câmbio.

Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica Selic em 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, e indicou a intenção de promover novo aumento em maio — desta vez, de menos de 100 pontos-base. Em sua justificativa para o guidance, o BC citou o cenário ainda adverso para a inflação, a elevada incerteza e o efeito defasado da elevação dos juros sobre os preços.

Na manhã desta quinta o Banco Central vendeu US$2 bilhões em dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), um dia após vender outros US$2 bilhões. As operações visavam a rolagem de vencimentos em abril.

Às 17h16, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,41%, a 103,800.

O dia do Ibovespa

O recuo ocorreu após o Ibovespa completar na quarta-feira uma sequência de seis altas, o que não acontecia desde agosto do ano passado, quando fechou no azul em oito pregões seguidos. Na série de ganhos até a véspera, acumulou um ganho de mais de 7%.

Na visão do chefe de renda variável da Nero Capital, Daniel Utsch, a bolsa brasileira tem se beneficiado nas últimas semanas do movimento de rotação (de portfólios) no cenário global, mas também mostrado alguma correlação com pesquisas de opinião sobre o governo, dada a decepção com a atual política fiscal.

Dados da B3 endossam a tese da rotação, com as compras de ações por estrangeiros no mercado secundário superando as vendas em R$4,46 bilhões em março até o dia 18. No ano, esse saldo está positivo em R$13,16 bilhões. Até a véspera, o Ibovespa acumulava uma valorização de 10% no ano.

Utsch ponderou que ainda vê um cenário macroeconômico desafiador para as ações, e assim não consegue ficar tão posicionado, mas que também não consegue apostar tanto contra, porque o mercado está muito leve e fatores como um fluxo externo ou alguma melhora fiscal podem levar a uma alta muito grande.

DESTAQUES

– EMBRAER ON caiu 6,72%, após renovar máximas históricas na véspera, vinda de uma sequência de seis altas. Até a véspera, as ações da fabricante de aviões acumulavam uma valorização de mais de 40% em 2025, em meio a resultados fortes e perspectivas otimistas para as vendas da companhia.

– PETRORECONCAVO ON recuou 2,49% após mostrar lucro líquido de R$32,4 milhões no quarto trimestre do ano passado, enquanto o Ebitda somou R$403 milhões. A companhia também disse que suas reservas de petróleo atingiram 183,8 milhões de barris de óleo equivalente no final do ano passado.

– CAIXA SEGURIDADE ON perdeu 2,5%, após precificar oferta secundária de ações a R$14,75 por papel. A venda foi feita pela Caixa Econômica Federal, acionista controlador, que se desfez de um total de 82,38 milhões de ações da companhia.

– MINERVA ON saltou 8,41%, após reportar Ebitda consolidado de R$943,7 milhões no quarto trimestre do ano passado, crescimento de 55,8% ano a ano. Executivos da maior exportadora de carne bovina da América do Sul também disseram que a companhia conseguirá reduzir a dívida neste ano e em 2026.

– HAPVIDA ON fechou em queda de 0,44%, depois de desabar mais de 8% na abertura, após divulgação do balanço. Executivos da operadora de saúde afirmaram esperar que 2025 seja um ano de crescimento, com equipes mais focadas em aumento de vendas e menos distraídas com processos de integração.

– PETROBRAS PN subiu 0,22%, endossada pela alta do petróleo no exterior. A estatal também pagava nesta quinta-feira a segunda parcela de remuneração aos acionistas referente ao balanço de 30 de setembro de 2024, no valor bruto de R$0,68 por ação ordinária e preferencial.

– VALE ON recuou 0,31% acompanhando a fraqueza dos futuros do minério de ferro na China, em meio a preocupações persistentes sobre a demanda chinesa pelo principal ingrediente da fabricação de aço com a escalada da guerra comercial global.

– ITAÚ UNIBANCO PN fechou em queda de 0,93%, em dia mais negativo para o setor no Ibovespa, com BRADESCO PN cedendo 0,48%, BANCO DO BRASIL ON mostrando variação negativa de 0,49% e SANTANDER BRASIL UNIT fechando com decréscimo de 1,59%.

– POSITIVO ON, que não está no Ibovespa, avançou 3,17% após divulgar o balanço do último trimestre do ano passado, bem como previsão de receita bruta entre R$4,4 bilhões e R$4,8 bilhões para 2025.

– RANDONCORP PN perdeu 4,08% após divulgação do balanço do quarto trimestre do ano passado, enquanto o conselho de administração aprovou mudanças no comando, com Daniel Randon assumindo como CEO da Randoncorp, enquanto Anderson Pontalti ocupará o cargo de CEO da Frasle Mobility.