22/07/2025 - 18:53
O dólar oscilou em margens estreitas nesta terça-feira e encerrou o dia praticamente estável ante o real, numa sessão de liquidez reduzida e agenda esvaziada, em que os investidores pouco se movimentaram à espera de novidades sobre o tarifaço dos Estados Unidos.
A moeda norte-americana à vista fechou com leve alta de 0,04%, aos R$ 5,5671. No ano, a divisa acumula baixa de 9,90%.
Às 17h03 na B3 o dólar para agosto — atualmente o mais líquido no Brasil – cedia 0,09%, aos R$ 5,5790.
O Ibovespa fechou com um declínio modesto nesta terça-feira, apesar do avanço das blue chips Vale e Petrobras, uma vez que permanecem receios com potenciais reflexos econômicos da recente escalada na tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,1%, a 134.035,72 pontos, tendo marcado 135.300,29 pontos na máxima e 133.986,03 pontos na mínima do dia.
O volume financeiro no pregão somou R$ 18,2 bilhões, abaixo da média diária do mês, de R$ 21,66 bilhões, que está abaixo da média do ano, de R$ 24,48 bilhões.
O dólar no dia
O dólar alterou altas e baixas em diferentes momentos da sessão sem um gatilho forte o suficiente para que os agentes alterassem suas posições.
Tanto no Brasil quanto no exterior os investidores aguardavam por novidades sobre as negociações dos Estados Unidos com seus parceiros comerciais, a pouco mais de uma semana do início da cobrança de tarifas sobre produtos de vários países, em 1º de agosto.
Nesta terça, fontes disseram à Reuters que as perspectivas de um acordo comercial provisório entre a Índia e os EUA antes de 1º de agosto diminuíram. Já o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, disse que usará todo o tempo disponível para fechar um acordo com os EUA.
A falta de novidades concretas nas negociações foi vista também no Brasil, em meio às dificuldades do governo Lula em negociar com os EUA.
A principal barreira é a exigência do presidente dos EUA, Donald Trump, como contrapartida à tarifa de 50% aos produtos brasileiros, do fim do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Com o cenário nebuloso à frente, os investidores pouco se movimentaram: após registrar a cotação máxima de R$5,5916 (+0,48%) às 11h19, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,5523 (-0,23%) às 13h12.
No exterior, o dólar recuou ante uma cesta de divisas fortes e ante a maioria das demais moedas. Às 17h13, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,46%, a 97,400.
Pela manhã o Banco Central vendeu a oferta total de US$600 milhões em leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) para rolagem dos vencimentos de 4 de agosto.
O dia do Ibovespa
Não houve novidade para apoiar alguma expectativa de mudança no plano norte-americano de tarifar produtos brasileiros em 50% a partir de agosto, mantendo o apetite ao risco reduzido na bolsa paulista, em dia sem sinal único em Wall Street.
“O investidor está de olho ainda nos acontecimentos relacionados à guerra das tarifas”, afirmou o sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, acrescentando que ainda há um clima de indefinição sobre o tema globalmente.
Em Nova York, o S&P 500 fechou quase estável, com a safra de balanços dos EUA sob os holofotes, bem como possíveis reflexos na nova política comercial norte-americana.
A sessão ainda teve declarações de Trump de que o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, é um “idiota” que manteve as taxas de juros muito altas, mas que ele sairá em oito meses.
De acordo com o analista João Daronco, Suno Research, há também expectativa para a temporada de resultados das empresas brasileiras, que está começando, o que pode explicar uma certa volatilidade em alguns papéis.
No final da tarde, o governo federal apontou necessidade de uma contenção de R$10,7 bilhões nos gastos dos ministérios para cumprir regras fiscais, valor menor do que os R$31,3 bilhões apontados em maio diante de uma melhora de receitas.
DESTAQUES
– VALE ON subiu 2,59% antes de dados de produção e vendas do segundo trimestre da mineradora que serão conhecidos após o fechamento da B3. A valorização foi endossada pelo avanço dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em alta de 2,49%.
– USIMINAS PNA valorizou-se 5,99%, em sessão positiva para o setor como um todo e tendo no radar o balanço do segundo trimestre na próxima sexta-feira. CSN ON terminou em alta de 7,13% e GERDAU PN fechou com elevação de 1,74%.
– PETROBRAS PN encerrou em alta de 0,97%, mesmo com declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent caiu 0,9%. Analistas do JPMorgan afirmaram em relatório que a companhia deve mostrar produção recorde no segundo trimestre. Os dados sairão na próxima semana.
– ITAÚ UNIBANCO PN recuou 1,35%, sem um viés único entre os bancos do Ibovespa. BRADESCO PN e BTG PACTUAL UNIT cederam 0,32% e 0,3%, respectivamente. BANCO DO BRASIL ON subiu 0,15% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou com variação positiva de 0,61%.
– VIVARA ON caiu 3,54% após duas altas seguidas, em que somou um ganho de quase 2%. Na última sexta-feira, após o fechamento do mercado, a rede de joalherias anunciou a renúncia de Nelson Kaufman ao cargo de presidente do conselho de administração e nomeação de Marina Kaufman para o assento.
– COPEL PNB recuou 1,76%, tendo como pano de fundo dados operacionais do segundo trimestre mostrando que o consumo de energia elétrica no mercado fio da Copel Distribuição caiu 0,7% em comparação com o mesmo período do ano passado. O índice do setor elétrico na B3 perdeu 0,7%.
– TOTVS ON caiu 1,07%, após anunciar nesta terça-feira a aquisição da produtora de software Linx, controlada pela StoneCo, por R$3 bilhões. Em Nova York, onde é listada, a STONECO, que também vendeu a SimplesVet para PetLove, fechou em alta de 4,08%.
– FLEURY ON fechou em queda de 0,83%, em sessão marcada por ajustes após disparar 15% na véspera depois de reportagens sobre negociações da empresa de diagnósticos médicos com a rede de hospitais Rede D’Or para unificar os negócios. REDE D’OR ON cedeu 0,91%.
– EMBRAER caiu 0,68%, após a fabricante de aviões divulgar na noite da véspera que sua carteira de pedidos alcançou US$29,7 bilhões ao final do segundo trimestre, maior nível já registrado pela empresa, representando um crescimento de 40% ante o mesmo período do ano anterior.