25/03/2025 - 17:22
O dólar interrompeu uma sequência de altas e encerrou nesta terça-feira, 25, em queda no Brasil, mas ainda no patamar dos R$ 5,70, com as cotações reagindo à divulgação da ata do último encontro do Copom e ao recuo da moeda norte-americana também no exterior.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,78%, aos R$ 5,7081, após ter subido nas três sessões anteriores. No ano, a divisa dos EUA acumula queda de 7,62% ante o real. Veja cotações.
Às 17h06 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,88%, aos R$ 5,7180.
O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, mas distante da máxima da sessão, quando ultrapassou os 133 mil pontos pela primeira vez em quase seis meses, com Sabesp entre as maiores contribuições positivas, com avanço de mais de 3% após balanço e sinalização de economias de custo relevantes em 2025.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,57%, a 132.067,69 pontos, tendo alcançado 133.471,08 pontos na máxima e 131.325,36 pontos na mínima do dia. O volume financeiro no pregão somou R$ 19,7 bilhões.
O dólar no dia
No início do dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou a ata do encontro da semana passada, quando o colegiado subiu a taxa Selic em 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, sinalizando a intenção de promover novo aumento em maio — desta vez de menor intensidade.
No documento, o BC citou a elevada incerteza e reforçou que o ciclo de alta de juros não está encerrado. A ata pontuou ainda que “o cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos e exige uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”.
Para profissionais ouvidos pela Reuters, a ata foi “hawkish” (dura com a inflação), o que contribuiu para a queda do dólar ante o real.
“A ata pegou no câmbio, porque sugeriu continuidade da alta de juros e cortes da Selic não tão breves”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “O mercado desmontou posições defensivas no dólar e também houve fluxo de entrada de moeda”, acrescentou.
Na prática, uma Selic mais elevada, e por mais tempo, amplia o diferencial de juros do Brasil, o que favorece a entrada de dólares no país, pesando nas cotações.
Além do fator interno, o câmbio no Brasil era influenciado pela queda do dólar ante outras divisas no exterior.
“O DXY (índice do dólar) não caiu tão expressivamente hoje, mas caiu. De certo modo, esperávamos um cenário bem pior lá fora, mas o dólar tem sofrido forte desvalorização”, comentou Victor Furtado, head de Alocação da W1 Capital.
Neste cenário, após registrar a cotação máxima da sessão de R$ 5,7539 (+0,02%) às 9h01, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a mínima de R$ 5,6776 (-1,31%) às 12h06.
Durante a tarde a moeda norte-americana recuperou um pouco de força, para fechar pouco acima dos R$5,70.
Às 17h21, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,10%, a 104,200.
O dia do Ibovespa
De acordo com o analista-chefe da Levante Inside Corp, Eduardo Rahal, as ações brasileiras têm sido favorecidas pela continuidade do fluxo positivo de recursos para mercados emergentes, “sinalizando uma possível inflexão na percepção de risco”, com o Brasil sendo um dos principais beneficiários.
Ele acrescentou que, no ano até o dia 21 de março, o saldo de capital externo está positivo em R$11,7 bilhões na bolsa paulista, “sinalizando uma possível inflexão na percepção de risco para ativos de países emergentes, com o Brasil como um dos principais beneficiários”.
Em 2025, o Ibovespa já acumula uma valorização de quase 10%. Nesta sessão, na máxima, se aproximou ainda mais do recorde intradia de 137.469,26 pontos, registrado no final de agosto de 2024.
A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) também ocupou as atenções, com o Banco Central afirmando que optou em indicar apenas a direção do próximo movimento “diante da elevada incerteza”. O documento refere-se ao encontro da semana passada, quando a Selic foi elevada para 14,25%.
“Embora a ata indique a possibilidade de uma nova elevação da taxa Selic, o documento sugere que futuros aumentos serão de menor magnitude, trazendo alívio aos investidores”, disse o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.
Na mesma direção, Willian Queiroz, sócio e advisor da Blue3 Investimentos, destacou que o Copom traz alguns sinais sobre o fim do ciclo da alta de juros. “O mercado começa a entrar num consenso de uma Selic, de uma taxa terminal a 15%”, acrescentou.
DESTAQUES
– SABESP ON avançou 3,34%, após a maior companhia de saneamento básico da América Latina divulgar que o desempenho operacional medido pelo Ebitda ajustado nos três últimos meses do ano passado subiu 4,1% sobre um ano antes, para R$3 bilhões. O CEO estimou economias de custo “mensuráveis” em 2025 após adoção de modelo de orçamento base zero.
– VAMOS ON disparou 15,62%, em meio à análise do resultado do grupo de locação de veículos pesados no último trimestre do ano passado, com lucro líquido de R$213 milhões, acima de previsões no mercado. O Ebitda somou R$882,4 milhões, expansão de 27,6% na comparação com um ano antes. A Vamos também estimou investimento líquido de R$2,1 bilhões em 2025.
– HAPVIDA ON fechou em alta de 7,21%, buscando uma trégua após fechar em baixa nos últimos quatro pregões, período em que acumulou declínio de quase 12%. A operadora de saúde disse na véspera que fundos e investidores não residentes geridos pela Squadra Investimentos compraram ações da companhia, chegando a uma participação de aproximadamente 5,15%.
– MAGAZINE LUIZA ON subiu 2,45%, ampliando a valorização no ano para mais de 60%, um dia após o conselho de administração da varejista aprovar proposta de distribuição de dividendos intermediários no montante líquido de R$225 milhões. A proposta será votada por acionistas em assembleia geral extraordinária no próximo dia 24 de abril.
– BRADESCO PN valorizou-se 1,66%, em dia positivo para o setor. Executivos do banco reforçaram o guidance de 2025 em reunião com analistas do Safra e, conforme relatório, trouxeram mais detalhes sobre as partes móveis do crescimento mais forte da receita implícita nas previsões, principalmente um ambiente mais favorável para repasse de spreads e otimização de funding.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,81%, enquanto BANCO DO BRASIL ON fechou em alta de 0,39% e SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 1,27%.
– VALE ON fechou com acréscimo de 0,33%, tendo como pano de fundo a alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em alta de 0,65%. A mineradora também anunciou que a sua subsidiária Vale Overseas Limited recomprou US$323,96 milhões em bonds com vencimento em 2034, 2039 e 2036.
– PETROBRAS PN subiu 0,79%, com o noticiário trazendo anúncio da companhia de que identificou a presença de hidrocarbonetos no pré-sal da Bacia de Campos, em poço exploratório no bloco Norte de Brava, localizado a 105 km da costa do Estado do Rio de Janeiro. No exterior, o barril de petróleo Brent fechou praticamente estável.
– EMBRAER ON caiu 2,12%, em mais um dia de realização de lucros, após renovar máximas na semana passada. Analistas do BTG Pactual afirmaram que têm recebido vários questionamentos sobre o potencial impacto do aumento de tarifas de importação dos EUA, mas ressaltaram que o efeito líquido de aumento de tarifa na Embraer seria limitado.
– SÃO MARTINHO ON recuou 1,67%, no quarto pregão seguido no vermelho. Na véspera, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgou que o preço médio do etanol nas usinas de São Paulo registrou a terceira queda semanal consecutiva, com usinas buscando escoar os estoques antes do início oficial da temporada 2025/26, em abril.
– CAIXA SEGURIDADE ON fechou em baixa de 1,33%, tendo no radar relatório de analistas do Citi cortando a recomendação das ações para “neutra”, após revisão das perspectivas para o setor de seguros, e reduzindo o preço-alvo a R$15,50, de R$18 anteriormente.