27/10/2025 - 11:04
Refletindo o avanço nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, com encontro de Lula e Trump, o dólar opera em queda se aproximando dos R$ 5,35 e o Ibovespa renova recordes aos 147 mil pontos.
+Trump afirma que EUA e China devem chegar a um acordo em breve
Às 10h50, o dólar à vista caía 0,40%, a R$ 5,37 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento cedia 0,38%, a R$ 5,3750.
A cotação do Ibovespa, por sua vez, marca 147.231,70 pontos. Na abertura o índice chegou a operar a 147.976,99 pontos, na sua máxima do intradia.
No domingo, Lula e Trump se encontraram na Malásia para discutir a agenda comercial e econômica entre os dois países. Lula pediu a Trump que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros seja suspensa durante o processo de negociação entre os países, conforme relato do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, não foi mencionado na conversa, de acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa.
Em entrevista coletiva já após o encontro, Lula afirmou que Trump “garantiu” que os dois países chegarão a um acordo sobre comércio.
O presidente norte-americano, por sua vez, após deixar a Malásia, disse que teve uma “boa reunião” com Lula, a quem descreveu como “um cara bastante enérgico”, mas estava incerto sobre as perspectivas de um acordo. “Não sei se algo vai acontecer, mas veremos”, disse a repórteres a bordo do avião presidencial Força Aérea Um.
O encontro entre os dois presidentes contribui para reduzir um pouco mais as tensões entre Brasil e Estados Unidos, que em meses anteriores deram suporte ao dólar ante o real.
Atuação do BC e cenário externo influenciam movimento do dólar
No exterior, o dia também é de queda para o dólar ante a maior parte das demais divisas, com investidores à espera da decisão sobre juros do Federal Reserve, na próxima quarta-feira. Às 10h18 o índice do dólar — que mede a variação da moeda ante uma cesta de divisas fortes — cedia 0,10%, a 98,826.
Nesta manhã, o Banco Central do Brasil vendeu em duas operações simultâneas US$1 bilhão no mercado à vista e 20.000 contratos de swap cambial reverso, também no valor de US$1 bilhão.
As duas operações simultâneas – conhecidas como ‘casadão’ – têm efeito nulo em termos de exposição cambial, já que o BC vende dólares no mercado à vista numa ponta e, em outra ponta, compra dólares no mercado futuro (por meio do swap reverso). Ao fazer isso, o BC melhora a liquidez no mercado à vista, sem influenciar as cotações.
Às 11h30, o BC fará leilão de 49.000 contratos de swap cambial tradicional, para rolagem do vencimento de 3 de novembro. Na sexta-feira o dólar à vista fechou com alta de 0,14%, aos R$5,3930.
A taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,075%, ante ajuste de 13,09% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,485%, ante o ajuste de 13,509%. O rendimento do Treasury de dez anos — referência global de investimentos — subia para 4,0199%, ante 3,997% da sexta-feira.
No início do dia o Focus mostrou que a mediana das expectativas dos economistas do mercado para a inflação em 2025 foi de 4,70% para 4,56% e em 2026 passou de 4,27% para 4,20%.
A meta contínua de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (inflação de até 4,5%). Na prática, o Focus indicou que a expectativa de inflação para este ano está levemente acima do teto da meta, mas para o ano que vem ela já se comporta dentro da margem de tolerância.
Novo corte de juros pelo Fed no radar
Os principais índices de Wall Street abriram em máximas de olho trégua comercial entre EUA e China e também com o provável corte na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) no radar.
No domingo, as principais autoridades econômicas chinesas e norte-americanas definiram a estrutura de um acordo comercial para Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, decidirem no final desta semana. “Acho que chegaremos a um acordo”, disse Trump aos repórteres no avião presidencial Força Aérea Um.
Em relação ao Fed, a expectativa é de um corte de 0,25 ponto percentual pela segunda vez neste ano, conforme buscam evitar uma maior desaceleração do mercado de trabalho – e é provável que essa não seja a última da série.
O aumento dos pedidos de auxílio-desemprego sugere que a demanda do mercado de trabalho continua a esfriar, mesmo com a paralisação do governo atrasando a publicação da maioria das estatísticas econômicas oficiais, incluindo a taxa de desemprego, estimada pela última vez em 4,3% em agosto.
Leituras de inflação mais fracas do que o esperado, incluindo o relatório da semana passada que mostrou que o índice de preços ao consumidor subiu 3% nos 12 meses até setembro, colocaram em segundo plano as preocupações com as pressões de preços impulsionadas pelas tarifas.
Um corte de 0,25 ponto nos juros na quarta-feira, no encerramento da reunião de dois dias do Fed, colocará a taxa de na faixa de 3,75% a 4,00%. Os mercados financeiros estão apostando fortemente em novos cortes em dezembro e janeiro.
De acordo com analistas do BB Investimentos, o desfecho da reunião de política monetária do banco central norte-americano é o “evento mais importante para balizar o apetite a risco dos mercados globalmente”.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) só volta a se reunir no dia 5 de novembro.
Ibovespa renova máxima
O Ibovespa avança renovando máxima histórica e encostando nos 148 mil pontos, endossado pelo viés positivo no exterior e nova melhora nas projeções de inflação no Brasil, enquanto MBRF subia mais de 5% após acordo com fundo soberano da Arábia Saudita.
Por volta de 11h10, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,61%, a 147.060,12 pontos, tendo marcado 147.942,66 pontos na máxima até o momento.
O volume financeiro no pregão desta segunda-feira somava R$3,68 bilhões.
A pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira mostrou nova queda nas previsões no mercado para o IPCA em 2025 e 2026, com a mediana das estimativas para este ano recuando para 4,56% e aproximando-se do teto da meta de inflação buscada pelo Banco Central.
Destaques
MBRF ON saltava 7,12%, após sua subsidiária integral BRF GmbH assinar contrato de investimento com a Halal Products Development Company (HPDC), uma subsidiária integral do fundo soberano da Arábia Saudita denominado PIF. A transação marca o primeiro passo para a realização de um IPO da BRF Arabia a partir de 2027. Até a última sexta-feira, os papéis acumulavam um declínio de quase 23% em outubro.
Usiminas (USIM5) subia 6,68%, ampliando a recuperação após forte queda durante o pregão da sexta-feira, em meio à repercussão do balanço do terceiro trimestre. No pior momento do dia, a ação chegou a cair mais de 8%, a R$4,56, mas fechou a sessão com declínio de 0,6%, a R$4,94. Em teleconferência, executivos da siderúrgica afirmaram que a Usiminas avalia pagar dividendo este ano.
Magazine Luiza (MGLU3) valorizava-se 3,34%, em meio a oscilações brandas nas taxas dos contratos de DI, o que favorecia papéis de empresas sensíveis a juros. Natura (NTCO3) avançava 1,37%, Localiza (RENT3) mostrava acréscimo de 2,92% e Azzas 2154 (AZZA3) tinha elevação de 1,57%, também entre as maiores altas. O índice de consumo da B3 apurava alta de 1,06%.
Raízen (RAIZ4) caía 4,12%, após dois dias de alta, sem novidades sobre planos envolvendo o endividamento da joint venture entre Cosan e Shell. Cosan (CSAN3) recuava 1,33%.
Minerva (BEEF3) recuava 0,99%, no segundo pregão seguido de queda, após uma sequência de oito pregões de alta, período em que acumulou valorização de quase 10%. Na última quinta-feira, o fôlego do papel teve suporte em decisão dos EUA de quadruplicar a cota tarifária da carne bovina da Argentina, país onde a Minerva, maior exportadora de carne bovina in natura e seus derivados da América do Sul, tem seis plantas.
Banco do Brasil (BBAS3) valorizava-se 0,83%, em dia positivo entre os bancos do Ibovespa, com Itaú Unibanco (ITUB4) em alta de 0,92%, Bradesco (BBDC4) com ganho de 1,11% e Santander Brasil (SANB11) com acréscimo de 0,52%. Bradesco e Santander divulgam na quarta-feira seus resultados do terceiro trimestre. BTG Pactual (BPAC11) subia 0,71%, tendo no radar decisão de entrar em adquirência.
Petrobras (PETR4) cedia 0,3%, em sessão de variações modestas dos preços do petróleo no exterior e com dados de produção e vendas da petroleira no terceiro trimestre também no radar. A estatal disse que a sua produção de petróleo no Brasil cresceu 18,4%, permitindo um recorde de exportações da commodity pela estatal. Analistas da XP cortaram o preço-alvo das ações de R$47 para R$37, com manutenção de compra.
Vale (VALE3) avançava 0,23%, tendo como pano de fundo a alta dos futuros do minério de ferro na China, em meio à percepção no mercado de diminuição das tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos, as duas maiores economias do mundo, que superou as preocupações com a demanda no principal consumidor. O contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 1,94%.
