*Errata: uma primeira versão deste texto informava um valor incorreto da cotação do dólar. A informação foi corrigida. 

O dólar voltou a ceder ante o real nesta quarta-feira, 2, e encerrou a sessão no menor valor desde agosto do ano passado, retomando o movimento mais recente de baixas em meio à derrubada do decreto do IOF no Congresso e ao ambiente de juros elevados no Brasil.

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A moeda norte-americana à vista fechou com baixa de 0,77%, aos R$ 5,4191, na menor cotação desde 19 de agosto do ano passado, quando encerrou aos R$ 5,4134. Em 2025, a divisa acumula baixa de 12,30%.

Às 17h04 na B3 o dólar para agosto — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,63%, aos R$ 5,4585. Veja cotações.

O Ibovespa fechou com uma queda modesta nesta quarta, após superar os 140 mil pontos na primeira etapa do pregão, em dia marcado por performance robusta de Vale e Petrobras, enquanto empresas sensíveis à economia brasileira ocuparam a coluna negativa na esteira da alta nas taxas dos DIs.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, O Ibovespa cedeu 0,36%, a 139.050,93 pontos, após marcar 140.048,83 pontos na máxima do dia, perto do topo histórico intradia de 140.381,93 pontos. Na mínima, recuou a 138.383,54 pontos. O volume financeiro somou R$ 24,02 bilhões.

O dólar no dia

No início do dia, o dólar chegou a oscilar acima dos R$ 5,50, em sintonia com o avanço firme da moeda norte-americana ante várias divisas no exterior. Mas ainda pela manhã a divisa foi perdendo força até se firmar no território negativo, acompanhando certa perda de fôlego do dólar também no exterior.

Internamente, ainda repercutia no mercado a derrubada do decreto de elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no Congresso, na quarta-feira da semana passada. Desde então, a cotação do dólar já cedeu 14 centavos de real, com os agentes permanecendo atentos aos desdobramentos da questão em Brasília.

Um dia após a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU) de ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para defender o decreto que elevava as alíquotas do IOF, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que as discussões sobre o tema não são políticas, mas jurídicas.

O recuo do dólar ante o real também era justificado pela leitura de que o país, com uma taxa básica Selic de 15%, segue atrativo ao capital externo, ainda mais com a perspectiva de que o Federal Reserve possa começar a cortar os juros nos EUA no curto prazo.

No início do dia, o Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrou que foram perdidas 33.000 vagas de emprego no setor privado dos EUA no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 95.000 empregos. Naquele momento, os números reforçaram as apostas de que o Fed iniciará o processo de corte de juros já no fim de julho.

Neste cenário, após marcar a cotação máxima de R$ 5,5070 (+0,84%) às 9h13, pouco depois da abertura, o dólar à vista cedeu à mínima de R$ 5,4155 (-0,83%) às 16h46, já na reta final da sessão.

Durante evento do Citi em São Paulo no meio do dia, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse que “onde o câmbio vai parar” tem muito mais a ver com o comportamento do dólar no mundo do que com o desempenho do real.

David afirmou que o BC não interveio na moeda neste ano e não vai intervir se não for necessário. Segundo ele, atuações cambiais da autarquia buscam corrigir disfuncionalidades e não têm relação com preço.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 3,711 bilhões em junho até o dia 27.

Pela manhã, em sua operação diária de rolagem, o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional.

Às 17h27, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,15%, a 96,787.

O dia do Ibovespa

Na visão do analista Leandro Ormond, da Aware Investments, há um aumento na aversão a risco, que no Brasil está relacionado ao clima político ainda conturbado, com impasses entre governo e Congresso sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que adicionou incertezas aos mercados.

No exterior, Wall Street fechou com o S&P 500 e o Nasdaq em alta, mas o Dow Jones ficou quase estável, com as atenções voltadas a dados da ADP sobre a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos antes do relatório do governo sobre aquele mercado de trabalho, na quinta-feira.

DESTAQUES

– VALE ON avançou 3,64%, favorecida pela alta dos preços futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 1,69%. A Vale também divulgou redução de sua estimativa de produção de aglomerados de minério de ferro em 2025.

– CSN ON valorizou-se 6,13%, acompanhando o desempenho mais positivo do setor no exterior após a Associação de Ferro e Aço da China propor restringir as exportações de determinados produtos siderúrgicos. USIMINAS PN fechou em alta de 5,37%, GERDAU PN encerrou com acréscimo de 3,13% e CSN MINERAÇÃO ON ganhou 1,82%.

– PETROBRAS PN subiu 1,78%, endossada pelo avanço dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou com elevação de 2,98%. Analistas do JPMorgan também elevaram suas previsões para o Ebitda ajustado da Petrobras em 2025 de US$41,383 bilhões para US$41,537 bilhões para refletir os preços do petróleo no segundo trimestre do ano.

– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,81%, BRADESCO PN recuou 1,82% e SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 3%. BANCO DO BRASIL ON reagiu e subiu 0,37%. Também no Ibovespa, BTG PACTUAL UNIT fechou o dia com declínio de 3,1%.

– SABESP ON perdeu 4,41%, exercendo uma pressão relevante no Ibovespa com ajustes após duas altas seguidas, período em que contabilizou uma valorização de 4,77%, tendo renovado na véspera máximas históricas.

– LOCALIZA ON recuou 5,76%, após três altas seguidas, acompanhando o viés mais negativo de papéis “domésticos”. O conselho de administração da empresa de locação de veículos e gestão de frotas também aprovou na véspera submissão a acionistas em assembleia em 1º de agosto de 2025 do plano de incorporação da sua subsidiária Locamerica.

– ASSAÍ ON desabou 7,52%, alinhada ao movimento das ações de empresas com foco na economia local, enquanto GPA ON avançou 0,32%. O índice de consumo da B3, que inclui papéis de companhias de setores de consumo cíclico, consumo não cíclico e saúde, encerrou o dia em baixa de 2,35%. MAGAZINE LUIZA ON perdeu 6,59%.

– NATURA cedeu 5,65%, no primeiro pregão sob o novo código após consumação da incorporação da Natura&Co pela Natura Cosméticos.