04/08/2025 - 17:18
O dólar à vista fechou em baixa ante o real nesta segunda-feira, recuando pela segunda sessão seguida diante da perspectiva de retomada do afrouxamento monetário pelo Federal Reserve e na esteira da recuperação de ativos brasileiros depois das perdas acumuladas com a ação tarifária dos Estados Unidos sobre o Brasil.
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O dólar à vista fechou em baixa de 0,69%, a R$5,5070.
Às 17h18, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,61%, a R$5,545 reais na venda.
Os movimentos do real nesta sessão tiveram como pano de fundo as perdas da moeda norte-americana ante divisas emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno, uma vez que os mercados continuaram repercutindo um relatório de emprego fraco dos Estados Unidos na semana passada.
Os números de sexta-feira mostraram que os empregadores dos EUA criaram bem menos postos de trabalho do que o esperado em julho, enquanto os resultados dos dois meses anteriores foram revisados de forma acentuada para baixo, sugerindo perda na resiliência do mercado de trabalho.
Com isso, operadores têm reavaliado as apostas sobre os próximos movimentos do banco central dos EUA, projetando agora mais de 90% de chance de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros já na próxima reunião, em setembro. Outra redução até dezembro está totalmente precificada.
Juros mais baixos nos EUA tendem a derrubar os rendimentos dos Treasuries, o que, em consequência, pressiona o dólar nos mercados globais. No Brasil, a divisa norte-americana já tinha fechado a sexta-feira em baixa de 0,98%, a R$5,5453.
“O ambiente externo começa a semana menos tenso, mas ainda instável. O dólar segue oscilando diante da perspectiva de cortes de juros nos EUA, enquanto o real continua vulnerável também às incertezas internas”, disse Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T XP.
“Para o Brasil, previsibilidade fiscal e estabilidade institucional serão determinantes para sustentar a confiança dos investidores e evitar novas pressões sobre ativos locais”, completou.
O índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,04%, a 98,704.
No cenário doméstico, o mercado também tem se mostrado um pouco mais aliviado com o atual panorama das tensões comerciais entre Brasil e EUA, depois que o presidente Donald Trump oficializou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, mas excluiu uma série de produtos da taxa.
Essa perspectiva mais positiva tem ajudado ativos brasileiros a recuperar as fortes perdas acumuladas ao longo de julho, principalmente nos dias em que parecia que a ameaça tarifária de Trump iria ser estendida à toda a pauta de exportação brasileira.
Somente em julho, o dólar subiu 3% ante o real.
No entanto, ainda prevalece um sentimento de cautela, enquanto o governo brasileiro busca negociar para que outros produtos recebem isenção da taxa punitiva.
Diante desses dois fatores favoráveis à moeda brasileira, o dólar atingiu a mínima desta sessão, a R$5,4957 (-0,89%), às 11h36. A máxima do dia, a R$5,54285 (-0,04%), foi atingida minutos após a abertura.
Mais cedo, o Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025.
Ibovespa fecha em alta com RD Saúde e reação do Banco do Brasil
O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, mas em pregão com volume financeiro reduzido, tendo RD Saúde entre os destaques positivos em semana de divulgação de balanço, assim como Banco do Brasil, que reagiu após tombo na sexta-feira com receios sobre o resultado do segundo trimestre.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,4%, a 132.971,20 pontos, tendo marcado 133.928,94 pontos na máxima e 132.439,54 pontos na mínima. O volume financeiro somou R$15,22 bilhões, bem abaixo da média diária do ano de R$24,1 bilhões.
A bolsa de valores descolou da performance mais robusta nos pregões norte-americanos, onde o S&P 500 fechou o dia com elevação de 1,47%, refletindo busca por pechinchas após queda mais forte na sessão anterior e aumento de apostas em um corte na taxa de juros dos Estados Unidos em setembro.
Investidores na B3 têm no radar uma bateria de balanços nos próximos dias, entre eles os resultados de Itaú e Petrobras, enquanto continuam acompanhando as tratativas comerciais entre Brasil e Estados Unidos, com a nova tarifa norte-americana para vários produtos brasileiros entrando em vigor nesta semana.
“Para nós, o case do Brasil continua positivo, já que os principais catalisadores permanecem: cortes de juros e eleições”, afirmou Emy Shayo, cochefe de estratégia em ações para mercados emergentes e chefe de estratégia para América Latina e Brasil.
“Acreditamos que a recente performance abaixo do esperado foi exagerada, embora existam três bons motivos para isso: tarifas, China e resultados corporativos”, acrescentou em relatório a clientes nesta segunda-feira, assinado também por Cinthya Mizuguchi.
Ponderando que agosto provavelmente não deve trazer muito alívio, considerando as férias de verão no hemisfério norte, Shayo chamou a atenção para compras na baixa conforme a questão das tarifas se estabiliza, o ciclo de afrouxamento monetário se aproxima e fluxos para mercados emergentes impulsionam o Brasil.
“Seguimos acreditando que o mercado brasileiro tem um piso, sustentado pelos catalisadores de médio prazo — juros e eleições –, e estamos muito próximos ou já nesse patamar.”
Destaques do Ibovespa
RD Saúde (RADL3) disparou 8,54%, no segundo pregão de alta, após tocar uma mínima desde meados de 2019 na quinta-feira. A dona das redes de farmácias Raia e Drogasil divulga o resultado do segundo trimestre na terça-feira e, de acordo com analistas do Citi em relatório a clientes, deve mostrar números “melhores do que o temido”.
Banco do Brasil (BBAS3) subiu 2,02%, em dia positivo no setor, buscando recuperar parte das perdas da sexta-feira, quando o papel desabou quase 7% por receios sobre o resultado do banco no segundo trimestre, que será divulgado no próximo dia 14. Analistas chamaram a atenção para números do Banco Central sinalizando um lucro muito menor do que o previsto no mercado.
BRF (BRFS3) caiu 3,2%, após a maioria dos acionistas minoritários aprovar a fusão com a Marfrig, enquanto despacho do órgão antitruste Cade determinou a conversão do ato de concentração envolvendo negócio de sumário para ordinário, após recurso da Minerva. Na terça-feira, BRF e Marfrig realizam assembleias sobre o acordo. Marfrig (MRFG3) recuou 0,42%.
Suzano (SUZB3) recuou 1,87%, no terceiro pregão seguido no vermelho. A equipe da Ágora Investimentos chamou a atenção para notícia da agência RISI sobre atrasos no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que poderiam impactar negativamente os volumes domésticos de papel da empresa. No setor, Klabin (KLBN11) perdeu 0,33%.
Itaú Unibanco (ITUB4) valorizou-se 1,06%, com balanço no dia 5, após o fechamento, também no radar. Diferentemente do BB, de acordo com analistas, dados de maio sobre os bancos mostram o Itaú como destaque positivo. Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11), que já mostraram seus números, subiram 0,75% e 2,05%, respectivamente.
Petrobras (PETR4) cedeu 0,16%, enfraquecida pelo declínio dos preços do petróleo no mercado internacional, com o barril do Brent fechando em baixa de 1,31%. Ainda no setor, Brava Energia (BRAV3), que também divulgou dados de produção de julho, perdeu 1,08%, Prio (PRIO3) caiu 1,24% e PetroReconcavo (RECV3) recuou 1,2%.
Vale (VALE3) avançou 0,8%, em meio à alta dos futuros do minério de ferro no exterior, refletindo a demanda firme de curto prazo, queda dos estoques portuários e margens saudáveis do setor siderúrgico na China. O contrato mais negociado na chinesa Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,76%.
Gerdau (GGBR4) subiu 1,12%, recuperando-se após duas quedas seguidas, sendo que apenas na sexta-feira os papéis caíram 4,69%. Analistas do UBS BB reiteraram recomendação de compra e preço-alvo de R$22 para as ações, bem como reafirmaram que são sua principal escolha no universo de cobertura de “materials” na América Latina.
Cogna (COGN3) caiu 1,44%, em semana com divulgação do balanço (dia 6). A companhia de educação divulgou mais cedo que seu conselho de administração aprovou a renúncia de Luiz Alves Paes de Barros como membro do colegiado, citando questões pessoais. Luiz Alves é sócio-fundador da gestora Alaska, que detém 15,9% da Cogna. No setor, Yduqs (YDUQ3) cedeu 2,54%.