06/06/2025 - 17:39
Mesmo com o avanço firme do dólar no exterior, a moeda norte-americana fechou nesta sexta-feira, 6, em baixa no Brasil, na menor cotação em oito meses, em meio à expectativa pelo pacote de medidas fiscais do governo Lula, que pode substituir a alta do IOF.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,30%, aos R$ 5,5701 — menor valor de fechamento desde 8 de outubro do ano passado, quando encerrou em R$ 5,5334. Na semana, a divisa acumulou baixa de 2,63% e, no ano, recuo de 9,85%.
Às 17h07, na B3 o dólar para julho — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,34%, aos R$ 5,5935.
Já o Ibovespa fechou praticamente estável nesta sexta-feira, descolado de Wall Street, refletindo reprecificação de apostas em relação aos próximos movimentos da taxa Selic e certo ceticismo com medidas fiscais sinalizadas para a próxima semana.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa terminou com decréscimo de 0,08%, a 136.131,96 pontos, segundo preliminares, tendo marcado 135.600,86 pontos na mínima e 136.889,88 pontos na máxima do dia. Na semana, contabilizou uma perda de 0,65%.
O volume financeiro nesta sexta-feira somava R$ 18,8 bilhões antes dos ajustes finais.
O dólar no dia
Pela manhã, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que foram criadas 139.000 vagas no país no mês passado, após 147.000 em dado revisado para baixo em abril. O resultado ficou acima dos 130.000 postos projetados por economistas consultados pela Reuters. As estimativas variavam de 75.000 a 190.000 empregos. A taxa de desemprego nos EUA permaneceu em 4,2% pelo terceiro mês consecutivo.
O resultado acima do esperado do relatório de empregos payroll deu força às apostas de que o Federal Reserve não terá tanto espaço para cortar juros no curto prazo, o que fez os rendimentos dos Treasuries subirem e o dólar ganhar força ante a maioria das demais divisas.
No Brasil, o dólar à vista marcou a cotação máxima de R$ 5,6191 (+0,57%) às 12h16, acompanhando o exterior, mas ao longo da tarde ele se descolou, migrando para o território negativo ante o real.
Por trás do movimento estava a expectativa de que o governo Lula possa anunciar nos próximos dias medidas fiscais estruturais, em substituição ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre várias operações, adotado recentemente.
“O dólar chegou a subir um pouco no Brasil após o payroll, que veio forte, mas à tarde veio abaixo. Entre a valorização do dólar lá fora e o bom humor com a história do IOF, a cotação caiu”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Na quinta-feira a Reuters informou que o governo federal deve encampar um projeto de lei complementar que prevê um corte de 10% em benefícios tributários, como principal medida para substituir IOF. A proposta permitiria um aumento de arrecadação de R$40 bilhões este ano e mais R$40 bilhões no ano que vem, o que ultrapassaria a necessidade de recursos para 2025.
Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que, em tese, o corte de benefícios fiscais, se confirmado, tende a ser mais bem recebido pelo mercado que a iniciativa anterior do governo, de elevar o IOF.
No fim de semana a equipe econômica deve apresentar a lideranças partidárias em Brasília o pacote de propostas para equilibrar as contas públicas.
Em meio à expectativa pelo pacote, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de R$5,5601 (-0,48%) às 16h31, já na reta final dos negócios. O recuo esteve em sintonia com a baixa das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), que também se descolaram da influência dos Treasuries.
O recuo seguia contrastando com o exterior, onde a divisa dos EUA sustentava ganhos. Às 17h24, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,52%, a 99,189.
Pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025.